A Digestão Lenta da Raça Humana
(Crônica)
Há quem chame de literatura. Outros, de delírio. Eu prefiro chamar de vômito. Cronistas polidos jamais tocariam nessas vísceras, preferem o perfume da flor do que a podridão da raiz. Mas aqui, caro leitor, ofereço exatamente o que te fará arder: crônicas desagradáveis, poemas marginais, blasfêmias embrulhadas em papel de pão, aforismos malditos cuspidos entre dentes podres. Tudo o que a moral engole seco, o que a fé esconde sob o tapete da culpa.
São pensamentos em atrito, faíscas no crânio, estalos na alma. Um incômodo visceral que abafa os gritos da lucidez.
Quem grita hoje? Quem escuta? Nem os deuses, surdos, aposentados, ou talvez mortos - dão ouvidos às orações que se espremem entre dentes roídos e barrigas vazias.
Vivemos tempos de calmaria nauseante, onde as respostas são tão atrozes quanto as perguntas. A paz é um cárcere, o silêncio uma sentença. O sagrado virou meme, a esperança um parasita. Clamores jamais chegaram aos céus. Sequer subiram os primeiros degraus do abandono. Foram engolidos por ratazanas místicas e lacraias de altar.
A sorte, coitada, tropeçou nos próprios cordões e caiu de cara na sarjeta fétida. Gerou tragédias como se parisse espinhos — sangrando e rindo. O mal? Ah, o mal… deixou de se esconder. Hoje desfila nu, cheiroso, aplaudido por uma plateia adestrada. E a humanidade, minha cara humanidade, ensaia suas demências como quem ensaia um espetáculo grotesco diante do espelho rachado do tempo que jamais retorna.
A espécie humana fede.
Fede a si mesma. E fede por dentro.
Ao som de Toxic Holocaust em Maio de 2025.
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