Metal Reunion Zine

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

FALLEN IDOL - Entrevista


A banda Fallen Idol, praticante do puro Doom Metal, com influências nítidas de bandas como Solitude Aeturnus, Candlemass e, claro, Black Sabbath, está na ativa desde 2012, porém com lançamentos que foram, inicialmente, lançados de forma digital. Talvez, por isso, o nome não foi muito difundido, o que vem mudando, haja vista que seus lançamentos, ao menos os dois últimos, foram lançados fisicamente, além de a banda ter lançado, recentemente, dois tributos. A banda é composta, desde a sua origem, por Márcio Silva (baixo), Ulisses Campos (bateria) e Rodrigo Sitta (guitarra/vocal), e já informa que, mesmo com os problemas causados pela pandemia, trabalha em novas músicas que farão parte de um novo álbum de estúdio.

Metal Reunion Zine– A Fallen Idol surgiu em 2012, lançou três discos, mas confesso que só tive envolvimento com a sua música com o seu mais recente lançamento: o fantástico “Mourn the Earth”. Posteriormente consegui o segundo disco, “Seasons of Grief”. Porém, eu acho, o primeiro álbum foi lançado apenas digitalmente. De qualquer forma, o que falta para que o nome Fallen Idol seja mais difundido?
Márcio Silva - Antes de qualquer coisa, muito obrigado pelo espaço! Ficamos felizes por gostar e ter os CDs, muito obrigado! Respondendo sua pergunta: acredito que vários fatores somados; faltam turnês; apresentações mais “longe de casa”... Não adianta esperar que as pessoas conheçam nosso trabalho apenas pela internet, pois são muitos lançamentos inundando o mercado, tanta coisa que fica difícil filtrar. Eu passo por isso, sei como é.

Metal Reunion Zine– Já que os discos mais recentes foram lançados fisicamente, o ‘debut’ álbum, homônimo, também tem previsão de lançamento físico?
Márcio - Não há previsão, embora alguns selos envolvidos no lançamento do “Mourn the Earth” tenham se animado a fazer esse lançamento. A questão é que hoje em dia encaramos aquele trabalho mais como uma Demo. Ele é muito rústico e mal gravado. Pensamos em regravá-lo e, aí sim, fazer o lançamento apropriado, talvez até com a gravação tosca como bônus, até para evitar as reclamações de quem prefere do jeito que está. Mas, até aqui, são apenas planos.

Metal Reunion Zine– Falando no primeiro álbum, nele a sonoridade da banda ainda não está bem definida. Já nos álbuns seguintes há uma evolução absurda e o que temos o prazer de ouvir é um magnífico Doom Metal, com pequenas nuances de Heavy Metal em alguns andamentos. Certamente é uma musicalidade que agrada em cheio os fãs do estilo e de nomes como Candlemass e Solitude Aeturnus. O tipo de público do Fallen Idol é esse mesmo ou há maior diversificação de ouvintes?
Márcio - Obrigado pelas palavras! Claro que a princípio acabamos atingindo o público que gosta de Doom Metal e das bandas que você citou, mas o mais legal é atingir o maior número de pessoas possível. Fazemos Heavy Metal para fãs de Heavy Metal e eu particularmente odeio essa coisa de rotular e encaixotar o som de cada banda de modo que não se pode sair do seu ‘quadrado’. Também não me agrada essa segmentação, festivais de bandas de um estilo só (embora esses também sejam legais, eu sei), bandas que só tocam com bandas do mesmo estilo, sempre para os mesmos fãs do mesmo estilo. Eu sou a favor de tudo misturado e o único rótulo que me agrada é Heavy Metal.

Metal Reunion Zine– As linhas vocais são imponentes, limpas, algo que se fazia no estilo lá no início. Eu, particularmente, gosto bastante desse tipo de vocalização no Doom Metal. O que os fez ter os vocais nessa linha e não algo mais grave ou gutural?
Márcio - Nunca cogitamos soar de forma diferente… Temos um vocalista com influências como Dio, Rob Halford, Ian Gillan, Dee Snider, entre outros, então não tinha como ser diferente. Ainda assim, ouça nosso projeto paralelo, Blasphematorium, cujo CD saiu no ano passado e tem vocais muito diferentes do que se ouve no Fallen Idol.

Metal Reunion Zine– As músicas carregam andamentos lúgubres, desoladores – apesar de essa ou aquela passagem mais Heavy Metal... Bom exemplo disso é a música “Wait”, do mais recente álbum, que traz algo de Black Sabbath em seu andamento. Como são criados os andamentos musicais no Fallen Idol? Há algo do tipo: “isso encaixa no Fallen Idol. Isso aqui não”?
Márcio - Nada muito calculado, mas naturalmente fazemos da forma que gostamos mais e acaba saindo desse jeito. A música vem sempre em primeiro lugar, muito antes da preocupação em tentar soar desse ou daquele jeito.

Metal Reunion Zine– Com relação às letras, elas carregam algo em torno da morte, luto, suicídio... Mas qual a temática lírica principal que vocês se apegam ao começar a escrever uma música?
Márcio - Nas letras realmente não temos nenhum tipo de amarra. Elas podem falar sobre qualquer assunto. Embora a maior parte delas falem realmente de questões psicológicas e humanas, muitas vezes abordando os aspectos mais obscuros da mente humana - pois esse tema é bastante interessante. Realmente não existem regras ou tabus na concepção lírica.

Metal Reunion Zine– Talvez a música que mais destoa das demais, em “Mourn the Earth” – não por ser ruim, de forma alguma, mas por ter uma ‘levada’ mais veloz -, seja “Shattered Mirror”. Ter uma música assim foi algo planejado para não deixar o disco totalmente denso, arrastado?
Márcio - Bem, essa música realmente começa de forma bem veloz, mas do meio para frente cai num andamento que talvez seja um dos mais arrastados entre tudo o que já fizemos. É importante ter algum equilíbrio no disco, até para não parecer que a pessoa está ouvindo a mesma música, algo que nunca vamos permitir em um trabalho do Fallen Idol. Inclusive, no futuro pode esperar por músicas ainda mais rápidas.

Metal Reunion Zine– “The Secret Place” é uma música que é carregada de forte ‘feeling’. É tipo aquela música que te causa certo ‘transe’. Parece ser uma continuidade de “Lucidity”, que transmite o mesmo sentimento. Essas músicas se completam, musicalmente falando?
Márcio - Novamente muito obrigado! Interessante, nunca pensei nisso. O que posso afirmar é que não fizemos nada intencionalmente, até devido ao fato de que o Rodrigo trouxe a “Lucidity” e eu fiz a “Secret Place”. Então, se realmente elas dão essa impressão, foi sem querer.

Metal Reunion Zine– A arte da capa, como não poderia deixar de ser num lançamento do estilo, é bem carregada e transmite tristeza. Como foi concebida a capa de “Mourn the Earth” e o que realmente ela significa?
Márcio - Cesar Benatti é o nome do artista que fez as fotos, o design do encarte, a fonte utilizada nos textos e a arte da capa, sempre em conjunto com o Rodrigo. É uma capa muito bonita mesmo, com uma paleta de cores muito mais ampla que as artes usadas anteriormente. Acho que combina muito bem como o conteúdo do CD.

Metal Reunion Zine– Notei que o encarte, mais precisamente as letras, não seguem a ordem do ‘track list’. A que se deve isso?
Márcio - Isso é coisa de quem trabalha com design e não adianta discutir com esses caras. (risos) É bom para deixar o ouvinte atento.

Metal Reunion Zine– “Mourn the Earth” teve o apoio de diversos selos para o seu lançamento. Essa parceria vem gerando bons frutos, no que diz respeito à divulgação do álbum?
Márcio - Realmente é mais fácil achar o “Mourn the Earth” por aí do que o “Seasons of Grief”, que foi feito de forma totalmente independente. Ele foi muito mais bem divulgado e distribuído. Ficamos muito satisfeitos com isso.

Metal Reunion Zine– Após o lançamento de “Mourn the Earth”, a banda lançou dois EPs tributo. Um ao Cirith Ungol e outro ao Black Sabbath, ambos digitalmente. Mas, mesmo com essa pandemia que assola o mundo, o Fallen Idol já vem trabalhando em novas músicas?
Márcio - Sim! Já vínhamos trabalhando em músicas novas e temos uns 40% do novo disco já escrito. Nossa forma de composição não deve ser muito afetada pelo isolamento devido à COVID-19, mas, obviamente, afeta o desenvolvimento dos arranjos, as experimentações em estúdio, a lapidação das músicas mesmo, uma vez que não estamos nos encontrando. Com certeza vai demorar mais para podermos trabalhar de fato num disco novo, mas isso deve afetar a maior parte das bandas do mundo, bem como quase toda atividade humana.
Muito obrigado pelas perguntas e pelo espaço concedido!


Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Vanessa Boettcher

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