Formada em Teresina/PI sob a força dos álcool mais fortes do submundo, a banda Overdose Brain é atualmente um dos grandes nomes representantes do cenário Underground da capital. Composta, no presente momento, por Alisson ''Gago'' Barros (Baixo/Backing), Wanderson dos Anjos (Bateria), Thiago Araujo (Vocal) e Cláudio Costa (Guitarra), a banda se prepara para o lançamento de um novo trabalho, sucessor do “Exército Metal”, lançado em 2020. Praticante de um Thrash Metal veloz, agressivo e bastante instigante, o quarteto incorpora influências de diversas bandas da escola selvagem, como Flagelädor, Cemitério, Farscape, Destruction, Tankard e Overkill, sem deixar de apresentar, contudo, uma identidade bastante particular que o Piauí em si há tempos estava precisando. Conversamos sobre o passado, o presente e o futuro da banda com todos os integrantes, além de polêmicas em relação ao cenário local, antifascismo e muito mais.
Abra a cerveja e confira:
Metal Reunion Zine - O gosto de álcool fica cada vez
mais forte quando citamos
bandas como a Overdose Brain, então, saúde aos
fortes, vossos corpos estão cheios? Dêem às doses aos nossos leitores?
Overdose Brain: Saudações, meu grande brother
Pedraço. Saúdo também à todos aqueles que estão tirando um tempo para ler esse
material. Nossos corpos estão encharcados, pois estamos à muitos dias bebendo
sem parar (risos), espero que todos estejam se divertindo com os devidos
cuidados nessa maldita pandemia.
Metal Reunion Zine - A banda já possui alguns anos de
tentativas para estabilizar a formação que se encontra atualmente. Quem
acompanhou sabe, mas afinal, as mudanças em si eram pela ideia da banda ou
disposições dos antigos membros?
Overdose Brain: As mudanças foram feitas por
necessidade mesmo de existência da banda. Passamos um tempo fazendo tentativas
que foram frustradas de várias formas, desde composições, ensaios até
apresentações ao vivo que naquela época deixaram uma imagem ruim pra gente. Foi
necessária uma reformulação, com pessoas que tivessem mais garra de fazer a
parada acontecer e que tivessem consciência do que estamos fazendo. A partir
daí as engrenagens começaram a girar.
Metal Reunion Zine - Foi incluso pessoas até que não
eram da vibe da banda, então qual momento foi crucial para definir o caminho da
banda? Tal motivo foi resultado para o "delete" de um dos fundadores?
Overdose Brain: Então, meio que já respondi no
quesito anterior, mas pra complementar; no caso do Renato, ele realmente vem de
uma outra escola bem distinta da proposta da banda, porém, o que nós queríamos
naquele momento era alguém que fosse comprometido. Ele se mostrou assim desde o
inicio, se colocou a aprender as levadas e os macetes do estilo, mas aqui e
acolá colocando uma pitada de sua carga cultural e agregando elementos únicos
de sua vivência ao Speed, o resultado é o que podemos ver e ouvir no disco e
nos shows, que pelo menos pra nós da banda soa muito bom e a resposta da
maioria das pessoas que estão prestigiando o material e os shows têm sido muito
positiva.
Quanto
ao delete de antigos membros foi simplesmente por essa questão de garra, de
está afim de fazer acontecer, levantar a bandeira e lutar por aquilo. A banda
não tinha muita alma no extra palco, então era preciso mudar.
Metal
Reunion Zine - Levando em conta o trecho anterior, a vibe da banda é uma coisa
X, e o atual guitarrista, Cláudio Costa, possui outra Y. Como se deu a escolha
e adaptação em tão pouco tempo do mesmo?
Overdose
Brain: O Barbanegra entrou na banda num momento em que tínhamos alguns shows
agendados fora da nossa cidade. Viagens médias e longas, agora imagine você
passar cerca de 7/8 horas seguidas dentro de um carro ouvindo Speed sem parar
(risos), ou ele pegava a influência ou ficava doido (risos). Mas essa era a
única diferença de vibe assim que ele tinha com relação ao restante de nós,
pois como pessoa é um Headbanger ímpar, álcoolatra, típico bêbado que fala alto
e abusado, que rir pra caralho e faz piada igualzinho a nós (risos). A
adaptação dele foi suave, tivemos que dar aquela lapidada no início, tais como
palhetada, andamentos de riffs, mas só bem no início, não demorou engrenar,
afinal de contas, estamos falando do único músico de verdade da porra dessa
banda (risos).
Metal
Reunion Zine - Rodrigo Holt é um forte nome no marco da banda, podemos dizer
que ele moldou o que realmente vem sendo a Overdose Brain. Pensam em fazer algo
bônus com ele nos vocais ou com duas guitarras em breve, mesmo com a saída
prematura dele?
Overdose
Brain: Salve, Rodrigo Holt!!!
Nesse
renascimento da Overdose Brain, acredito ser ele o principal responsável
pelo
caminho que a banda trilhou. É como se ele fosse o cara que chegou só pra dizer
assim: “vai aqui” e foi embora tipo mestre dos magos. Do disco só não tem dedo
dele na segunda faixa “Carne Podre” composta pelo Thiago em meados de
2009/2010, mas a forma que ele compunha é tão parecida com a forma como nós
compomos que você nem nota diferença, parece que foram todas compostas juntas.
E as músicas novas também estão seguindo de forma fiel essa pegada. Acredito
que isso aconteça devido a forma como pensamos a música. Rodrigo, Thiago e
Alisson Gago, são caras que não tem estudos aprofundados de música, compõe com
o coração e com alma, acho que isso faz com que a coisa venha a fluir ainda
mais linda.
E
sim, sem dúvida nenhuma essa participação no próximo disco pode rolar e será
muito gratificante pra todos nós. Aproveito pra adiantar que 2021 tem disco
novo.
Metal
Reunion Zine - Podemos dizer que cada membro possui seus projetos paralelos,
ainda mais levando em conta a sonoridade variada. Isso tudo foi importante para
gravação de "Exército Metal" conte-nos como foi o processo de
produção e gravação?
Overdose
Brain: A produção aconteceu da forma mais suave e gostosa possível. O difícil
foi só pagar as parcelas do cartão (risos). No mais, tudo ótimo, o Cláudio é
proprietário do Caverna Studio e produções, então estávamos em casa,
produzíamos madrugada a dentro nos fins de semana, sem estresse e sem pressão.
O único virgem de gravação da banda era o Gago, de resto todos trouxemos nossas
influências. O Thiago também foi navegante de primeira viagem como vocalista, é
baixista de varias bandas na cidade, mas como vocal foi sua primeira
experiência, ele costuma dizer que descobriu seu vocal um dia antes de gravar o
disco, ainda bem né (risos).
Metal
Reunion Zine - Afinal, o material é um EP ou um debut? Isso refletiu
positivamente na qualidade, espera valeu a pena.
Overdose
Brain: Então, segundo nosso guitarrista e produtor do disco, ele é um Debut. A
qualidade das músicas o credencia como tal e 5 sons já são o suficiente pra
isso. No final o resultado agradou à todos nós da banda.
Metal
Reunion Zine - O álcool é retratado como fonte de energia, ainda mais nos
shows. Geralmente as bandas chegam até proibir os integrantes de beberem antes
e durante as apresentações. O que acham disso?
Overdose
Brain: O que achamos é que, você precisa ser uma pessoa que saiba ter
autocrítica. Assim como precisa conhecer as suas deficiências, não há mal algum
em saber quais as suas qualidades. As pessoas acham que isso é ser soberba ou
algo do tipo, mas você precisa ter ciência sobre você mesmo o máximo possível.
Isso vale pro álcool e vale pra todas as coisas na sua vida. Romário não
treinava e passava noites de farra antes dos jogos, chegava lá e arrebentava,
mas se você precisa treinar pra fazer o mesmo, então treine.
Nós
conhecemos nossos limites, prova disso é que a bebida nunca comprometeu nenhuma
de nossas apresentações. Mas se um dia isso acontecer, precisará de mudanças de
atitude, beber só depois do show, ou beber menos durante o show, ou beber menos
antes do show, enfim. Até lá, “bebei amigos yoho”
Metal
Reunion Zine - Não só de álcool vive um homem; a faixa "Garotas
Headbangers" se resume em uma singela homenagem às guerreiras que batalham
diariamente para viverem melhor, terem paz e liberdade. O feminismo é ideal, a
mulher precisa ser ouvida e atendida, mas infelizmente o Underground está cheio
de machistas e agressores, ainda mais em bandas querendo esconder a imagem. A
postura de vocês é nítida, mas fiquem a vontade para comentar a respeito.
Overdose
Brain: Cara, poderia escrever um livro aqui sobre essa temática, mas vamos
tentar ser sucinto, é preciso fazer um recuo no tempo.
Nas
sociedades de caça, onde se prevalecia a força física para caçar grandes
animais, se desconhecia a função do homem na procriação, daí a mulher era
considerada um ser sagrado e os homens as invejavam. Era a chamada “primitiva inveja
do útero” e a mulher tinha uma posição privilegiada (Matriarcado). Quando o
homem descobre sua participação no processo de reprodução, inicia-se o que
chamamos de “patriarcado”, e desde então a luta das mulheres têm sido árdua,
dolorosa e sangrenta.
Tenho
saudade dos tempos de adolescência em que eu de forma inocente
acreditava que o
meio Underground do Rock, era um meio intelectualizado, de respeito às
diferenças e união mútua. Crasso engano, vide Nervosa quando da separação das
integrantes, comentários sexistas em relação àquelas mulheres, imagine você o
que elas devem ter passado durante as turnês, tendo sempre que provar seu valor
para além das curvas de seu corpo a cada show que faziam. A música “Garotas
Headbangers” foi uma tentativa sim de homenagem a essas garotas e mulheres que
frequentam os shows, que não podem cumprimentar um amigo num show com um abraço
que já são alvos de falácias, que não podem pegar carona com um amigo pra casa
que ficam falando “olha lá aquela vadia, vai dar pra aquele cara”, o que fode
essa porra toda ainda mais é pensar que muitos desses comentários são feitos
por outras mulheres e garotas, sim, o machismo também é reproduzido por algumas
mulheres, através dessas fofoquinhas e picuinhas, de pessoas que podiam ta prestando
atenção mais nas suas vidas do que nas de vidas alheias.
A
cena é cheia de fiscais de cu, de buceta e de boca dos outros, mas esquecem de
cuidarem dos seus próprios orifícios.
Ficamos
tristes quando perdemos público na cena por conta dessas idiotices, nem todo
mundo gosta de se manter num meio tóxico e acabam indo pra outros rumos, não
julgo e nem chamo de poser os que saem do meio por essas questões. Um salve à
todas as garotas que resistem a essa porra toda e um salve aos marmanjos que
ainda pregam o respeito.
Quanto
aos propagam fofoquinhas e picuinhas, um grande FODA-SE!
Metal
Reunion Zine - A Overdose Brain é totalmente antifascista e radical a ponto de
quebrar a guitarra em alguém, sabemos que de uns anos para cá as portas da
intolerância e do preconceito se abriram, ainda mais quando se tratam das
minorias. Existe um episódio engraçado num show de vocês; I Bonded By Thrash. O
indivíduo não era bem vindo e ainda assim foi polemizar no evento? Como foi?
Overdose
Brain: Essa é uma história até engraçada, não vou entrar em muitos detalhes
porque o que sentimos no dia, era que os nossos amigos organizadores não
queriam que essa história vazasse na sua íntegra, mas acabou que vazou de
qualquer forma. Resumindo, nosso guitarrista mandou um “pau no cu do Bolsonaro”
e um cara agrediu ele no palco no fim da última música e aí o pau quebrou por
alguns instantes. Mas no fim de tudo o cara arcou com os prejuízos que tivemos
decorrentes da porradaria e tá tudo certo. Apesar de termos só nos defendido,
lamentamos profundamente o ocorrido por nossos amigos que estavam organizando a
parada, no fim tá tudo certo e vida que segue.
Metal
Reunion Zine - Como isso impacta na imagem da banda? Aliás, existem os
indivíduos estressantes que falam muito de visual, de posicionamento, enfim.
Overdose
Brain: Não impacta em absolutamente nada, àqueles que acham ruim nosso
posicionamento antifascista, só temos a dizer que sua existência não faz
diferença nenhuma pra nós, na verdade, se alguém deixou ou vier a deixar de
gostar da gente por conta disso, só temos a agradecer. Não queremos a companhia
e nem o apoio de quem passa pano pra fascista, nazista ou qualquer merda de
cunho preconceituoso.
Quanto
ao pessoal que fala do visual, tenho a dizer que os shows são “audiovisual”,
você vai pra ver e ouvir a banda, se o visual não importasse não precisaria de
show, você botava o disco pra rolar em casa e ficava la no sofá escutando. De
certo que o visual não é o mais importante numa banda, nem de longe, mas compõe
uma gama de aspectos que o são. Então, não precisa você vestir legging,
correntes e spikes (mas se quiser vista), mas ter um mínimo de respeito por sua
própria banda e proporcionar um shows “audiovisual” agradável.
Quanto
a se posicionar, sem dúvida alguma iremos nos posicionar sempre, covardes são
aqueles que ficam em cima do muro, seja por medo de perder fãs ou o que quer
que seja. Somos antifascistas sim e apoiamos as causas das minorias sim. “Se
você se mantém neutro em situação de opressão, você escolheu o lado do
opressor”. (Desmond Tutu).
Metal
Reunion Zine - Um dos integrantes é rodeado de vista grossa e críticas ácidas,
o que pode refletir em danos colaterais a médio prazo. O que ocasionou tudo
isso?
Overdose
Brain: De fato temos um membro que adora fazer criticas no sentido político.
Todos nós gostamos na verdade, mas tem um que se destaca (risos). Só tenho a
dizer que quem o conhece de fato sabe a pessoa que ele é, o cara toca em
inúmeras bandas, tem o respeito de todos os membros de suas respectivas bandas
e na verdade nós nos sentimos representados nas opiniões dele. Como disse, quem
deixar de gostar de nós por nossas opiniões esta nos fazendo um favor.
Metal
Reunion Zine - Não podemos negar que possuem atitudes e algumas polêmicas.
Diante tais situações qual o posicionamento de vocês?
Overdose
Brain: Não nos envolvemos em fofoquinhas e picuinhas, se algo desse tipo
acontecer a gente resolve diretamente com a pessoa. Expressamos opiniões apenas
em coisas que dizem respeito ao bem comum da vida em sociedade. Respeito!
Metal
Reunion Zine - Olhamos claramente que o senso comum, a gama do oportunismo, a
frustração e até o "haterismo" sem limite que aqui existe parece
nunca ter fim, nas parte sempre das mesmas cabeças, logo quando falam que
"aqui não tem Underground", "o Rock morreu", "não tem
show que preste" é fácil notar qual bolha vivem. Vocês são provas fortes
que o Underground como um todo se renova, fica forte, nasce novas bandas,
mantém os eventos, gravações de materiais, etc. O que podem falar sobre isso?
Overdose
Brain: Pois é, rolou uma onda dessa recentemente né??! Quando você ver alguém
dizer que o Rock morreu, geralmente é aquele cara que a banda mais nova que ele
acompanhou está situada em décadas passadas no mínimo. Geralmente é aquele tio
de cabelo branco que ainda não foi um show sequer no D'Ccar por exemplo, que
vive postando foto revivendo como era massa a 80 anos atrás. Tudo bem você
relembrar épocas, mas não venha você dizer que a nossa época não presta, pois
ela pertence a nós que estamos agora lutando por tudo aquilo que deixou de
fazer sentido pra você, pra nós ela faz muito sentido.
Fico
puto porque esse tipo de discurso atrapalha os movimentos atuais. Quando o cara
vai lá na internet falar esse tipo de coisa, desencoraja muitos outros a não ir
aos shows.
Eternal
Violence lançou ano retrasado. Terror Fetus lançou clipe quase no mesmo
período. Hell Poison lança disco a todo momento, nós lançamos no início de
2020. Insanetears banda nova já lançou dois materiais praticamente em
pouquíssimo intervalo de tempo, esse ano também, se não me engano Pancreatite
Noise lançou um novo EP, Escrotos lançou e isso só o que me lembro agora,
certamente tem outras ai que peço desculpas por não lembrar agora. Então pra
você que acha que a cena morreu, diga que “a sua cena morreu”, pois a nossa
continua firme e forte apesar de você.
Metal
Reunion Zine - Diante a Pandemia que assola o mundo, as expectativas de muitos
eventos e lançamentos foram diminuídas, mas pensando pelo lado bom até que está
dando um gás em uma forma de interação de BANDA X PÚBLICO A. O que podemos
esperar da Overdose Brain após o isolamento social? Já estão na pré produção de
algo? O que irão levar de aprendizado?
Overdose
Brain: Não podemos reclamar de nada, antes disso tudo conseguimos lançar nosso
disco com um show magnifico no qual tivemos ingressos esgotados e depois
tivemos que vender a entrada sem o canhoto. Recentemente, nos adaptando à nova
situação, fizemos uma live direto do Caverna Stúdio que foi sensacional, com um
pico de 63 espectadores e uma média de 40/50 espectadores, público de muitos
eventos em Teresina tivemos numa live pra verem somente a nossa apresentação,
só temos a agradecer toda essa aceitação.
Já
temos algumas composições novas e o disco novo já está sendo preparado para o
início do próximo ano, esperamos que até lá tudo isso já tenha passado e
possamos fazer um grande show novamente.
Metal
Reunion Zine - Com isso tudo, o que vocês têm a dizer sobre o cenário ao redor
de cada um? Quais os tipos de bandas na atualidade que merecem ser entendidas
como Underground e 'médias', e aquelas que, na opinião sensata de vocês, claro,
não merecem ser?
Overdose
Brain: Como diz o trecho da letra da música Overdose Brain “viemos uma só vida,
underground” (estará no próximo disco), estamos sempre juntos então cenário pra
nós é um só. Nós gostamos das bandas que se posicionam, temos isso como
referência. Temos que usar os artifícios que estão ao nosso alcance para lutar
contra todos os tipos de opressão e a música tem seu lugar dentre as armas que
podem ser utilizadas. Gosto muito quando o Max Cavalera, como um ícone mundial
se posiciona contra as situações de opressão. Violator é o que sempre chamo de
“banda necessária” para o momento que vivemos nos dias atuais, sem medo de se
posicionar e dizer o que pensam e o que são. Quando a banda se acovarda e foge
ao posicionamento ou a luta, eu chamo de “rock inofensivo”, pois esse estilo de
tocamos e vivemos, precisa agredir esses vermes.
Metal
Reunion Zine - O que vocês acham dessa galera que faz sucesso muito rápido hoje
em dia, isto é, sobre o mercado musical? E desses movimentos em prol do rock,
como coletivos, etc?
Overdose
Brain: Sobre fazer sucesso rápido depende de muitos fatores, os caras podem ser
realmente bons e merecedores de tal. Outros contam com ajudinhas, mas faz
parte. Tem produtoras que procuram por um visual, branquinhos de cabelos longos
e lisos pois vende mais (risos), mas não estamos preocupados com isso.
Metal
Reunion Zine - Qual a diferença entre ser um músico "profissional"
que toca metal e ser um Headbanger que toca Metal?
Overdose
Brain: Uma vez a mãe do vocalista cogitou acompanhar uma antiga banda dele num
show no Ceará, ele disse o seguinte pra ela; “a gente pode se hospedar numa
casa legal que tenha tudo ou a gente pode receber só um canto no chão pra
senhora botar uma mochila em baixo da cabeça e dormir, todos nós estamos
preparados pro que vier, a senhora está?”.
E
ela não foi (risos) esse é o Headbanger que toca metal, qualquer coisa fora
disso, você é um músico profissional. O que não tem nada a ver com grana, você
pode ser um músico Headbanger e ganhar uma grana com sua banda, mas o lance é a
essência, acho que deu pra entender.
Metal
Reunion Zine - Para encerrarmos, o cenário apesar de todos os seus problemas
nos orgulha, o que faz a melhorar cada vez mais. O problema não é, nunca foi e
nunca será a existência de picuinhas ou panelinhas. Já vimos shows grandes com
pouco público e shows médios com lucros. Quais pontos poderiam acrescentar
aqui?
Overdose
Brain: Cara, o underground não morre. A questão para um produtor fazer um show
que seja legal do ponto de vista de público e grana, é conhecer o lugar. Que
estilos dá mais público em Teresina? É o Thrash Metal?! Então eu não posso
fazer um show de um outro estilo que historicamente tem pouco publico e no dia
seguinte reclamar que tinha pouco público, ora. Ou o cara faz porque gosta e
tem condições de arcar com os custos, ou não faz. Caso contrário, analise sua
cidade, faça um estudo de caso e trabalhe em cima disso pra não tomar prejuízo.
Metal
Reunion Zine - Considerações finais? Abram a porta, jantaremos e beberemos
hoje, amanhã e sempre. Nos vemos nas mesas de boteco. Speed!
Overdose
Brain: É isso ai, nos vemos nas mesas dos botecos mais pé sujo da cidade, ou
num canteiro de praça com uma vodka e brindaremos a nossa existência. Neste ano
de 2021 estaremos de volta aos palcos pra fazermos a segunda coisa que fazemos
melhor que é tocar, porque a primeira coisa que fazemos melhor é beber.
Se
respeitem, fofoquem menos, cuide de sua vida e se for pra falar da outro que
seja pra ajudar. Bebam por nós que com certeza beberemos por vocês
Obrigado
ao Pedro Hewiit mais uma vez pelo espaço, sem palavras pelo apoio todos esses
anos e você sabe que aqui tem apoio de volta, tamo junto.
Para
mais informações, shows e merchandise:
www.facebook.com/overdosebrain
Entrevista
por Pedro Hewitt