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São contos infernais estes que trago das entranhas fedorentas deste amargo e insalubre precipício. Algo que nunca poderá ser lido sem evitar a loucura ou o horror completo. Consigo lembrar, sem muita dificuldade, daquele que levou a vida arrastando toneladas de obrigações, cumprindo horários em um ciclo escravo e alienante. Preferia que o tivessem degolado logo ao nascer, quando deu o primeiro grito. Mas não pensemos em coisas negativas, pois já vai começar o show. Diversões acessíveis promovem o emburrecimento, transformando o entretenimento na mais eficiente ferramenta de controle. Virando as costas para não ver os absurdos bizarros da concentração de renda e a consequente miséria que, como uma torneira de carrapeta gasta, goteja dores e sofrimentos incalculáveis. Um mar lamacento radioativo que emana podridão e doenças. Enfermidades físicas e mentais devastam populações inteiras, promovendo uma hecatombe mundial. Uma onda de violência expõe a revolta do não aguentar mais, do não poder suportar o atual estado das coisas, não vendo a menor possibilidade de aceitar o panorama apresentado como única forma possível. Não nasceu para acreditar, caminhando cego como criatura acéfala rumo ao abate. Sempre com um sorriso no rosto, os demais arrumavam a forca em volta do pescoço. Estava farto de ilusões, explicações e diagramas.
Estava cansado demais para qualquer coisa.
Por Fabio da Silva Barbosa - Porto Alegre - RS
Março de 2025
