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Facilidade é uma palavra desconhecida no meio Underground e quando uma banda faz parte de tal cenário no Nordeste do Brasil, essa palavra praticamente inexiste. Mesmo assim, ao decorrer dos anos (até décadas), muitas bandas persistem na luta para mostrar a sua música. O Mercy Killing, surgido na capital baiana, é um bom exemplo de perseverança. Surgiu há quase três décadas e após anos lançando algumas Demos finalmente soltou seu disco de estreia, “Euthanasia”, que vem sendo divulgado desde 2015. A banda agora fixou residência em Curitiba/PR e tem em sua formação Alexandre “Texa” (guitarra), Tatiane Klingel (vocal), Tiago Gaiger (bateria) e o fundador Leonardo Barzi (baixo), esse que nos fala um pouco mais sobre a história da banda, lançamentos, disco de estreia e atual fase. Metal Reunion Zine – O Mercy Killing surgiu em Salvador, em 1988, chegou a lançar seis Demos e apareceu em algumas coletâneas antes de seu álbum de estreia. Como foi o início da banda e as gravações dessas Demos? Leonardo Barzi – Começamos em uma época que já existiam recursos, mas não sabíamos onde consegui-los e nem tínhamos dinheiro para isso, então era mais difícil. Ensaiávamos em lugares emprestados (quartos ou garagem de amigos, por exemplo) e quando pintava uma grana utilizávamos estúdios (que eram caros - lembre-se que começamos em Salvador e esse tipo de recurso eram para bandas de axé - e só alugavam períodos de três horas) que conheciam muito pouco do som que tirávamos. Nossa primeira Demo, “Tales...”, foi gravada ao vivo e direto na mesa, sem nenhum tipo de produção, e fomos melhorando a qualidade até chegar em “Living in my Madness” (1995), gravada em 24 canais com uma excelente produção, a minha preferida da época. Claro que nem tudo era assim, as 500 cópias distribuídas da Demo em cassete foram feitas uma a uma, à mão, desde a cópia no tape deck, com corte do excedente da fita até a colagem da etiqueta. Duas Demos em Salvador, a “Toxic Death”, de 1993, e a “Under the Acid Rain”, de 1996, eram para ser lançadas oficialmente, mas isso nunca aconteceu. Em 2002 gravamos uma Demo em estúdio e uma ao vivo, mas como não estava satisfeito com minha voz só lançamos a primeira no ano seguinte, com uma tiragem pequena em CD-R. Somente em 2013, com o início da pré-produção do que viria a ser o álbum “Euthanasia”, que resolvemos mostrar o trabalho com a nova formação na Demo “The Thrasher!”.
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Facilidade é uma palavra desconhecida no meio Underground e quando uma banda faz parte de tal cenário no Nordeste do Brasil, essa palavra praticamente inexiste. Mesmo assim, ao decorrer dos anos (até décadas), muitas bandas persistem na luta para mostrar a sua música. O Mercy Killing, surgido na capital baiana, é um bom exemplo de perseverança. Surgiu há quase três décadas e após anos lançando algumas Demos finalmente soltou seu disco de estreia, “Euthanasia”, que vem sendo divulgado desde 2015. A banda agora fixou residência em Curitiba/PR e tem em sua formação Alexandre “Texa” (guitarra), Tatiane Klingel (vocal), Tiago Gaiger (bateria) e o fundador Leonardo Barzi (baixo), esse que nos fala um pouco mais sobre a história da banda, lançamentos, disco de estreia e atual fase.
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Metal Reunion Zine – Apesar do grande número de Demos lançadas e parecer uma banda atuante no meio Underground, o grupo chegou a parar suas atividades por um período. Qual foi o período que a banda passou inativa e o qual foi o principal motivo para que isso ocorresse?
Leonardo – Alguns meses de 1998, quando houve um racha por questões musicais; entre 2000 e 2002, quando mudei para Curitiba e deixei os outros músicos com a banda, mas não deu certo; e entre 2008 e 2012, quando desisti de tapar buraco como vocalista e resolvi procurar alguém definitivo.Metal Reunion Zine – Qual foi o principal aprendizado da banda com o lançamento de cada Demo? Leonardo – Gravar sempre é uma aventura - existem Demos sem finalizar perdidas por aí justamente por essa questão - mas a principal é avaliar a qualidade das composições e mostrar que a banda está viva. No nosso caso, com longos períodos de inatividade, servem também para levantar a moral e criar novamente a relação familiar entre os integrantes.Metal Reunion Zine – Apesar de ter surgido em Salvador, o Mercy Killing atualmente está radicado em Curitiba/PR. Qual foi o motivo que fez com que a banda saísse de Salvador? Qual a receptividade do público paranaense para com o grupo? Leonardo – Mudei por questões profissionais e, como citei anteriormente, deixei a banda pronta para continuar sem mim em Salvador, o que não deu certo. A transição foi normal e mesmo nos primeiros anos a banda foi acolhida pelo público e pelas bandas de Curitiba, lembrando que estamos ativos há mais tempo aqui que em Salvador.Metal Reunion Zine – O primeiro álbum foi lançado em 2015, de forma independente, tanto no formato digital como em CD. No mesmo ano foi lançado o disco na versão LP, pela Neves Records. Era importante para a banda ter o disco sendo lançado no formato Long Play, já que surgiu numa época que esse tipo de mídia reinava? Leonardo – Era quase uma obsessão da banda, tinha que sair em LP e
trabalhamos muito pra isso, pensando inclusive no tempo do repertório para não estourar os limites do vinil, não só por devermos isso aos nossos amigos da velha guarda e a nós mesmos, mas por eu ser colecionados desde aquela época. Só um detalhe importante, a título de correção: o LP é um lançamento independente da banda com apoio dos selos Neves Records e Melômano discos.Metal Reunion Zine – O disco não chega a 40 minutos de duração. Esse tempo de duração foi pensado já levando em conta que vocês fariam o lançamento em vinil ou existiu mais algum outro fator? Leonardo – Sim, mas tem um detalhe a mais: nossa premissa em estúdio é soarmos como se fosse ao vivo, gravando as bases ao vivo e deixando a gravação crua e brutal. Nosso show tem duração máxima de 45 minutos e isso também faz parte do processo.Metal Reunion Zine – Entre as músicas presentes, algumas datam de 1993, quando o Mercy Killing lançou sua primeira Demo. Isso significa que tais músicas passaram no teste do tempo e eram necessário que tais músicas se fizessem presentes no álbum de estreia? Leonardo – Sim, demos nova abordagem às composições direcionadas a
duas guitarras, por exemplo, e as mais marcantes daquela época, como “Holocaust” e “Social Disease” (que não saíram no primeiro disco) estão entrando no mesmo processo de re-brutalização (risos). As novas composições seguem essa linha, mas cada uma com sua história. Temos muita coisa velha para ser apresentada com essa abordagem.Metal Reunion Zine – E qual o sentimento da banda em ver o seu primeiro full lenght sendo lançado quase que três décadas depois de sua formação? Leonardo – O LP, por si só, já é um orgulho danado, mas tudo isso tem um valor inestimável. É fato que nunca largamos nossos empregos, nossas vidas pessoais (mesmo nos anos 80 não tínhamos essa visão de viver de música) e tivemos algumas decepções mesmo nesse nível (o primeiro disco deveria ter saído em 1993, mas o dono do selo que nos fez o convite faleceu, por exemplo) e acabamos com aquele status de ‘cult’ que é legal para contar para os netos, mas não vale um documentário. No meio disso tudo eu - e agora meus irmãos da banda - lamentávamos não poder tocar, que é o que nos faz continuar essa loucura.Metal Reunion Zine – A banda chegou a fazer uma campanha para arrecadar fundos para o lançamento do ‘debut’, tanto na versão em CD como em vinil. Como vocês analisam a importância dessa campanha para o lançamento do álbum? Leonardo – Se você não tem dinheiro, mas tem pessoas que confiam no seu trabalho uma campanha de financiamento coletivo consegue corrigir essa falha. Tenho alguns emails de selos que negaram o lançamento do “Euthanasia” da forma convencional, talvez por sermos velhos ou não termos um apelo visual que resgata os anos 80 ou seja lá que bosta for, mas tenho propostas de alguns desses mesmos caras de lançar discos por carta, dos anos 80. No final das contas o álbum saiu daquele jeito “DIY” que a banda sempre fez.Metal Reunion Zine – A gravação deixou as linhas de baixo bem nítidas, por vezes ditando o ritmo de algumas músicas e não só acompanhando a bateria. Isso foi proposital? Leonardo – Sim, totalmente proposital, pois queríamos suprir a falta da segunda guitarra e queríamos soar um pouco como as bandas europeias de Hardcore, como Anti Cimex e Extreme Noise Terror, por exemplo.Metal Reunion Zine – Apesar de contar com uma mulher nos vocais, Tatiane Klingel, as músicas não perderam nada no quesito agressividade. Para falar a verdade, achei as músicas numa agressividade insana, apesar de alguns andamentos mais cadenciados, como o estilo pede. Tati já havia feito vocais em outra banda?
Leonardo – Tati vem de uma escola voltada para o Death Metal, tendo tocado em algumas bandas do estilo e ficou conhecida por cantar em um tributo ao Arch Enemy. Mas foi indicada apenas por sua qualidade e tivemos um trabalho minucioso de adequá-la ao som da banda, para soar exatamente como você disse.Metal Reunion Zine – O estilo da banda é Thrash Metal, com algumas músicas vindo numa maior velocidade, nitidamente influenciadas pelo Hardcore. Esse Crossover sempre existiu no som da banda. Fazer um som rápido, ‘cru’, direto é uma necessidade de se manter fiel às próprias raízes do Mercy Killing? Leonardo – Também existe essa expectativa por parte dos nossos amigos, mas, sinceramente, esse é o som que gostamos de tocar. Primeiro as nossas músicas nos agradam, fazem nossos braços arrepiarem. Se não for assim, como esperaríamos reações dessas de outras pessoas?Metal Reunion Zine – Não é mais novidade que muitas bandas que cantam em inglês, no Brasil, vez ou outra inserem em seus lançamentos alguma música em nosso idioma. Sei que “R.I.S. (Retrato Imundo da Sociedade)” é uma música antiga. Mas o motivo de inserir essa música no ‘debut’ foi apenas esse, de ser uma música mais antiga da banda? Leonardo – Na verdade ela nos fez compor de volta em Português. Ela é o nosso elo mais puro entre o Hardcore e o Metal, e sempre nos agradou, e agora temos mais algumas letras na nossa língua mãe.
Metal Reunion Zine – O ‘track list’ informa que são 15 faixas, porém existe uma última música, a 16ª. Que música é essa? Leonardo – Todo o álbum tem referências e citações ‘secretas’ e achamos legal colocar nossa faixa mais curta, “Life”, como bônus, inclusive no próprio LP. Se você olhar com atenção a bolacha e a capa do disco achará algumas referências interessantes, quem sabe isso traga aquele prazer de ouvir o disco e fuçar a capa e o encarte para buscar informações?Metal Reunion Zine – Agora com a banda radicada em outro Estado, quais são as principais metas para este ano? Leonardo – Estamos reformulando a formação agora, voltando a compor e
já começamos a pré do segundo álbum. Já existem convites para shows no Sul e Sudeste e queremos muito tocar em Pernambuco, quem sabe? Então podem esperar por novidades em breve! Gostaria de agradecer a oportunidade em nome da Mercy Killing, é uma honra ser entrevistado pelo Recife Metal Law!
Site: www.facebook.com/mercykillingBR
Entrevista por Valterlir Mendes Fotos: Melissa Giowanella, Lyrian Oliveira
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