Por Fabio da Silva Barbosa
Com certa
periodicidade, ele pegava seu barquinho a remo e ia na remada até embaixo da
ponte, onde os peixes poderiam gozar de certo sossego. Tinha por volta de
cinquenta anos. Sempre levava uma garrafa de cachaça e outra de água. Por vezes
trazia também algo para comer. Tinha um físico de atleta. Certa vez tentaram
lhe vender um motor para o barco.
-
Não preciso. Me u barco é pequeno. Se botar uma coisa dessas é capaz até dele
voar. – Respondeu com ironia.
Naquele dia saiu bem cedo. Ainda remava enquanto
assistia ao nascer do Sól. Foi até o lugar de sempre. Vieram alguns peixes logo
cedo. Em determinado momento veio um bagre. Atrapalhou-se ao tentar tirá-lo
para jogar junto aos outros no fundo do barco e levou uma ferroada do peixe.
-Caralhoooooo...
A dor era intensa e o braço foi ficando todo dormente.
Foi deslizando até estar deitado no fundo do barco. O Sol estava quente e só
iria esquentar mais no decorrer do dia. Mais bonito que o céu, só aquele mar
todo refletindo a claridade que batia nele. A sede foi batendo, mas não
conseguia se movimentar para fazer qualquer coisa que quisesse. A correnteza
batia de leve no caso do barco, fazendo seu barulho característico. Ele ia
cozinhando sob aquele Sol. O Bagre já havia morrido em um canto do barco.
Foi como terminou a vida. Onde gostava de estar. Mas
deve ter sido terrível. Isso deve.
Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirMuito obrigado por apoiar Katia. Repasse o link para seus contatos e ajude a divulgar.
Excluir