Metal Reunion Zine

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terça-feira, 16 de maio de 2017

Grave Digger em Recife - Resenha de Show

Grave Digger em Recife
Evento: Grave Digger em Recife
Data: 24/03/2017
Local: Clube Internacional do Recife. Recife/PE

Resenha & fotos: Valterlir Mendes

Apesar de a divulgação da primeira passagem do Grave Digger e sua “Healed By Metal South America Tour 2017” na capital pernambucana não ter sido maciça, se esperava um bom público para ver a lendária banda alemã de Heavy Metal por esses lados. Afinal, a banda, mesmo tendo passado por diversas vezes pelo Brasil, nunca tinha tocado na região Nordeste.

Marcado para uma sexta-feira, dia (assim como o domingo) que o público daqui não se acostuma a tê-lo como dia de show, o evento, organizado pela Blackout, era sinônimo de qualidade, tanto de som, como iluminação e palco. Como dito acima, não houve uma divulgação em massa, mas quando chego ao local do evento, o Clube Internacional do Recife, já pude ver o público chegando, por volta das 20h00, inclusive de outras cidades/estados do nordeste. Mesmo assim era um público, ainda, tímido...

 Entro no local a tempo de ver a passagem de som do Grave Digger e últimos ajustes no palco, inclusive da banda de abertura. Daí já dava para ver que tudo estava sendo minuciosamente cuidado e que teríamos uma sonorização de alto nível.

O Clube Internacional do Recife, apesar de amplo, é muito abafado, e para uma cidade como o Recife, que dificilmente tem sua temperatura amenizada, fica muito quente. E olha que eu estava no local antes da abertura dos portões para o público. Mas isso não é empecilho e o local já está na memória de muitos Headbangers por ter abrigado lendários shows ao passar dos anos.

Chamada de última hora para ser a banda de abertura, às 21h57 a

banda Monticelli, formada pelos irmãos Artur (vocal/guitarra), Vítor (baixo) e Bruno Monticelli (bateria), teve a incumbência de dar início à noite de shows e aquecer o público para a atração principal. A banda vem fazendo muitos shows, na capital, região metropolitana e cidades vizinhas. Em plena divulgação de seu homônimo álbum de estreia, o Monticelli baseou seu ‘set list’ nesse disco e ainda mandou alguns covers, muito bem executados, para “Iron Man” (Black Sabbath) e “Aces of Spades” (Motörhead). Há de se destacar a ótima sonorização, com todo o instrumental soando bem equalizado já nesse show de abertura. A única falha, na sonorização, ocorreu quase no final do show, que durou cerca de 40 minutos, quando algumas interferências surgiram no cover de “Seek & Destroy” do Metallica. Mas nada que chegasse a atrapalhar o bom andamento das coisas. O público ainda chegava ao local e muitos curtiram a apresentação, principalmente na hora dos bem sacados covers.

O palco já estava praticamente pronto para a estreia do lendário grupo

alemão em terras pernambucanas, mas ainda foi necessário um tempo de cerca de trinta minutos para desmontar a bateria da banda de abertura, além de alguns pequenos ajustes para que tudo ficasse perfeito. A essa altura o público já havia praticamente entrado em sua totalidade e deu para notar que não era um público enorme. Pelos meus cálculos entre 500 e 600 pessoas, apenas. Pela importância que os alemães têm para o Heavy Metal e toda a sua trajetória, esse público deveria ser bem maior, mas... Vamos ao show!

 Boa parte do público se apertava em frente ao palco, e as 23h05, o Grave Digger estreava em palcos pernambucanos. A aula de como deve soar (e se fazer) o Heavy Metal tradicional teve início com a nova “Healed by Metal”, presente no mais recente (e de mesmo título) álbum de estúdio. Sem muitas delongas emendaram com “Lawbreaker” e “Witch Hunter”, duas verdadeiras pedradas Heavy, por vezes velozes, mas sem deixar de lado as fortes melodias, característica dos alemães desde os seus primórdios. O público parecia contido, mas nada que abalasse o Grave Digger em palco, liderado pelo sempre carismático vocalista Chris Boltendahl, que se movimentou bastante e que mostrou uma voz potente 
(mandando até alguns agudos em algumas passagens), sem qualquer desafinação, apesar de seus 55 anos de idade. O público percebeu que a banda estava ali para fazer um belo show e dar aos presentes músicas de qualidade, com isso a cada música tocada a energia aumentava, mesmo que faltasse um pouco mais, em alguns momentos. Mesmo assim deu para notar que praticamente todos ali eram grandes fãs da banda, afinal conheciam quase todas as músicas, inclusive cantando junto. “Killing Time” tem uma levada mais melódica, o público observava. Então Chris manda um “muito obrigado” e comandou um pequeno coro em “Ballad of a Hangman”, belíssima música que traz uma mescla de épico, por causa do coro, e Speed Metal, com sua levada veloz e certeira. Neste momento o Grave Digger já tinha o público na mão e Chris, destilando carisma, comandava com mãos de Metal a todos. Mas vale mencionar que os demais músicos são de total importância, seja o exímio,
talentoso e com seus cabelos esvoaçantes (um ventilador foi disponibilizado e criava um visual bem anos 80) guitarrista Axel “Ironfinger” Ritt ou o baixista Jens Becker, que com suas cordas graves mantinha todo o peso em cada música tocada. Na bateria Stefan Arnold não poupava em bem inseridas viradas ou em quebras de tempo, além de levadas que deixavam algumas músicas com uma veia mais Power Metal. Por fim, os teclados, com aquela figura (a mascote) que todos os fãs do Grave Digger já conhecem, criando uma imagem bem interessante em cima do palco. E eu já disse que a sonorização estava perfeita? Fazia tempo que eu não ouvia uma sonorização tão boa e nítida, dando para ouvir cada detalhe, cada base, solo ou riff; cada mudança de tom nos vocais graves de Chris. Na verdade, os detalhes são muitos. O Grave Digger não apenas fez um show de Heavy Metal, mas mostrou como uma banda de Heavy Metal deve se portar num palco. E deu para ver que os caras se divertiam, mesmo há quase quatro décadas (falando dos anos de atividades do Grave Digger) fazendo música. O ‘set list’ trouxe músicas de praticamente todos os discos da longa carreira do Grave Digger. “Season of the Witch” é do “Return of the Reaper” (2014), “Lionheart” é do “Knight of the Cross” (1998) e “Tattooed Rider”, também do “Return of the Reaper”, só para dar um exemplo. O público fez uma espécie de gritos de torcida de futebol, antecipando “The Round Table (Forever)”, aquele Heavy Metal clássico, guiado pela guitarra e com uma levada cadenciada. Já “The Dark of the Sun” é aquele típico Heavy para bater cabeça e erguer o punho no refrão. E foi interessante ver boa parte do público fazer sua parte para deixar a festa cada vez mais bonita. E falando em público, esse abriu uma pequena roda de mosh em “Hallelujah”. Essa música tem essa força, é mais direta, agressiva. Já a bela “Morgana le
Fay” foi dedicada, pelo próprio Chris, a cada um dos presentes, e todos acompanharam seu início acústico, batendo palmas ou cantando. Então a banda faz uma pequena pausa, sai do palco e apenas o tecladista ficou, criando climas bem sombrios em seu instrumento. Na volta, Chris apresenta cada músico e na sequência executam “Excalibur”, grande clássico do Grave Digger e que abriu mais outra roda de mosh em frente ao palco (sim, isso não é comum num show de Heavy Metal tradicional, mas estamos falando de Recife). O show já estava chegando ao fim, mas mais clássicos ainda seriam executados. “Rebellion (The Clans Are Marching)” teve seu início cantado pelo público, com Chris “dando uma
ajuda”. Foi um dos “picos” num show que não teve nenhum momento de baixa. Saída “falsa” já virou tradição, assim todos já sabem que a banda vai voltar. Mandam, então “The Last Supper” e “Call For War”, com Chris saindo novamente do palco, mas como o restante da banda ficou era esperado que ele voltasse para mais músicas. Veio, então, a belíssima “Highland Farewell” e samples de gaita de fole criaram a atmosfera perfeita da música, com os presentes ainda vendo uma dança para lá de esquisita de Chris nos “andamentos escoceses” desse som. O fim veio com a mais que clássica “Heavy Metal Breakdown”, num show perfeito, para muitos (onde estou incluso) e faltando um pouco mais de energia, tanto da banda como do público para alguns poucos. Mas, no fim, pudemos ver um veterano Grave Digger fazendo música de qualidade e mostrando que ainda tem muito por fazer.

Apesar do belo backdrop do Grave Digger, pouco se via dele, já que ficou
muito ao fundo, talvez pelo seu enorme tamanho. Mas isso foi apenas um pequeno detalhe em que nada deprecia o que foi o show dos alemães. A equalização sonora beirou a perfeição, com todos os presentes tecendo efusivos elogios. A iluminação de palco era soberba. O tamanho do Clube Internacional do Recife é bem grande e muitas lacunas foram vista. Alguns reclamaram que não houve uma grande divulgação do show e que vieram apenas saber de sua realização na semana em que ele ocorreria. Mas é importante dizer, a Blackout Discos, na pessoa de João Marinho, fez uma produção de alto nível. Pena mesmo foi o pessoal do Grave Digger não ter dado um pouco de atenção aos presentes, findo o show. Mas o mais importante foi ver a banda em ação, “cara a cara”, nos oferecendo um grande show, e isso eles fizeram com maestria.

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