Metal Reunion Zine

Blogzine fundado em 2008. Reúne notícias referentes a bandas, artistas, eventos, produções, publicações virtuais e impressas, protestos, filmes/documentários, fotografia, artes plásticas e quadrinhos independentes/underground ligados de alguma forma a vertentes da cultura Rock'n'Roll e Heavy Metal do Brasil e também de alguns países que possuem parceiros de distribuição do selo Music Reunion Prod's and Distro e sua divisão Metal Reunion Records.



domingo, 26 de outubro de 2025

Navalha na Carne Extra #2 - O Tudo ou Nada Mimado, Cruel e Indecente — Uma explanação sobre o fascismo tupiniquim. O Golpe 2.0.

Mais um Navalha na Carne Extra, que pensei em não publicar. Mas melhor ficar aqui do que ser apagado.

Desde que a extrema direita perdeu as eleições em 2022, o Brasil mergulhou numa sucessão de episódios tão reveladores quanto vergonhosos. Para os que compreendem os sinais, e até para os analfabetos políticos e desavisados, ficou evidente que os derrotados não são apenas maus perdedores: são perigosos. Muito perigosos.

O desespero diante do adiamento de um projeto de poder explicito e egocêntrico, seja ele fascista, elitista ou teocrático, neopentecostal, separatista e preconceituoso ou apenas um projetinho nazista a brasileira, vem sendo escancarado muito antes do 8 de janeiro de 2023. Planos de terrorismo, tentativas de explodir caminhões de combustível nas imediações do aeroporto de Brasília, esquemas para assassinar o presidente, o vice e ministros da Suprema Corte, ameaças de fechamento das instituições democráticas, exigência de nova eleição, sabotagem sistemática nas votações do Congresso, ainda que em pautas voltadas ao bem-estar da população mais pobre, fazem parte do script.

A oposição radical e corrompida mente com desfaçatez. Constrói narrativas fictícias, usa redes sociais como armas de desinformação, e protagoniza uma guerra política jamais vista na história brasileira. Perder uma eleição nunca foi tão insuportável para os falsos bastiões da moral e da família. A máscara de salvadores caiu. Negar o resultado das urnas é uma tática conhecida — vista em outros cantos do mundo — que, quando aplicada, acende os estopins de guerras civis e ditaduras.

Agora, em 2025, enquanto enfrentamos impactos econômicos e incertezas geopolíticas, testemunhamos representantes do povo auto-exilando-se sob o pretexto de perseguição política. No exterior, articulam campanhas contra o governo democraticamente eleito, tentando evitar que seu “garoto-propaganda” — o fascista tropical — ocupe o lugar que deveria ter ocupado desde o início: o banco dos réus. Mimado, negacionista, golpista.

O “tudo ou nada” à brasileira parece mais um plano da CIA em parceria com uma ABIN paralela, empenhados no controle de uma região estratégica para os interesses dos Estados Unidos e seus satélites. Terras raras, os BRICS, o avanço do Pix, a soberania digital, e o julgamento de Bolsonaro transformaram-se em peças centrais dessa geopolítica disfarçada de cruzada moral.

A mais nova cereja do bolo? A taxação de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelos EUA. Uma chantagem velada, disfarçada de medida econômica, que visa pressionar o governo brasileiro a anistiar golpistas, criminosos e terroristas políticos. O impacto será direto: milhares de empregos perdidos, aumento da insegurança alimentar e econômica, especialmente entre os trabalhadores. Mas a extrema-direita, insensível e hipócrita, pouco se importa em quebrar os ovos — desde que o omelete sirva aos seus próprios pratos.

Não se importam com o país. Nem com o povo. O projeto é claro: o caos como escada, o sofrimento como ferramenta, a desinformação como evangelho. Enquanto isso, a população é bombardeada com imagens de protestos confusos, trios elétricos decorados com bandeiras de Israel e dos EUA, líderes neopentecostais berrando por anistia a delinquentes e partidos políticos transformando o Congresso em balcão de chantagem.

O roteiro é conhecido: desestabilizar o governo, provocar colapso econômico, aprovar um impeachment baseado em fake news, reverter cassações de parlamentares da direita suja, anistiar criminosos — como fez Donald Trump em seu primeiro dia de mandato — e tornar elegível o mascote do fascismo brasileiro: um Mussolini de chinelo, grotesco e risível, mas perigosamente funcional.

Tudo isso é um novo golpe, camuflado em múltiplas narrativas, mas que, somadas, revelam um remake ainda mais cínico do impeachment de Dilma Rousseff. Um espetáculo com maior hipocrisia, veiculado em horário nobre por emissoras que já fecharam com a extrema-direita. TVs que recebem gordas verbas públicas por meio de partidos políticos, que agora funcionam mais como agências de publicidade do ódio do que como veículos jornalísticos. As pautas sumiram. Restaram os briefings.

A intenção é uma só: destruir a imagem do governo, abrir caminho para o retorno de um regime ultraconservador, fascista, neopentecostal, a serviço dos lucros imorais do agronegócio e dos senhores da guerra política. Está tudo declarado, às claras. Eles não têm mais pudores — acreditam, com razão parcial, que estão lidando com uma massa analfabeta, preguiçosa, que não lerá um texto como este até o fim. E é nesse vácuo de leitura crítica que nadam de costas, livres, rumo ao golpe 2.0.

É o retorno planejado de militares, políticos corruptos, latifundiários e líderes religiosos ao comando do país, mesmo que isso custe o retrocesso absoluto, a intolerância institucionalizada, a repressão cultural e, talvez, um novo golpe militar — legitimado por tribunais comprometidos nos bastidores com a sabotagem democrática.

Em resumo: o vitimismo disfarçado de patriotismo, a manipulação midiática, as mentiras repetidas à exaustão, têm um único objetivo — o impeachment de Lula e a reabilitação política de Bolsonaro. Uma farsa travestida de democracia. Um teatro onde somos plateia e figurantes ao mesmo tempo. Mas, no roteiro desta peça grotesca, não temos direito algum de interferir no desfecho.

Se vamos sorrir ou chorar no fim, já sabemos: quem é trabalhador, LGBTQIA+, estudante, negro, quilombola, indígena, adepto de religiões não cristãs, ou simplesmente um ser pensante... já recebeu a resposta.

Por Alexandre Chakal
Num inverno morno de 2025, um dia após ver brasileiros empunhando bandeiras dos Estados Unidos e de Israel, agradecendo por sanções contra seu próprio país.

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