Entre grupos reconhecidos e novos
nomes do cenário nacional, descubra artistas brasileiros que usam suas letras
contra o sistema.
No Brasil, a música de protesto
ganhou destaque durante o período da ditadura militar e em meados de 1964
movimentos musicais encontraram na arte uma forma de criticar o sistema e
chamar a atenção da população para a luta contra a repressão vivida naquela época.
Após algumas décadas e vivendo um momento de crise econômica e no sistema de
saúde por causa da pandemia do novo coronavírus no país, a música como veículo
de informação e instrumento de protesto se torna tão essencial quanto na
geração que foi assolada pelo autoritarismo imposto anteriormente por aqui.
Conhecido por ser um segmento da
música pesada que apresenta rebeldia e letras politizadas, o punk/hardcore
desde os anos 1970 carrega consigo a responsabilidade de tocar em feridas
abertas da sociedade. Bandas como o The Clash e Sex Pistols ajudaram a emplacar
uma imagem ácida e direta da vertente ao expor suas insatisfações com o
ambiente social.
Em 2021, mesmo com o crescimento do
conservadorismo, do surgimento da cultura do cancelamento e das redes sociais
descartando conteúdos de forma cada vez mais passageira, muitos grupos
brasileiros ainda seguem a raiz do estilo musical mais sujo e agressivo do rock
n'roll e continuam a protestar por meio de suas canções no Brasil, ou seja, as
sementes de grupos como o Ratos de Porão, Cólera, Inocentes e D.F.C foram bem
plantadas em solo brasileiro. Conheça um top 10 com bandas que ainda saber
fazer músicas de protesto no Brasil:
1. Surra: Considerada por muitos como uma das mais influentes bandas
do novo cenário hardcore nacional por seu conteúdo, postura e discurso
antifascista, o Surra aborda, em suas letras e ideias, críticas ácidas sociais,
sistema público, além de denunciar, sem delongas, a desigualdade, capitalismo,
violência em si. Com quase 10 anos de estrada, inúmeros absurdos de shows,
turnês internacionais e com músicas que tocam em feridas abertas da sociedade
moderna, o trio de Santos vem fazendo história na música pesada brasileira. A
banda lançou em 2021 o seu registro mais recente, o ep ''Thrashpunk Teleport:
Submundo''.
3. Eskröta: Formada em 2017, a banda Eskröta é formada atualmente por Ya Amaral (Vocal/Guitarra), Tamy Leopoldo (Baixo) e Jhon França (Bateria), que desde sua formação inicial, tem como principal proposta a luta pela representatividade feminina no cenário e mais espaço para pautas que valorizem os direitos das mulheres na esfera social. O power trio feminino aborda em português temas sociais, o empoderamento de gênero e diversos outros assuntos que provam muito bem o quão é necessário a música de protesto continuar viva dentro do nosso país.
Donas de um crossover/thrash de
qualidade que chega para ressaltar que bandas boas não surgem somente nas
capitais do Brasil, as meninas do interior de São Paulo já têm fãs por todos os
cantos do país e participações em eventos e festivais relevantes no circuito da
música pesada brasileira.
Para completar os destaques da
banda, é importante ressaltar que as artes gráficas dos materiais da Eskröta
são impecáveis e chamam a atenção por combinarem muito bem com a proposta das
letras da banda.
Se o Beastie Boys fizesse aquela
fusão do Dragon Ball com o Hatebreed, é bem provável que o resultado seria o
Maddiba. Brincadeira à parte, o trio de Santo André sem dúvidas é uma das
maiores bandas da nova safra.
Uma curiosidade sobre o grupo gira
em torno do próprio nome. Maddiba é uma referência direta ao apelido do líder
político da África do Sul Nelson Mandela. Como o próprio nome já deixa claro, o
trio carrega em suas letras de protesto diversos assuntos que giram em torno de
preconceitos e tabus da sociedade.
Com uma frontwoman (Nata) que aplica
um verdadeiro "man down" através de um vocal único e invejável que
provavelmente a torna uma das principais vocalistas do rock n' roll em
atividade no Brasil, combinando perfeitamente com a proposta sonora da banda, o
Manger Cadavre? despeja em cima do ouvinte protestos sobre problemas do
cotidiano que vão desde a corrupção do sistema até a luta pela igualdade de
classe.
Atualmente, a banda trabalha em cima
de um financiamento coletivo para lançar o novo disco que vem para suceder o
álbum Anti AutoAjuda (2019) e manter o hardcore/crust do grupo ativo para
protestar contra tudo que está errado.
Mas você deve está se perguntando
qual o significado de "Manger Cadavre?, certo? Ao pé da letra deve
representar algo como "Comer Cádaver", de acordo com o grupo, faz
referência ao processo quase antropofágico de auto destruição da sociedade.
Banda inteligente e boa de referência, caro leitor.
O vocal de Caio Augusttus e as
guitarras de Estevam trazem, logo na primeira audição, a certeza de que o
Desalmado é uma banda que provavelmente ficará marcada na história da cena
underground de São Paulo por sua combinação perfeita entre o som extremo e
letras que protestam sobre o fascismo e os padrões sociais da vida moderna.
A banda já soma mais de uma década
de carreira, mas nos últimos anos tomou uma posição de extrema relevância na
cena brasileira e protagoniza como influência para diversos projetos musical
que estão surgindo nessa nova fase do cenário.
O quarteto de São Luís usa o termo
"traficando informações" na abertura de seus shows virtuais para
deixar bem explicado que os temas de suas músicas carregam um conteúdo
indigesto para quem acha que som pesado e protesto social não podem se
misturar. Com letras ácidas herdadas de bandas como D.F.C e um instrumental
caracterizado por um crossover visceral, os "bastardos nordestinos"
trazem uma crítica urbana cheia de irreverência e revolta.
O lançamento mais recente da
Basttardz é o videoclipe do single "Fogo na Zona Sul", uma crítica a
desigualdade social e ao estilo de vida playboy dos jovens da classe rica do
país. Destaque para o começo do video fazendo referência ao histórico
documentário da Tv Manchete "Os Pobres Vão à Praia".
É necessário mencionar o álbum
"Knowing the Enemy" (2020), um material que define perfeitamente a
cara da banda. Rápido, agressivo e com letras politizadas, faz jus ao termo
"tudo que é bom dira pouco" e é o tipo de disco que precisa ser
repetido na íntegra diversas vezes.
O quarteto já se apresentou em
grandes festivais como o Infektor Self Festival, Rock Cordel, CarnaMetal, entre
outros. Todo o trabalho executado desde então vem conquistando fãs Brasil afora
e com muita coisa por vir ainda.
A banda de Santa Catarina é formada
por Renan Evaristo, Roger Loss e Brudo Reichert e oferece um hardcore/grindcore
digno de respeito.
Por meio do álbum Abismo (2020) você
possivelmente vai ter o cartão de visitas perfeito para entender o trabalho
desenvolvido pelo trio. Canções como "Desinformação" e
"Desconstruir/Reconstruir" se destacam no disco. A banda ainda foi
adiante e acrescentou ao material faixas remixadas e numa pegada mais
eletrônica no final do álbum.
Desde o primeiro lançamento oficial,
o disco "Tocaia" (2016) até o single lançado no ano passado, a música
"Terra do Ódio", fica evidente que o objetivo do grupo é tocar um
hardcore/crossover direto e feito para quem gosta de música de protesto raiz
até porque a banda não enrola muito para dizer o que quer e acertar no alvo o
caos existente no Brasil.
Fonte:
FullRock
Que postagem linda. Chega a dar alguma esperança. Já vamos montar mais um bloco pro ALELUIA NUNCA MAIS
ResponderExcluir