INFLAMAR
“4 Way Split”
Xaninho Discos/Diversos – Nac.
Já gostei desse 4 Way Split começando pela capa, tudo a ver
com o seu título e com que as bandas presentes pregam. Digo que pregam, mas
mais em razão das letras, já que das quatro bandas presentes tive mais contato
com Manger Cadavre?. As demais eu não conhecia. E, sim, as letras são puro
protesto, ainda mais que passamos por tempos nebulosos e muitas bandas estão
dando a cara a tapa e metendo o dedo na ferida, sem qualquer temor. A já
mencionada Manger Cadavre? é a responsável por abrir o disco, mandando, com
furor, “Incendiar” e “Amazônia”. Além das letras altamente críticas,
sonoramente a banda passeia entre estilos como o Death Metal e o Grindcore, apresentando
bases marcadas nos andamentos das músicas e com vocais bem fortes, a cargo de
Nata Nachthexen. A banda seguinte é a No Rest e, sinceramente, esse nome não me
soa estranho e creio que já a tenha ouvido em alguma coletânea. Suas duas
músicas - “Nem Sujeição Nem Apatia” e “Abraçando o Fascismo” -, como os títulos
indicam, são cantadas em português e, claro, com um forte teor de protesto. Os
vocais também a cargo de uma mulher - Aline Rodrigues - seguem uma linha mais
“desesperada” e, musicalmente, a banda tem uma forte veia do Death Metal em
suas linhas, isso mesclado ao Hardcore, urgente, veloz. Na sequência temos o
Vasen Käsi e, claro, com uma mulher nos vocais. E esses vocais são mais
guturais, porém a banda soa bem mais Grind/Hardcore que as duas anteriores,
além de suas músicas - “Embrace the Fall” e “Prometheus” - serem cantadas em
inglês. Mas, apesar do estilo adotado e dos vocais guturais, não deixamos de
ouvir passagens marcadas e até vocais mais gritados. O fim vem com Warkrust, e
a volta das músicas em português - “Sua Sociedade Não Vale Nada” e “Pobre de
Direita” (ótimo título. Letra curta e direta). Os vocais Anne etoam linhas mais
graves, que são acompanhadas por instrumental de puro Hardcore/Crust. Veloz,
agressivo, direto e com linhas graves de baixo que estão na cara. Uma
“coletânea” que apresenta bandas capitaneadas por mulheres, mostrando a força
delas no meio Underground e na linha de frente de protesto. As gravações estão
no mesmo nível. A apresentação gráfica excelente, trazendo letras e informações
sobre as bandas e gravações. Músicas rápidas, pesadas e que metem o dedo na
ferida.
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