Livro: Idade do Mofo
Autor: Vinicius Canabarro
Lançamento: 2022
Editora: Saifers
Como mencionei na resenha de Aurora das Aberrações, até aqui tenho quatro livros de autoria de Vinícius Canabarro. Chegamos, então, ao último livro da minha coleção de distopias do autor.
A Idade do Mofo é outra trama que se passa em um futuro cabuloso. Antes de descrever o livro, gostaria de dizer que sou uma pessoa que sempre analisa o quanto a arte reflete o autor, suas ideias e desejos. Ilhas artificiais, formadas por diversos tipos de lixo, flutuam em um oceano que abriga prédios, coberturas chiques, mansões e barracos de favelas. O aquecimento global alcançou o ponto que previram anos atrás. Coincidentemente, hoje estava lendo um relatório da ONU desta semana e me lembrei dos escritos de Vinícius. O relatório afirma que, até 2050, toda a orla do Rio de Janeiro e partes da Baixada Fluminense estarão submersas pelo oceano.
Mas, seguindo, as ilhas artificiais são favelas, recheadas de dor, precariedades, abusos de poder, mortes, assassinatos e cadáveres apodrecendo a céu aberto. São os menos favorecidos, em grande similaridade com os miseráveis que vemos hoje vagando e subexistindo nas grandes capitais do maior país da América do Sul. Claro, temos também as elites, que conseguem manter status e poder em meio ao caos da maioria, controlando, através de subornos, as forças de segurança e os entusiastas e bajuladores de um regime que Vinícius não detalha muito, pois foca mais nos dramas pessoais de cada personagem. Essas figuras foram muito bem construídas pelo autor.
Mais uma vez, a escrita de Vinícius me fez ir exatamente para onde todos os que gostam de leitura vão: para dentro da história. Dá para sentir a vontade de estar naquele universo ou, ao menos, ler as páginas e visualizar os ambientes, expressões, dramas e situações de perigo.
É isso. Uma distopia que flerta diretamente com o que vivemos hoje e sinaliza para onde talvez todos nós estaremos em um futuro nada distópico.
Resenha por Alexandre Chakal
Originalmente publicada na página EM CARNE VIVA E CRUA.
Fonte
Metal Reunion Books & Zines
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