Metal Reunion Zine

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terça-feira, 27 de junho de 2023

ARQUIVOS EXPLÍCITOS - Contos e crônicas da ópera rock do terror cotidiano - Segunda Temporada 2023 - #7

 

Quando ele leu a coluna

Por Fabio da Silva Barbosa

Daí ele tomou um gole na branquinha e disparou:

- Mas por que o subtítulo é “Contos e crônicas da ópera rock do terror cotidiano” se, por vezes, são relatos e crônicas até tranquilas?

Sabia que em muitos momentos ele estava querendo provocar, mas um bom companheiro de mesa, um irmão de copo, reconhece o que o outro está querendo dizer. Naquele momento estava apenas com um questionamento autêntico.

- Tudo depende de quem está lendo. O que é aterrorizante para uns, soa como flores para outros.

- Mas quem está escrevendo é o mesmo. Então você deveria...

- Não deveria nada. Não tenho dever com nada, nem com ninguém.

- Mas então não faz sentido...

- Exatamente. Agora você está chegando perto. Nada faz sentido e não vai ser minha coluna que vai se prestar a salvar o mundo. Muito pelo contrário. Que sirva como prece ao próximo meteoro que estiver na direção da Terra para que dessa vez acerte em cheio. Cansado dessa conversinha de sempre passou perto. Ficamos em uma expectativa danada pra quê?

- Mas você não me deixa acabar de falar.

- Não precisa. Já sei o que você vai dizer e não me interessa. Mas estou sendo educado e não te deixando sem respostas.

Então ele discretamente tirou a sonda e colocou a tripa de borracha na garrafa que estava estrategicamente sob a mesa. Ele tinha prática em acertar a boca da garrafa e deixar a fina mangueirinha escorregar gargalo a baixo. Logo começava a brotar o líquido. Ele fazia isso tudo olhando para outro lado, ou conversando, como se nada estivesse acontecendo.

- Achei esse final perfeito.

- Que final?

- Você mijando na garrafa de cerveja com essa cara de paisagem.

- ...

- Vai ser a próxima coluna.

- O quê?

- Esse nosso papo.

- Pois é... É isso que eu digo.

- Pois é. É isso que digo também, só que de outro jeito.

- Então bota o que você quiser nessa porra.

- Pode deixar. Farei isso. Não se preocupe.  


Daqui a 15 dias, nos vemos novamente. Até lá!

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