Formado inicialmente por Guilherme Muniz em setembro de 2013, em
Teresina, a qualidade musical do Aloha Haole é uma coisa que vale ressaltar
sempre que um material é lançado. Após alguns materiais gravados, longos shows
e uma turnê no exterior, a banda retorna após um hiato e os integrantes
disponibilizaram um tempo para falar um pouco da história, planejamentos
futuros e alguns detalhes imprescindíveis, confira:
Metal Reunion Zine: Salve salve galera do Aloha Haole. Tudo bem com
vocês? Satisfação em poder trocar essa velha ideia de sempre. O que talvez não
falam nos shows ou nos bastidores, irão falar aqui, mesmo sem microfone.
Aloha Haole: Opa, tudo ótimo e vamos nessa!
Metal Reunion Zine: A banda teve seu início com uma marca bem
interessante, mas difícil de se ver pelo nosso Nordeste, o Surf Punk
Instrumental. Antes mesmo da primeira formação ter sua concretização, o
conceito já estava pré-formado ou foi mudando conforme os ensaios
passavam?
Aloha Haole: De início a Aloha Haole surgiu de um projeto de monoband do
Guilherme Muniz, a ideia inicial era de tocar ao vivo com um sample de bateria
no fundo, oque de fato aconteceu, o primeiro show da história da banda foi
nesse formato. Depois, quando rolou as gravações do If You Wanna Dance em 2014,
sentiu-se a necessidade de montar um banda com integrantes reais.
Metal Reunion Zine: Todos os materiais possuem suas características
específicas, mas sempre caminham na mesma linha de sonoridade e forma positiva
que a banda sempre consegue enquadrar. As composições em si são compostas com
quais elementos para chegar ao ponto final, que é o resultado dos CDs?
Aloha Haole: A banda já nasceu com certa identidade pode-se dizer, de fazer um
Surf Rock com muita influência de Punk/Hardcore, então as composições partem
sempre dessa linha. O Summer on Mars, ultimo trabalho lançado teve muita
influencia de Stoner Rock, mas mesmo assim tem muita coisa do If You Wanna
Dance.
Metal Reunion Zine: Ainda levando em conta o contexto de formações, o
Aloha Haole passou por alguns ajustes e a que está mais fixa é o trio atual.
Como foi achar os membros perfeitos e que se iriam se agradar com o som?
Aloha Haole: A banda teve algumas mudanças de formação no decorrer desses anos,
mas tudo foi ocorrendo de forma natural. Todos que passaram pela banda deixaram
sua parcela de contribuição de alguma forma. É, a formação atual funciona muito
bem no palco e foram dele também, além de tocarmos juntos, somos bem amigos,
então essa “química” talvez venha dai.
Metal Reunion Zine: Vocês acabaram de retornar aos palcos, ainda
estão na adrenalina pós-palco, e inclusive estão a poucos passos do lançamento
do DVD. De quem surgiu essa ideia e porque justo um DVD Live? Mesmo não lançado
completamente, estão felizes com o resultado?
Aloha Haole: A ideia do DVD é um pouco antiga, mas surgiu do Guilherme.
Pensamos em fazer a gravação do DVD por dois motivos principais, que era de
comemorar os 5 anos da banda, e de também sedimentar tudo que foi feito nesse
tempo (a banda possui dois álbuns e dois EP’s). Pode-se dizer que a Aloha Haole
é uma banda que sempre vai pensar em fazer coisas novas, em relação a shows,
músicas novas, e “registrar” de fato tudo que já foi feito foi uma experiência
muito positiva. A banda teve alguns hiatos nesses últimos tempos, o que de
certa forma atrasou um pouco esse processo de lançamento, mas em contrapartida,
será lançado no melhor momento possível da banda.
Metal Reunion Zine: Passando por alguns shows, grandes festivais e uma
mini turnê pela América do Sul, com certeza acabaram ganhando mais que espaço
por aí, então precisaram criar uma aura de ‘’microfone mudo’’ para causar algo
mais íntimo ao público, um feeling mais específico, uma causa mais nobre. Em
consideração a público e mercado musical, como vocês acham que eles olham para
o cenário independente instrumental e com músicos audaciosos, que são
vocês?
Aloha Haole: O cenário independente de forma geral infelizmente é restrito em
relação a incentivos (dos mais variados), comparando com outros ramos da música
do nosso país. Além disso, o fato da banda ser instrumental, o alcance de certa
forma também é menor, então quando tocamos ao vivo tentamos sempre passar a
energia do nosso som para o publico, talvez daí venha esse “feeling
específico”.
Metal Reunion Zine: Falando em turnê, vocês soltaram um spoiler
adorável que haverá a passagem 2.0 por alguns países. O que podem nos adiantar?
Aloha Haole: Sim! A banda já tem um histórico de algumas turnês, e uma delas
foi na Argentina em 2015, que foi muito massa. Estamos planejando voltar lá, e
também tocar no Uruguai e Chile, fazer uma turnê Sulamericana.
Metal Reunion Zine: Sejamos francos, os citados na última pergunta dão
forças necessárias ou hoje a banda consegue sustentar alguns ‘’rojões’’ por si
só?
Aloha Haole: Bem, o saldo da turnê no exterior foi muito positivo, foram quatro
shows e todas as pessoas envolvidas, desde produtores, profissionais da
imprensa e público corresponderam as expectativas, e como a banda já possui
certa bagagem, qualquer “rojão” que apareça, a gente já consegue lidar da
melhor forma possível. O saldo foi tão positivo que o If You Wanna Dance
foi lançado em fita cassete por um selo Argentino, Piramide Records, e desde
então sempre aparece um convite ou outro pra gente voltar, e os planos pra 2020
é de voltar a tocar por lá, e também no Chile e Uruguai.
Metal Reunion Zine: A música Punk
nacional em si surgiu como uma crítica ao Regime Militar e vemos tanto nas
músicas antigas quanto nas músicas atuais a força que possuem para criar uma
reflexão e um novo âmbito de debates, infelizmente estamos vivendo um período
de ‘’guerra sem armas de fogo’’. Tais destas letras estão relacionadas não só a
política, mas a assuntos gerais da sociedade, das pessoas, enfim, até de
diversões e muitas cantadas antigamente, ainda fazem sentido atualmente. Como
algumas coisas no nosso cotidiano, entender é uma coisa, sentir é outra.
Acreditam que os acordes, batidas e graves de vocês poderão fazer tanto sentido
no futuro quanto fazem agora?
Aloha Haole: Com certeza. Não é
pelo fato de sermos uma banda instrumental que não temos uma mensagem nessa
direção. Somos uma banda com muita influencia sonora e também ideológica com a
cena Punk, e nossa mensagem sempre vai ser antifascista e anti qualquer forma
de preconceito que infelizmente ainda existe no nosso dia a dia, quem nos
acompanha e nos conhece sabe disso.
Metal Reunion Zine: Vejo que o
Underground não é comercial e nunca será, ideologicamente, mesmo com todo
sucesso que algumas nacionais já fizeram, sejam com ou sem microfone. Algumas
de Teresina mesmo poderiam ter uma grande ênfase pelo Brasil a fora, Vulgo Garbus é um bom exemplo, mas não
sei a realidade que se encontra, talvez um hiato básico. Vocês observam que
comentários e fake News podem afetar de alguma forma alguma espécie de estouro?
Por exemplo; canso de ver um pessoal bem carente de atenção e de curiosidade,
já que não saem de suas casas para prestigiar alguns shows, falando que o
Underground tá morto ou que o Rock já teve sua época de ouro.
Aloha Haole: Fake News atrapalha
tudo em qualquer situação. Não gosto dessa frase de que o “rock morreu”, talvez
ele tenha mudado seu foco, deixou aparecer na TV e nas rádios por motivos
óbvios, dinheiro. Nosso país não tem uma cultura forte de Rock (como outros
lugares), então a grande massa não vai consumir isso como, por exemplo, consome
sertanejo ou forró, mas nem por isso ele vai morrer. A leitura que eu faço é
que o mercado musical de forma geral, sempre vive de “ondas” e nesse momento o
Rock de fato não está em alta, como esteve há anos atrás, onde existiam novelas
que o tema central era uma banda de rock, mas em contrapartida para o
Underground, e pra cena independente, sempre vai ter bandas legais pra você
conhecer e curtir, e o melhor, bandas reais, com mensagem e propósito de
verdade, e não produtos de mainstream, e você só conhece frequentando os shows
locais, acompanhando os festivais que acontecem por aí, ou seja, consumindo de
fato isso.
Metal Reunion Zine: Como estão observando as novas águas pelo
Piaui, sejam shows, espaços para fazer eventos, bandas novas, enfim?
Aloha Haole: Completando a ideia anterior, sempre vai ser difícil fazer algo
relacionado a rock no Brasil, e aqui no Piauí não seria diferente, mas eu gosto
de ter uma visão positiva. Algumas bandas novas vêm surgindo, e quanto mais
bandas tocando melhor pra todos, e enquanto um espaço para tocar deixa de
existir, a gente torce para que surja outro um tempo depois, então minha
analise é nessa visão.
Metal Reunion Zine: Em relação a criação e persistência das bandas que
estão a anos, acho que vocês podem dar os devidos conselhos de como fazer uma
execução ao vivo superar a do CD. É admirável quem faz isso, creio que não deva
ser um diferencial, e sim uma obrigação, seja executar de forma mais rápida,
mais intensa ou até mais pesada. Quais os tipos de bandas na atualidade que merecem ser
entendidas como Undergrounds e 'médias', e aquelas que, na opinião sensata de
vocês, claro, não merecem ser?
Aloha Haole: A gente quando faz
qualquer tipo de apresentação, de ensaio a show, nos concentramos naquele
momento e só, não tem segredo, é só deixar a musica fluir, e como a energia na
banda é muito boa, tudo acontece da forma mais natural possível. Acredito que
toda banda Underground tem seu valor, então tudo que se faz é válido, ainda
mais com as dificuldades que sempre vai ter.
Metal Reunion Zine: Seguindo a mesma
linha de raciocínio; O que vocês acham dessa galera que faz sucesso muito
rápido hoje em dia, isto é, sobre o mercado musical? E desses movimentos em
prol ao rock atuais, como coletivos, etc…?
Aloha Haole: De fato eu não acompanho muito artistas que fazem sucesso
repentino, mas a meu ver são motivados por outros aspectos além da música,
business de um modo geral, que nesse caso prevalecem mais do
que a qualidade musical, em uma grade parcela desse mercado. Sobre
movimentos em prol do rock, como coletivos, é uma ótima sacada pra tudo isso
que está acontecendo, ter mais oportunidades de mostrar seu trabalho, e com
pessoas que entendam e queiram fazer acontecer, é muito válido e de extrema
importância pra toda cena independente.
Metal Reunion Zine: Uma pergunta que
geralmente possui bons debates e até algumas farpas jogadas ao ar; Qual a
diferença entre ser um músico ''profissional'' que toca metal, hardcore, e ser
um headbanger que toca metal?
Aloha Haole: Boa pergunta! Eu
(Flávio), como baixista da Aloha Haole, penso em focar 100% no som que eu faço.
Não preciso de certas técnicas de baixo para fazer meu som, como por exemplo:
slap, ou pizzicato. Então eu foco em fazer oque é útil para mim e para a banda,
que é deixar o meu som do jeito que gosto e usar técnicas que valem a pena para
mim, como o uso da palheta (de onde vem o ataque que preciso), por exemplo. Por
ser um cara que sempre ouviu Punk Rock, eu tento focar ao máximo a sonoridade
das bandas que pra mim sempre serão referência, como Descendents, Rancid, e
Ramones. Então nesse caso, por conhecer bem minhas referencias e saber aonde
quero chegar, não procuro versatilidade, procuro algo bem específico, então ser
um “headbanger” que faz um som, é um ponto positivo.
Metal Reunion Zine: ALOOOOOOOOOHA!!!
O espaço agora é de vocês, especialmente para falar mal um do outro, xingar,
agradecer, dar algum spoiler, enfim. Agradeço a atenção e nos vemos nos Haoles!
Aloha Haole: Opa! Valeu demais pelo espaço, e
sempre é um prazer. Passamos um bom tempo parado, mas foi bom pra descansar,
recarregar as energias e seguir em frente. Próximo ano vai ter muitas
novidades, acompanhem a banda pelas nossas redes (@alohahaoleband) e fiquem
ligados que vai ter muita coisa legal, e logo no primeiro semestre de 2020.
Valeu demais!! #STAYHAOLETILLDEATH
Para mais informações, shows e merchandise:
Fonte: FullRock
Por: Pedro Hewitt
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