Metal Reunion Zine

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quinta-feira, 16 de julho de 2020

DORSAL ATLÂNTICA - Canudos - Resenha CD


DORSAL ATLÂNTICA
“Canudos”
Independente – Nac.

Não consegui resenhar o “Imperium”. Ele está ali, na minha discografia da Dorsal Atlântica. “Canudos” eu recebi no final de novembro/2017, autografado por Carlos Lopes, com data de 16/11/2017. O disco fez parte de outra campanha e financiamento, e sua gravação foi possibilitada em razão do apoio dos fãs da banda (eu incluso). Mas, por quase três anos, eu não consegui sentir segurança para resenhar esse disco. É uma obra que vai além da musicalidade. Quando eu pus o CD para tocar foi igual a um ritual. Eu sou fã dessa banda, quem me conhece sabe muito bem disso, então foi algo para se ouvir com cuidado e sabendo que o que ouviria não era um simples disco de Heavy Metal. E foi esse o primeiro impacto, pois foi um disco que não foi digerido na primeira ouvida, nem na segunda, na terceira... É um disco com uma musicalidade muito complexa, mas soando Thrash Metal, em português, político, fazendo um paralelo, lírico, com a situação política do Brasil da época. Não se digere Dorsal Atlântica na primeira mordida, no caso, aqui, na primeira ouvida. E o disco começa com “Canudos”, uma instrumental, aí vem uma pedrada atrás da outra, sem ser aquele som usual, mas trazendo muito do que a banda já fez (difícil digerir isso, né?). Os temas são um dedo na ferida - “Não Temos nada a Temer”, “Um Minuto Antes da Batalha” - é tudo muito político, não irá agradar, liricamente, ao Headbanger que escuta som pelo som. Até porque a influência de música nordestina é muito latente e sem usar de batucadas. A parte instrumental é muito musical, mas sempre repleta de peso, com os vocais fazendo parte dessa musicalidade. Lembro que, na época, depois da segunda ouvida, viciei no disco, e foram ouvidas ininterruptas, para ouvir cada detalhe, cada parte lírica. Mesmo que eu discorde com algumas passagens líricas, sua maioria me representa. “Sonho Acabado” - por sua levada, mezzo Thrash, mezzo regional -; “Cocorobo” - atenção ao paralelo que essa música traça; a violenta - música e liricamente - “Gravata Vermelha”; falei sobre violência sonora? Então não deixe de ouvir o Thrash, praticamente um Hardcore, “Ordem e Progresso”... Esse disco, musical e liricamente, é um insulto (ao conservadorismo). Não é fácil de digerir e foge dos padrões, por isso soa tão Dorsal Atlântica. Gravação de alto nível. Produção gráfica irrepreensível... Ao lado de Carlos Lopes, nesse disco, Cláudio Lopes (baixo) e o falecido Américo Mortágua (bateria). Nunca haverá, novamente, um “Antes do Fim”. Mas haverá o legado da Dorsal Atlântica, sempre. Hoje mais um projeto que uma banda, mas trespassando o tempo e sem nunca se curvar aos modismos da música. Um disco fantástico, ainda mais para quem sempre entendeu o que a Dorsal Atlântica sempre quis dizer.

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Resenha por Valterlir Mendes

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