Na batida de um samba mal tocado na mente de um simples analfabeto, dono de si, incompetente e fantasiado de executivo canastrão e sorridente, vejo, com mistura de rancor e tristeza, uma dança animada e infinita dos privilégios na terra da jabuticaba. Enquanto o setor privado é implacável com os erros – afinal, o capital não tolera amadores e permanece selvagem –, na gestão pública, a incompetência é tratada como uma espécie de prerrogativa. Imagine só, onde mais você poderia encontrar uma sinfonia tão harmoniosa entre ineficiência e impunidade? Empresa familiar herdada por filhos viciados em drogas? Errou!
Os políticos! Os "gestores" públicos! Os apadrinhados incapazes de amarrar os próprios cadarços sem ajuda de alguém de fato qualificado, mas por aqui, normalmente ocupando um subemprego maldito que o escraviza até o fulminante infarto ou engordando as inúmeras filas de famintos e infelizes desempregados.
Disse, digo e reafirmo: o pré-requisito para ser político ou gestor público em cargo de confiança aqui no Brasil é não prestar para cargo nenhum e ter alguém influente ou alguma lei retrógrada para indicar o tal inapto ao cargo, geralmente muito bem remunerado, pago com verba pública oriunda dos impostos que de ti são cobrados, que sugam para um ralo imundo o seu pobre dinheiro tão suado.
Enfim... Enquanto o Zé da Silva, que talvez seja carinhosamente chamado de Zé Buceta por seu cruel patrão, é demitido sumariamente por um erro de digitação, nossos honoráveis políticos e gestores públicos parecem ter imunidade diplomática contra a lógica. Afinal, por que punir a incompetência quando se pode glorificá-la com exonerações regadas a salários polpudos e até mesmo uma salva de advertências inúteis, que viram motivo de chacota entre eles e até bordão de suas piadas internas vergonhosas? Deve ser reconfortante saber que, no mundo da gestão pública, não importa quantas vezes você erre, sempre haverá um lugar confortável para você no sofá da burocracia.
Desconfio que as repartições públicas têm leis próprias, leis que não se importam com ética, são reconhecidas pelo poder judiciário, visto que se criam leis e mais leis que blindam as incompetências, desvios e inclusive promovem para nós o anonimato do gestor culpado. Afinal, políticos e apadrinhados criaram uma classe distante do trabalhador, do eleitor, do indigente e do desabrigado. Se falar algo com mais verdade ainda, falo com você, que está lendo, talvez mais um desgraçado que mal consegue comer e trabalha num 7x1 em troca de um mísero e vergonhoso salário, que mora em área de risco longe da cobertura do político ou da casa segura de seu apadrinhado. Você que não tem tempo de notar que essa classe é uma espécie de quadrilha organizada visando o lucro, a riqueza e posses conseguidas com bajulação e quase nenhum trabalho. Virou sonho pra você? Se encostar em um parasita eleito e babar suas bolas até crescer? Ou você quer que essa porra que te fode, mude, acabe, reforme?
Mas, veja bem, não se trata apenas de incompetência. É quase um festival de distúrbios de caráter! Enquanto o cidadão comum precisa se submeter a um código de ética até para respirar, nossos digníssimos representantes parecem viver num mundo paralelo onde a palavra "ética" é apenas uma abstração desconhecida.
Isso porque eu não quero falar dos processos seletivos, que deveriam estar até entre aspas falando de gestão pública e política. Enquanto no setor privado o sujeito precisa, além de mostrar títulos que provem sua qualificação, passar por uma seleção concorrendo com centenas de qualificados, ter até que fazer dancinha ridícula na dinâmica de grupo, falar três ou mais idiomas, e o político é indicado por alguém para administrar os locais que são mantidos com os impostos que pagamos, só precisa existir e ser amigo, amante ou parceiro de canudo de pó do indicador.
Então, sim, caro contribuinte, enquanto você rala para pagar seus impostos, é reconfortante saber que está financiando o circo da incompetência e da falta de ética na gestão pública. Afinal, onde mais você encontraria um espetáculo tão grandioso de má gestão, impunidade e cinismo? É o Brasil, meu caro, um país onde até a incompetência tem um lugar cativo no palco do poder.
Foda-se se nesse texto, mais uma vez eu "chovi no molhado". Foda-se se ninguém liga e que na próxima eleição, você, leitor vai continuar elegendo safado para te escravizar. Gestor público que vai indicar para te chefiar, esculachar e ameaçar te demitir, uma gostosa, siliconada, analfabeta que não precisa saber o que você faz, nem muito menos o que é chefiar. Ela, diferente de você, só precisa saber escolher uma calcinha cavada, a saia curta colada e ser competente na hora de mamar o cara que você elegeu com sua estúpida utopia.
Por fim, respeite sua gestora siliconada, seu chefe incompetente e disfarça que leu esse texto dando uma sonora gargalhada bem dissimulada e volta para seu posto antes que descontem sua hora não trabalhada.
Texto escrito ao som de "Delegado Chico Palha" por Marcelo D2
Por Alexandre Chakal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário