No circo ideológico brasileiro, o conservadorismo dança com a justiça parcial em um tango tão íntimo que parece ser inseparável. Enquanto os ricos desfilam na passarela da impunidade, os condenados pobres e pretos são empurrados para a sarjeta da marginalização. Ah, a meritocracia, o doce sonho dos oprimidos, o conto de fadas que os mantém sonhando com castelos no ar enquanto os verdadeiros nobres se agarram ao trono por laços de sangue e acordos nos bastidores. A tal meritocracia brasileira é um desfile de incompetência disfarçada, onde o critério de promoção é mais sobre quem você conhece do que o que você sabe. É como uma grande empresa familiar, onde a incompetência é recompensada com um tapinha nas costas e uma promoção, enquanto os mais qualificados são relegados ao anonimato.
E o sistema escravagista disfarçado de jornada de trabalho, onde o 6x1 ou 7x1 é apenas uma piada de mau gosto, uma folga aleatória jogada aos leões. Essa é a "modernização" trazida pela reforma trabalhista de Temer, selada com um beijo de aprovação por Bolsonaro em 2018. Uma reforma que abriu as portas do paraíso para os empresários, enquanto os trabalhadores foram deixados para lamber as migalhas do chão.
E que dizer dos sindicatos? Uma vez poderosos, agora reduzidos a meros espectadores nesse teatro da crueldade. A maioria deles, tão corruptos quanto os políticos que deveriam combater, abandonaram seus sindicalizados à própria sorte, perdidos em um mar de interesses mesquinhos e egos inflados. Oh, Brasil, terra de contrastes e contradições, onde a injustiça é a única constante e a esperança uma ilusão frágil, sustentada apenas pela ingenuidade daqueles que ainda acreditam em milagres, sorte e outras coisas que não precisam de competência para acontecer.
Ah, a vergonhosa tentativa de comparar os mercados brasileiros com os americanos e europeus, como se aqui houvesse algum ponto de referência além do desenfreado consumo capitalista que mantém a população refém de suas próprias ilusões. Enquanto lá fora o debate gira em torno de inovação, sustentabilidade e qualidade de vida, aqui nos contentamos com a sobrevivência em um sistema que nos trata como peões descartáveis em um tabuleiro onde os magnatas jogam com as nossas vidas.
E o que dizer da mídia aberta, essa fiel propagadora de falsas esperanças e ilusões de oportunidades? Ela alimenta o sonho do concurso público, da vaga de emprego estável, enquanto nos bastidores o jogo já está combinado, os cargos já têm dono, e o povão fica com os ossos, agradecendo aos céus por migalhas, enquanto os verdadeiros beneficiários se banquetear com os filés suculentos da meritocracia falsa. A promoção após uma década ou mais no mesmo cargo, um aumento salarial de migalhas, é pintada como um conto de fadas moderno, enquanto os verdadeiros contos de fadas são reservados apenas para os privilegiados nos castelos da elite. Elite essa que às vezes nem é elite de porra nenhuma, apenas emergentes, oportunistas, recebedores de dízimos, exploradores de idosas pensionistas, canalhas com sorrisos forjados para enganar, golpistas, muitos deles envolvidos em práticas criminosas e outras atitudes condenáveis e deploráveis, mas que sabem fazer cara de herdeiros e pose de elite para disfarçar a sua inaptidão e ignorância que o seu rico dinheiro não conseguiu comprar.
Por Alexandre Chakal
Nenhum comentário:
Postar um comentário