Metal Reunion Zine

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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

SEPULCHRAL WHORE METAL MORTAL PERNAMBUCANO - ENTREVISTA


A banda pernambucana Sepulchral Whore surgiu no final de 2014/início de 2015, inicialmente como um trio, sendo atualmente um quarteto. Com dois de seus integrantes advindos da extinta Beast Conjurator, a sua musicalidade é forjada no velho Death Metal, com algo de primitivismo, mas sempre procurando traçar o seu próprio caminho. O primeiro lançamento foi o EP “Everlasting Morbid Delights”, lançado em 2017. Esse material de estreia foi lançado por diversos selos ao redor do mundo, além de ser lançado nos mais diversos formatos (digital, CD, vinil, K-7). O material ganhou bastante respaldo e a banda fez alguns shows em sua terra natal. Mais recentemente, além da entrada de um quarto integrante, a Sepulchral Whore disponibilizou, digitalmente, o single “Chamber of Fear”. Saibamos um pouco mais da história da banda nas palavras do vocalista/baixista Necrospinal e do guitarrista Nyarlathotep IV.

Metal Reunion Zine - Antes de o Sepulchral Whore havia o Beast Conjurator, que também fazia Death Metal calcado na ‘velha escola’. Metade do Beast Conjurator se encontra no Sepulchral Whore e o único membro que não fazia parte daquela banda era o baixista/vocal Necrospinal. Essa foi a razão para se acabar aquela banda e iniciar o Sepulchral Whore: a mudança de vocalista?
Necrospinal - Primeiramente, gostaria de agradecer aos membros do Metal Reunion Zine e a você, Valterlir, pela oportunidade de relatar um pouco da nossa ainda curta história. Agora respondendo sua primeira pergunta: a Sepulchral Whore foi uma banda que nasceu independente e paralelamente ao Beast Conjurator. Inclusive, quando a criamos no finalzinho de 2014 o Beast Conjurator ainda existia, só encerrando atividades meses depois. A banda surgiu da vontade que eu, Nichollas (Nyarlathotep IV) e Carlos (C Le Sorcier) tínhamos de fazer algo autoral juntos, tendo em vista que enquanto eu tocava na extinta Stormblood (Thrash Metal), tive uma breve passagem na antiga banda do Nyarlathotep (RIP Soldier - Thrash Metal) e também com ambos, numa série de ensaios para um evento ímpar no qual iríamos executar clássicos do Sodom, mas esse show tributo em específico acabou não acontecendo e a nossa vontade de tocar juntos ficou, pelo bom entrosamento que tivemos naqueles ensaios. Vale salientar que a Sepulchral Whore, a princípio, seria uma banda de Black/Thrash Metal nos moldes de bandas clássicas deste subgênero, tais como Desaster, Nifelheim, Absu, Nocturnal, etc. Mas depois de alguns encontros e riffs que criamos nos vimos inundados por sangue e Metal da Morte, então decidimos que a nova banda seria um esquadrão ‘deathmetálico’.
Nyarlathotep IV - Antes de tudo, aquele velho e verdadeiro clichê: obrigado pelo espaço meu nobre, Valterlir! A Sepulchral Whore teve início quando a Beast Conjurator ainda estava na ativa. Logo, uma coisa não tem correlação com a outra. Porém, posso afirmar que quando a Beast Conjurator acabou, os 50% que era da banda se tornou 100% da Sepulchral Whore. Sobre a questão sonora, a Sepulchral Whore tem um som de fácil entendimento, porém não acho tão primitivo quanto você e muito amigos mencionam. Somos livres em relação as nossas composições. Acredito que sabemos mesclar bem tudo que temos como influência musical e vivência em outras bandas. Com isso erros de outrora não acontecem. O Necrospinal é amigo nosso de longas datas e essa ‘Espinha Necrótica Raivosa’ tem um talento e destreza incrível e anos atrás já tentamos formar uma banda. Infelizmente ou felizmente não foi o momento melhor de nossas vidas. Quando decidimos por em prática a Sepulchral Whore foi o melhor momento, tanto é que a banda tá rolando como uma bola descendo ladeira. (risos)

Metal Reunion Zine - Em tempos de politicamente correto, o nome da banda pode ser uma afronta a alguns segmentos. O nome Sepulchral Whore foi criado com o intuito de chocar, de criar polêmica mesmo?
Necrospinal - Absolutamente não! Concebi a ideia do nome baseado na minha faixa favorita do Slayer, “Necrophiliac” do Hell Awaits. Escrita por Kerry King, essa letra narra um homem necrófilo que por sua essência tinha como desejo entrar no cemitério na calada da noite para satisfazer seus desejos sexuais, daí pensei em criar uma personagem oposta ao personagem de Kerry King: Uma mulher adepta da necrofilia, que violava catacumbas a fim de realizar suas fantasias mais sórdidas. Nosso primeiro EP tem vários elementos que remetem essa intenção: desde o título, encarte, narrativas e também no final da faixa Necromancer’s Rites, que se encerra com um sample clássico retirado da trilha sonora do filme alemão de terror Nekromantik, do diretor/cineasta Jörg Buttgereit (Alerta de Spoiler). Um filme que traz um casal, qual o namorado trabalhava transportando cadáveres para um necrotério e um dia resolve levar um cadáver para sua própria casa com a finalidade de apimentar a relação com sua namorada. Assim é tomada a iniciativa de um ménage à trois, usando o defunto como o terceiro elemento. A partir daquele momento, a necrofilia se torna um vício habitual para ambos. Quem ainda não assistiu, essa trama doentia é altamente recomendável para amantes de filmes gore/terror trash. Se qualquer indivíduo olhar nosso logotipo com atenção, imediatamente se concebe que não se trata de menosprezo misógino. Acima de qualquer alcunha, a mulher em questão é uma espécie de ícone dentro deste conceito de horror; uma anti-heroína (comparando a um anti-herói), por assim dizer. Respeitamos aqueles que possam julgar o nome da banda como apropriação indevida de gênero, mas consideramos um erro tentar nos tachar ou nos incluir num nicho de bandas machistas. Passamos longe de bandas que narram e cultuam contos de feminicídio. Nossa personagem é completamente o oposto, pois ela não é a vítima, é uma algoz e está de pé, sorrindo em cima de uma pilha de cadáveres.

Metal Reunion Zine - A banda surgiu, oficialmente, em 2015 e dois anos depois lançou seu primeiro material, o EP “Everlasting Morbid Delights”, que conta com sete músicas. Vocês não cogitaram compor mais duas ou três músicas e de cara lançar um álbum completo?
Necrospinal - Como você bem frisou, foram pouco mais de dois anos para o lançamento desse material de estreia e essa demora se deveu pela incompatibilidade de horários entre os membros, pois naquele período, Nyarlathotep e C Le Sorcier trabalhavam sob regime de escala. Já no meu caso, sempre trabalhei sob demanda aleatória, não tendo horário fixo, o que foi um fator complicador de disponibilidade para ensaios, composições, etc. Por mais que já houvesse meios tecnológicos para se compartilhar criações, não havia tempo sequer para se escrever algo, mesmo que fosse de casa. Para entender melhor, vale salientar que desde o início da banda tínhamos feito um acordo de que não iríamos subir em um palco antes de gravar um material e, consequentemente, sem antes ter sequer uma promo para oferecer a quem viesse se interessar pelo nosso som mediante nossa performance ao vivo. Contudo, nossa vontade de tocar ao vivo foi crescendo, o que forçou um sacrifício de fechar o projeto de produção em sete faixas (seis músicas e uma intro). Dessa forma iniciamos e encerramos a gravação, coletando duas faixas e produzindo uma promo (não oficial - do it yourself) para ceder em nossa primeira apresentação ao vivo (dezembro de 2016).
Nyarlathotep IV - Antes de entrar em estúdio, nós decidimos que faríamos um EP, bem modesto. Mas nossa musicalidade fluiu de forma simples e prática; o EP saiu um pouco longo. Sobre gravar mais duas músicas, poderíamos ter colocado e lançar de cara um álbum completo, porém preferimos guardar nossas ideias para lançamentos futuros. O lance do EP, temos certeza que foi a melhor escolha.

Metal Reunion Zine - Esse material foi lançado em tudo que é formato conhecido: CD, LP, K-7 e digitalmente. Primeiro falando sobre a mídia digital, como uma banda como o Sepulchral Whore, que faz um estilo mais primitivo de música, ver o lançamento de seu primeiro trabalho nesse tipo de mídia?
Necrospinal - Vemos como algo natural e não como uma forma de seguir tendência. Se olharmos no espelho, primeiro nos enxergamos como Headbangers e depois que nos vem a ideia que temos banda e também criamos conteúdo. Sob o olhar de consumidor e fã de música pesada que somos, a mídia digital nos dá o privilégio de conhecer e ter acesso a bandas e discos que há anos (quando começamos a consumir música) eram absolutamente raros, fisicamente limitados e restritos. Com pouca grana, a gente sobrevivia e matava a vontade na base de cópias dos vinis e programas de rádios em fitas K-7 regraváveis, que eram ouvidas de trás para frente, de cabeça para baixo, etc., até gravar outro álbum por cima daquela mesma fita. Ter vivido essa época nos faz considerar válido qualquer registro feito por músicos (bons ou não) e por meios analógicos (exclua música eletrônica dessa lista) e entender que as tiragens limitadas de materiais físicos que antes eram privilégio de poucos (em uma época que muitos fãs de Rock and Roll em geral eram limitados e não podiam expandir seus conhecimentos) a facilidade atual estimula, inclusive, a criação de novos grupos musicais. Um exemplo: Um jovem Headbanger que ainda não goza da independência financeira, assim como nós não tínhamos em nossa juventude ‘rocker’, e perde a oportunidade de adquirir um material físico da Sepulchral Whore uma vez que se esgote, as plataformas digitais vão dar a oportunidade desse Metalhead nos conhecer e curtir nosso som mesmo dentro de suas limitações. Mas como todo bônus tem um ônus, muitos fãs que jamais sofreram com as dificuldades de acesso à música pesada e censuras de outrora, não valorizam o esforço de quem cria. Se afogam no consumo de música digital por meios gratuitos, mesmo tendo condições para fazer diferente. Muitos desses deixam de ir aos eventos, de comprar merchandise e de contribuir de forma direta e efetiva para que a engrenagem possa se manter funcionando. Esse é o lado perigoso da história, que com o passar dos anos torna a chama ainda mais branda.
Nyarlathotep IV - O lance digital é algo natural e uma ferramenta de fácil divulgação nos dias de hoje. Logo, seguimos a demanda do nosso século. (risos) Inclusive a digitalização do material ajuda muito na distribuição da nossa mídia física. Então, as mídias sociais são de grande importância a qualquer banda/artista.

Metal Reunion Zine - O CD é o formato mais conhecido, entre os Headbangers, porém lançar o material em vinil e K-7 não é tão usual atualmente, tendo em vista que os valores para lançar dessa forma são bem altos. Como surgiu a oportunidade do lançamento em tais formatos e como foi a recepção/procura de uma forma geral?
Necrospinal - De fato não é algo tão comum, mas há uma variante de acordo com a cultura de determinada localidade/cena e podemos correlacionar isso tanto no contexto do selo (investidor) como também dos fãs (consumidor). Sobre as oportunidades, assim que terminamos a gravação do nosso EP, definimos design de encarte, sequência de faixas, etc. Nós preparamos uma nuvem online contendo uma pasta promocional restrita com arquivos para divulgação prévia do nosso material e as chances surgiram a partir de uma série de contatos feitos pelo C Le Sorcier e, apesar do histórico de nossos membros em outras bandas relevantes, não houve feedback por parte dos selos ‘brazucas’, infelizmente. Muito possivelmente em detrimento da instabilidade governamental e da crise financeira instaurada propositalmente em nosso país, os selos nacionais preferiram não apostar em uma banda ‘nova’. Já no exterior, felizmente, as coisas fluíram de uma forma mais rápida, eficaz. Quem gostou do nosso som nos fez proposta imediata, negociamos algumas condições e fomos fechando os lançamentos aos poucos com os respectivos selos. A Metal Ways Records (México), nosso selo principal, nos lançou em CD: 500 cópias em escala mundial; em fitas cassete foram lançadas em tiragens limitadas na Europa pelo selo Metal Throne (Grécia) e na América do Sul pela El Conjuro Records (Argentina). Logo em seguida em cassete pro-tape vermelha na América do Norte pela Von Frost Records (Canadá); em LP, o formato tradicional em vinil preto foi lançado na Europa pelo selo Burning Skull Records (Suécia) e nos próximos meses será lançado em vinil vermelho transparente na América do Norte pelo selo Flesh Vessel Records (Estados Unidos). O público Metal, em sua maioria, é colecionador e compra os lançamentos sem pena e levando em conta que “Everlasting Morbid Delights” foi um EP e um lançamento de estreia, a receptividade ao nosso som tem sido muito foda, dentro e fora do Brasil. Ótimas resenhas de vários webzines, algumas boas entrevistas e o mais gratificante: que é o feedback dos Metalheads que curtem nosso som, adquirindo nosso EP fisicamente em diversos formatos, aqui no Brasil e no resto do mundo. E essa galera nos procura, vem nos saudar pessoalmente ou através de nossas redes sociais e, independente de fronteiras, nos perguntam quando e se vamos tocar em suas cidades algum dia, e essa é uma sensação indescritível, imensurável!

Metal Reunion Zine - Falamos sobre primitivismo, fazer Death Metal calcado nos primórdios, mas sem soar mera cópia, não é uma tarefa fácil. Quando vocês começaram a fazer música, qual foi o pensamento primordial, no que tange a fazer uma música com características próprias?
Necrospinal - Eu, particularmente, não me prendo ao risco de inconscientemente soar similar a algum artista ou ser tachado de cópia de “A” ou “B”. Todos nós temos referências artísticas, não obstante todos nós somos influenciados por alguém. Isso valeu para o Black Sabbath, para o Judas Priest, Iron Maiden, Saxon, Metallica, e também vai valer para a banda que vai nascer amanhã. Ao meu ver, quem se limita sob o risco de estereótipos e esquece de focar na exploração seu próprio potencial dentro do gênero musical adotado pela banda que toca, aumenta as chances de errar a mão e ser um fiasco. No nosso caso, volto a frisar, somos fãs de Heavy Metal e todos os discos que compramos, ouvimos de uma forma ou de outra, nos impregnou de uma forma irreversível e com naturalidade vagamos entre a velha escola do Death Metal tradicional e elementos clássicos do Doom Metal e somamos isso tudo à inspirações inerentes a negatividade e repulsa. O resultado é exatamente esse que ecoou em seus ouvidos e motivou essa nossa entrevista. Metal mórbido e obscuro. No mais, acredito que a busca pela originalidade não deve prevalecer sobre o feeling da musicalidade de cada um.
Nyarlathotep IV - Quando se fala em primitivismo, logo vem em minha mente Hellhammer e Celtic Frost. Temos influências dessas grandes bandas, mas não acho a Sepulchral Whore tão primitiva quanto ambas. Como falei anteriormente acho que a Sepulchral Whore faz um som de fácil entendimento. Se ser primitivo é isso. Então somos. (risos) Sobre composições, as músicas surgem com tamanha naturalidade; não seguimos fórmulas, com isso juntamos todas nossas influências e tentamos fazer algo o mais original possível. Apesar de que, se você ouvir nossas música com calma, vai vai perceber influências fortíssimas de outras bandas que curtimos.

Metal Reunion Zine - Não há ‘invencionices’ na música do Sepulchral Whore, porém é uma música que prende a atenção do amante do velho Death Metal e ficou notório que nesse EP a musicalidade é bem equilibrada, seja nos momentos mais ríspidos, nas bases, nos riffs e até mesmo nos solos de guitarra. Quais músicas podem melhor definir a sonoridade da banda nesse EP?
Necrospinal - Pergunta difícil de responder, mas vamos lá: Um exercício para tentar te responder é baseado em nossos debates internos, para definir ‘set list’ antes de algum show e, conforme nosso repertório vai crescendo para além das músicas do EP, começamos a ter o desprazer (ou privilégio, dependendo do ponto de vista) de deixar algumas faixas de fora. Então baseados nisso, três faixas desse EP que jamais saíram do nosso repertório justamente por traduzir a essência da banda são “Everlasting Morbid Delights”, “Malicious Conflagration” e a nossa unanimidade em “In Slumber They Succumb”. Essa música nos deixa em transe, seja em ensaio, seja no palco, ouvindo o disco, não importa. Ela tem de uma atmosfera inebriante que transita entre os polos extremos do nosso som.
Nyarlathotep IV - Poderia falar da “Necromancer’s Rites”, que foi nossa primeira composição. Mas, para mim, a música mais foda da Sepulchral Whore é a “In Slumber They Succumb”. Essa música mescla tudo que a banda tem de influência musical, sem falar que a “In Slumber They Succumb” também resume bem os detalhes da sua pergunta.

Metal Reunion Zine - A banda aborda, nesse primeiro lançamento, temas bem variados, mas todos inerentes ao Death Metal, tais como horror, morte, blasfêmia, caos... As letras, apesar de tratar de temas já corriqueiros no estilo, são bem escritas. Todas as letras são de autoria de Necrospinal. Por que a parte lírica ficou sobre o comando de apenas um dos integrantes?
Necrospinal - Não foi nada votado, delegado e muito menos imposto. Vemos apenas como uma forma de simplificar o foco e fixar a identidade lírica de um grupo artístico. Como na maioria das bandas, a Sepulchral Whore tem o vocalista como letrista, pois é algo que facilita na hora de encaixar as métricas vocais nas melodias. Nosso método de composição, em 95% das vezes, é iniciado tendo as linhas instrumentais como alicerce. Primeiro criamos o som todos juntos, numa mix de ideias, o título das músicas e suas respectivas letras vem depois, já baseadas no sentimento que aquele instrumental transmitiu.

Metal Reunion Zine - A capa do EP veio num tom avermelhado e com uma imagem desoladora, de morte. A capa nessa tonalidade e com tal imagem era a correta a se ter para esse lançamento, uma vez que descreve a sonoridade da banda, bem como suas letras?
Necrospinal - Exato! Para fazer aquela capa escolhemos um soteropolitano de mão cheia, que já é figura carimbada dentro do submundo do Metal Extremo. Emerson Maia entende muito bem toda a loucura que a banda quer que ele crie e ele transcreve essa insanidade de uma forma mais clara e abrangente do que nós mesmos poderíamos idealizar. A arte nos foi entregue em preto e branca. Com ela em mãos, nós da banda escolhemos a coloração a ser adotada. Definido isso, fiquei a cargo de elaborar os layouts dos encartes de uma forma que se encaixasse perfeitamente dentro da temática sombria que idealizamos para este lançamento.

Metal Reunion Zine - Gostei bastante da produção sonora do EP, afinal ficou bem nítida, porém sem ‘mascarar’ o primitivismo da banda. Esse resultado só foi possível porque a própria banda também esteve a frente da produção?
Necrospinal - Não! Acreditamos que foi o conjunto da obra. Os dois anos de espera incluem o processo de gravação e produção. Buscamos definir os mínimos detalhes sem muita pressa e fizemos questão de estar presentes em cada passo, cuidando para não haver nada desalinhado em nenhum dos canais, partilhando sugestões mutuamente com Pedro Santos (Big Mojo Home Studio, Witching Altar, Dom Lodo), que nos ajudou bastante durante todo o período. Trabalhar com um produtor que também faz Metal é um facilitador e tanto.

Metal Reunion Zine - O EP contou, ainda, com duas ‘bonus tracks’, gravadas em um ensaio. Qual a razão da inserção dessas ‘bonus tracks’ no EP?
Necrospinal - Essa foi uma carta na manga que nos ajudou a fechar a maioria dos contratos dos lançamentos físicos e vou explicar o porquê: Quando C Le Sorcier fez os contatos enviando o material prévio promocional, todos os responsáveis dos selos que viriam a nos lançar gostaram de cara dos nossos sons, mas noutra mão alegavam que nosso o EP tinha apenas 28m02segs de duração, e por ser muito curto para alguns dos formatos pleiteados, isso era algo que impossibilitava os lançamentos nos formatos físicos convencionais. Mas durante a negociação lembramos que já tínhamos esses dois sons de ensaios gravados ao vivo no JA Studio, da época em que fizemos o primeiro teste com duas guitarras (período curto em que tivemos Flávio Hellishkiller aka “Aphopis H.K” em uma das guitarras). Daí com essas duas versões de ensaio de “In Slumber They Succumb” e “Necromancer’s Rites” o tempo de duração do EP pulou de 28 minutos para 36m30segs. Então se sugeriu a inclusão dessas faixas como ‘bonus track’ e com isso conseguimos fechar os lançamentos definitivamente.

Metal Reunion Zine - A banda, desde o seu surgimento, fez diversos shows, não tão constantes como deveriam ser, mas sempre presentes em eventos que trazem bandas numa linha mais extrema. A intenção do Sepulchral Whore é sempre frequentar eventos dessa natureza, para apenas um segmento ou existe a possibilidade de tocar em eventos com bandas de estilos diferentes?
Necrospinal - Realmente tocamos pouco ao vivo, primeiro pela indisponibilidade que temos devido às nossas vidas profissionais e particulares e segundo porque achamos desnecessário forçar nosso nome e sonoridade goela abaixo do público, tocando com uma frequência quase que mensal na mesma região. Queremos marcar o público pela qualidade e força da nossa performance ao vivo e não por uma quantidade excessiva de aparições. O excesso desgasta qualquer imagem, inclusive dos artistas que têm potencial de crescimento. Sobre preferência de estilo, nossas barreiras existem, mas não tão são fundamentadas em radicalismos supérfluos. Apenas temos coerência e também esperamos isso por parte do produtor que organiza o ‘cast’. Uma vez que o evento tenha bandas do seguimento Underground e que não tenham em seu histórico ligações passadas ou presentes com White Metal e toda essa lorota cristã, temos grandes chances de aceitar o convite. Já dividimos palco com bandas de Speed Metal, Heavy Metal tradicional e demais seguimentos dentro do Metal. Claro que preferimos tocar num evento destinado para um público de Metal Extremo, mas se há um festival com bandas engajadas e cientes do real sentimento Underground, que tem a sapiência de quê Rock/Metal e religião são feito água e óleo e não devem se misturar jamais, não temos problema algum em dividir palco com bandas com sonoridade diferentes da nossa.

Metal Reunion Zine - Recentemente foi adicionado à formação do grupo o guitarrista Pestmeester. Uma segunda guitarra se fazia necessária no som da banda?
Necrospinal - Sim! Desde sempre as linhas de guitarras escritas por Nyarlathotep IV eram baseadas em um duo de guitarra. O EP foi composto e gravado por um trio; fizemos nossos primeiros shows e depois buscamos com toda cautela um segundo guitarrista que pudesse acrescentar a banda não só musicalmente, mas que também fosse um colega do qual pudéssemos ter um bom relacionamento. Banda é como se fosse uma segunda ou terceira família do cara, incluir alguém que desagrega não é interessante e em 2016 convidamos Aphopis HK, mais conhecido como Hellishkiller, mas infelizmente por motivos particulares ele não pode permanecer conosco, pois foi morar em outro estado. Aguardamos por quase quase anos mais e já em 2018 resolvemos convidar Pestmeester (Horror Face) para ser nosso segundo guitarra e companheiro de batalha. Ele se encaixou perfeitamente na banda; já aprendeu todos os sons do EP, os novos (inclusive já gravou coisa nova conosco) e já está cooperando na criação das músicas mais recentes. Tudo isso com uma facilidade incrível. O que nós dá uma margem sonora acima do que esperávamos ter e uma tranquilidade para seguir adiante. Foi uma ótima aquisição e vocês poderão confirmar essa eficácia nos próximos lançamentos e apresentações.

Metal Reunion Zine - Um dos planos do Sepulchral Whore para 2019 é o lançamento de um split, o qual será dividido com o Podridão. As músicas para esse lançamento já estão compostas? Conte mais detalhes.
Necrospinal - Verdade! Esse split levará o título de “Necrotic Symbiosis” e essa praga será disseminada no segundo semestre de 2019 com os nossos aliados e “parceiros de crime” do Podridão (Itaquaquecetuba/SP). O lançamento ficará a cargo do selo/distro Kingdom Of Darkness Productions, baseado no Estado do Amazonas. A princípio, esse split será lançado em vinil 7” polegadas, numa tiragem limitada em território nacional. Serão duas faixas autorais de cada banda (quatro faixas no total). Recentemente lançamos essas duas faixas que irão compor a nossa participação no split como single digital no Bandcamp e nas demais plataformas. “Chamber Of Fear” e “Wondering Into Wounds”. Essa divulgação tem como intuito promover o material físico que está por vir. Quem gostar dos sons novos e quiser adquirir fisicamente, isso será possível apenas comprando o vindouro split. Ouçam clicando aqui.

Metal Reunion Zine - Além do split, quais são as principais metas do Sepulchral Whore para continuidade de suas atividades?
Necrospinal - Fazer nossos primeiros shows como um quarteto. Tocar em cidades e estados quais a Sepulchral Whore ainda não teve oportunidade de se apresentar ao vivo. Também vamos dar continuidade e terminar o processo de composição para o nosso próximo lançamento, para quem sabe iniciar 2020 gravando o que provavelmente será o nosso primeiro full-length.

E-mail: sepulchralwhore@gmail.com

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação


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