O Krisiun é uma banda cujos integrantes, conforme vamos conhecendo os discos e presenciando os shows, acabam por se tornar uma espécie de amigos de quem temos orgulho e elegemos como heróis. Essa deve ter sido a sexta ou sétima vez que assisto ao trio de irmãos gaúchos e confesso que não consigo me referir a eles sem uma dose exacerbada de fanatismo e o " jornalista " que se encontrava adormecido dentro de mim acaba que desabrochando de forma um pouco tendenciosa. Em épocas de transições mil nesse país estranho onde ídolos medíocres ou então, quando substanciosos, se atropelam em discursos forçosamente (mal) encaixados musicalmente, naquela linha "a la criolos e emicidas da vida" que sempre me levam a questionamentos do tipo " e eu, onde me encaixo aqui?".
Ou ainda, quando vemos Andreas Kisser participando de programa questionável da TV aberta ao lado de outros "artistas" tão questionáveis quanto (por coincidência, na tarde do mesmo dia do show do Krisiun) é à galerinha - assim no carinhoso diminutivo pois o público do Krisiun basicamente é bem jovem embora com bastante conhecimento de "causas metálicas" - dos camisas pretas que me uno.
Revenge, Vengeance, Combustion Inferno, Bloodcraft, o cover de Black Metal do Venom, Black Force Domain (minha bíblia preferida) e várias faixas de toda a discografia do trio. Estava tudo ali, oferecido à nossas sintonias existenciais (falando em nome de todo o público presente naquela tarde de domingo).
As bandas Gutted Souls, Chaos Synopsys e Canilive prepararam o espírito para o massacre do Krisiun que ao vivo parece um tanque de guerra que vai abrindo caminho num campo de batalha hostil que é o dia a dia. É essa a trilha sonora que ouço no meu percusso Rio das Ostras x Macaé para digerir de forma menos dolorosa, engarrafamentos, falta de respeito social, ambiente de trabalho esquisito, frustrações comuns de todos nós, brasileiros medianos, a cada dia. Vitória certa no Odisseia: é esse tipo de som, esse tipo de vibe, esse tipo de banda, esse tipo de Death Metal, emparelhado a muito Joy Division, punk, classic rock e outras sombras que não precisam dos holofotes da mídia estúpida e imbecil. Ao final, nossos amigos, Alex Camargo(vocal/baixo, Moyses Kolesne (guitar) e Max Kolesne (bateria) aproximam-se do público, querem nos cumprimentar pois a música é brutal mas a postura é gentil, humilde, otimista e respeitosa; os papéis se invertem e se misturam: fãs e bandas numa única energia positiva. É fácil demais gostar do Krisiun e nem precisava o aval do Bill Ward (baterista original do Black Sabbath_ - http://www.hellbound.ca/2013/12/bill-ward-the-hellbound-interview/. Não poderia haver um concerto melhor para fechar 2013. Vida que segue com a cabeça erguida: era isso!
Texto e fotos por Porão
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