Metal Reunion Zine

Blogzine fundado em 2008. Reúne notícias referentes a bandas, artistas, eventos, produções, publicações virtuais e impressas, protestos, filmes/documentários, fotografia, artes plásticas e quadrinhos independentes/underground ligados de alguma forma a vertentes da cultura Rock'n'Roll e Heavy Metal do Brasil e também de alguns países que possuem parceiros de distribuição do selo Music Reunion Prod's and Distro e sua divisão Metal Reunion Records.



domingo, 22 de abril de 2012

Rockrise - A história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo. LIVRO.

.A história do rock autoral produzido na Grande Vitória entre as décadas de 60 e 90 do século passado.
É rico o que traz José Roberto Santos Neves à cena jornalística e literária capixaba. Mais ainda quando ele fala de música, sua praia desde sempre. Depois de “Maysa” e “A MPB de conversa em conversa”, aterrissa “Rockrise – A história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo”. Aterrissar é pouco. Na verdade, o livro é um convite à decolagem. Leva a gente aos anos 80, mas passeia também por ...outras décadas, sem compromisso com ordem de chegada. Desse caleidoscópio do tempo, vem à tona um envolvente apanhado da música que, naquelas últimas décadas do século passado, marcou época no ES.
José Roberto, com quem trabalhei em A Gazeta lá pelos 1990 e tantos, compõe aqui uma viagem para além do universo de jornalista e escritor, áreas nas quais sempre foi um sujeito luminoso, cheio de predicados. Naquela época, ele era baterista da banda The Rain. E mantém a agilidade das mãos quando assume o teclado para escrever. A música mora nele, e a partir daí é que a narração da história flui feito em um bom arranjo. Enlaça.
Em “Rockrise”, a ferveção musical capixaba dos anos 80 surge focada na origem: o aprendizado pós-revolução cultural dos 70 (depois de tudo veio a era Jetsons, que começou nos 90). A história de uma geração abordada no livro situa roqueiros, punks, metaleiros, hardcores, populares, uma constelação imensa. É apurado o foco na atitude transgressora, que desembocou em tantas vertentes musicais, literárias e culturais. E aí surge outra cereja de “Rockrise”: a música compreendida como atitude. Que é o que ela é.
Não espere cronologia, não é documentário. A sacada legal de José Roberto é a de trazer a teia cultural que, desde muito antes da internet, faz pontes entre os músicos capixabas e o mundo. Ele dá um mergulho de marreco nos tempos em que o idioma inglês atingiu no Brasil um nível avassalador de popularidade, épocas marcadas na cena roqueira por inesquecíveis versões de sucessos dos EUA cometidas por Rossini Pinto, entre outras pictchuras.

Contextualizada no Espírito Santo, principalmente em Vitória e Vila Velha, a costura de “Rockrise – A história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo” é precisa. Faz mais que jus ao subtítulo. Você vai gostar de “interagir” (uma boa leitura pressupõe possuir e ser possuído pelo universo abordado) com personagens emblemáticos, queridos. Quais sejam? Algumas iscas são Rogério Coimbra e todos os sensacionais do antológico Os Mamíferos, Fabinho Boi, da Banda Thor; Alexandre Lima, Mahnimal; Juca Magalhães e Mário Gallerani Jr., da Pó de Anjo; o Combatentes da Cidade... Tem um monte. São todos perfis intensos na composição do fio que tece a história do rock capixaba. Dorock e do pós-rock, do heavy, do punk, de todos os rockockós possíveis.
Em meio a tudo isso, também vem à tona um aspecto curioso de outros tempos: os fantásticos grandes donos de lojas de discos e posteriormente de CDs de Vitória, como o ícone Golias e os irmãos Tiussi, em Campo Grande. E o autor atenta, ainda, à transição entre o formato bolachão – o disco de vinil, que muita gente hoje não saberá do que se trata se não consultar o Google – para o CD, há tempos na rota do desgaste. Engrenagens do mundo musical.
Aproveite, pois há momentos em que ler José Roberto abre canais para alguma entidade levar você aonde quer que ele se refira. Quando criança, eu sentia isso lendo Monteiro Lobato. “Rockrise”, claro, passeia bem passeado por points que marcaram época em Vitória na composição do cenário do roquenrou contemporâneo. Aí vem vindo o velho e fantástico Saldanha, o Rock House, primeiro videobar de Vitória, em Santa Lúcia (foi fantástico, mas não durou nem um ano); o Dose Dupla, na Praia do Canto... E, claro, a Lama, o universo paralelo mais bem-integrado que poucos terão visto em vida. Ô abre alas no seu coração.
Deleite-se. O rock convida. E o abraço de seus tentáculos é bom.
Chico Neto
Fonte

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