Retrato em duas cores.
Por Alexandre Chakal
Flores na lapela, arco-íris de gêneros tremulando nas redes sociais, empatia por tudo que respira — até pelo fungo no ralo do banheiro. Ukuleles afinados como armas da paz, recitais de poesia onde ninguém julga ninguém, saraus embalados por vozes doces e desafinadas, cultos da prosperidade com glitter e autoconhecimento, e aplausos ritmados para o pôr do sol no Arpoador. Sorriem como se estivessem curtindo a brisa de uma cannabis sagrada no Leblon e repetem, com os olhos semiabertos mirando o horizonte: “o amor venceu”.
Eis o comunismo soft à brasileira — um desfile de afeto pasteurizado, onde até a revolta parece um publi do Instagram.
Do outro lado do abismo emocional: compram armas e munição como se fossem pacotes de arroz, frequentam clubes de tiro com a seriedade de um culto, treinam jiu-jítsu, musculação e ódio diariamente. Adoram rinha de galos, treinam seus pitbulls pendurados em pneus, frequentam prostibulos que empregam menores de idade. Mas amam a família acima de tudo. Vão à igreja não por fé, mas para ensaiar o show de pregação neopentecostal - talvez para serem políticos ou pastores. Sonham ser policiais para ter armas, farda, distintivo e poder — e se possível, imunidade moral. Odeiam gays, mas têm amantes trans ativas no sigilo; e mesmo assim, repetem o textinho cristão de que “toda aberração deve morrer”. Se são do Sul, dizem ser “brasileiros alemães” com orgulho eurocêntrico e chamam o fascismo elitista de “postura conservadora”. Arrebentam a namorada no soco, alegando que “defendem direitos iguais” para homens e mulheres, e espalham fake news que destroem reputações com a calma de quem diz estar apenas exercendo sua “liberdade de expressão”.
Se estourar uma guerra entre a esquerda dos ukuleles fofos e a direita dos fuzis e pitbulls furiosos, quero ver quantas baixas de fascistas se consegue com acordes de ukulele.
Vai tomar no cu!
Enfia o Ukulele no rabo.
Entre esquerdas e direitas,
prefiro martelos e foices.
* Escrito ao som de "Pedrada" na versão da Mukeka di Rato.
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As informações sobre livros e outros escritos de Alexandre Chakal podem ser encontrados na página de Instagram @emcarnevivaecrua
Alguns livros do autor estão disponíveis AQUI
Fonte Metal Reunion Books & Zines
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Ouvindo 'boiada suicida', noix us fiscais du METAL estamos de olho...
ResponderExcluirEstou ouvindo 'generais de fralda', petardo lançado em maio de 2025.
RECOMENDO queimar um fazendo a audição da canção 'desgraça capixaba'.
Faz tempo que Xulipa não curte uma brisa canábica nas praias de Santos, minha cidade natal.
Quanto as baixas fascistas, recomendo o uso da marreta oitavada 2kg, pois tem o peso e tamanho ideal.
Grande abraço Chakal , nos vemos no FuTuRo !!!