Por vezes, certas coisas acontecem aqui no fundo do precipício do terror, no fundo do fundo do poço sem fundo, que alivian um pouco as dores da tortura diária, permitindo que a lama podre devoradora de seres recue e deixe nossos olhos de fora para melhor enxergar e o nariz desobistruido para melhor respirar. Os cagalhões não entram mais pelos nossos ouvidos e, por uma fração de segundos, temos a impressão de que a vida pode ser boa, que podemos nos libertar do horror do lodo grudento e imundo. Mas aos poucos percebemos que aquilo é só mais um golpe para abrirmos a guarda e o fedor tóxico voltar a nos assaltar.
Por Fabio da Silva Barbosa
Porto Alegre - RS
Abril de 2025
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