Passo as páginas e os olhos deslizam pelas linhas juntando as ideias. Viajo pelas letras e formo as palavras decifrando os códigos. Cada página deixa escorrer estes contos aterradores. A tinta se transforma em lama podre e inunda a mente de quem lê, entrando pelos olhos e demais orifícios que encontra pela frente. São ecos vindos do fundo do precipício. Registros destes arquivos explícitos que já contam com algumas temporadas. Cada uma trazendo infortúnios e pragas mil, suplícios e torturas infinitas.
Passei por um destes registros, dos que nem lembrava mais, e logo uma centelha diabólica se acendeu em meu coração, enquanto rememorava cada detalhe. Era um conto poético que narrava os suplícios de um homem que não queria fazer parte do sistema e era duramente penalizado por suas atitudes e convicções. Foi torturado e metodicamente ofendido. Seu corpo depositado na parede, onde se encontra dando de comer aos vermes.
Fui até o porão e, completamente ungido pela passagem que acabara de ler, voltei a trabalhar nos explosivos. Logo iriam aprender a não mexer com um dos nossos.
Todo apoio aos que não se ajustam e tem ânsias de vômito só de pensar em fazer parte, aderir, ser a menor das engrenagens.
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