Metal Reunion Zine

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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Navalha na Carne - Edição 46 - Gosto de drogas, mas odeio viciados.

Você, caro leitor, já presenciou um alcoólatra espancando sua esposa e filhos sob efeito do álcool? Já soube ou viu um neto viciado em cocaína vendendo os móveis e eletrodomésticos da avó frágil para conseguir recursos e comprar o entorpecente que lhe causa dependência física, química e psicológica? Já soube de grupos de jovens que se envolveram em acidentes fatais de trânsito e tiraram suas próprias vidas e de terceiros por estarem dirigindo sob efeito de drogas? Assistiu recentemente alguma notícia veiculada nas mídias sobre um motorista de um Porsche, empresário, pertencente à classe alta paulistana que matou um motorista de aplicativo por estar dirigindo seu possante carro a 156 km/h em uma avenida onde a velocidade máxima permitida era 50 km/h?

Antes de ter que ler comentários cheios de mi-mi-mi, não estou falando de usuários de drogas, pois também me considero um deles. O papo aqui é sobre viciados em drogas. Apesar da sociedade cristã, que se coloca como conservadora e tradicionalista, não diferenciar um do outro, existe uma diferença gritante entre usuário e viciado sim.

Mas as respostas para essas perguntas do primeiro parágrafo já justificariam o título do "Navalha" de hoje, que pode até parecer arrogante e ter um ar de superioridade incômodo para você, mas mesmo sabendo que drogas, em sua maioria, são nocivas, sei também que existem as ondas boas e efeitos relaxantes, prazerosos e que algumas têm uso medicinal inclusive. Sabemos também que o problema social das drogas tem muitos tentáculos e ramificações que vão além do uso, proibição, tráfico, guerra atrelada ao combate às substâncias entorpecentes ilícitas. Mas digamos que fossem apenas drogas? Afirmar que gosta de drogas, mas odeia viciados, é uma crítica a questões comportamentais que observei, e acredito que você também sacou, pois quando o indivíduo se torna um viciado, seja qual for a substância, ele se transforma em um escravo da dependência e sofre alterações com impactos sociais devastadores, mais devastadores que os prejuízos causados ao organismo pelo uso de drogas. Moral, verdade e caráter estão no pacote. Mas viciados não se importam com caráter, verdade ou moral, né?

Viciados, em sua grande maioria, revelam distúrbios sérios de caráter. Esquecem as coisas e usam as drogas como desculpa esfarrapada para suas falhas morais imperdoáveis. Cometem atos abomináveis, prejudicando terceiros de forma absurda.

E quando são flagrados em suas trapaças, recorrem ao velho truque de culpar a "doença", derramando lágrimas de falsa penitência. Especialistas podem até tentar justificar suas atitudes, mas na vida real, já me deparei com uma infinidade de viciados, seja em álcool, remédios controlados, cocaína ou outras drogas, que mentem como se respirassem, enganam com um sorriso no rosto e se fazem de vítimas quando confrontados por seus atos.

Não importa onde estejam, qual é a cultura local que os rege, todos eles revelam a mesma falta de caráter que os consome por dentro. A demência que clamam é apenas uma cortina de fumaça para encobrir a verdadeira essência de suas personalidades corrompidas.

Portanto, antes de proferir julgamentos e definições hipócritas, olhe para a realidade nua e crua: os viciados não merecem compaixão por suas escolhas, mas merecem sim ajuda profissional e tratativas que os ajudem a enfrentar as consequências de seus atos e buscar verdadeira redenção, sabendo dividir o que é usar drogas de forma consciente e responsável e o que é virar um estorvo social e familiar por escolha própria, mas obrigando de forma direta e indireta que o seu grupo social seja forçado a ser a sua muleta, seu médico, seu advogado, anjo da guarda e assistente social. Sem sentir nenhuma brisa.

Aí voltamos ao início. Gosto de drogas, mas viciados? Tô fora.

Aí algum usuário de drogas diboísta que está lendo vai questionar. "Cadê a empatia?" Foda-se! Viciado só tem empatia com quem divide drogas com ele, e nem sabe ao certo o significado da palavra.

Por Alexandre Chakal

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