Nem sei se o texto de hoje tem a ver com a coluna, mas como sofro oscilações de depressão e ansiedade, achei que ficou uma analogia relevante para o que era no passado e o que é hoje o conteúdo em torno do tema explanado.
O Brasil nas décadas de 70, 80 e até mesmo nos anos 90 exigia uma forte determinação. Não existiam as alternativas suaves proporcionadas pela internet, que gerou fóruns, grupos, redes sociais, influenciadores e coaches. Até meados dos anos 80, você era seu próprio influenciador e coach. Suas referências eram jornais, revistas, programas de TV e telejornais devidamente censurados pela ditadura. Não havia alternativas suaves disponíveis em uma tela de celular, nem milhões de opiniões divergentes. O que hoje é rotulado como depressão e ansiedade, diante do menor sinal de pressão, era considerado frescura, e ninguém queria ser visto como frágil ou sensível. Isso encobria muitos comportamentos preconceituosos e desagradáveis. No entanto, também impelia as pessoas a enfrentar a vida de forma mais vigorosa, transmitindo a mensagem de que ser frágil resultaria em fracasso e sofrimento decorrentes das consequências de tudo o que se temia ou procrastinava. A psicologia era vista como algo reservado aos ricos, e ainda é em muitos casos. Com o passar dos anos, a internet proporcionou uma sensação de apoio e ofereceu alternativas relevantes. No entanto, a essência permanece a mesma. Seja frágil ou forte, você está essencialmente sozinho, obrigado a reagir ou sucumbir.
A era digital trouxe consigo uma nova gama de possibilidades e recursos para lidar com as pressões da vida cotidiana. Acesso rápido à informação, comunidades de apoio online e ferramentas de autocuidado tornaram-se disponíveis, oferecendo uma rede de segurança para muitos que antes se sentiam isolados. No entanto, mesmo com toda essa conectividade virtual, a solidão e a responsabilidade pessoal ainda persistem como parte integrante da experiência humana.
Por outro lado, é importante reconhecer que a cultura contemporânea também trouxe à tona uma maior conscientização sobre questões de saúde mental e bem-estar emocional. A aceitação da vulnerabilidade e a busca por ajuda profissional estão gradualmente se tornando menos estigmatizadas, permitindo que mais pessoas reconheçam e enfrentem seus próprios desafios internos. Essa mudança de mentalidade representa um passo significativo em direção a uma sociedade mais empática e compassiva, onde a força não é medida apenas pela capacidade de suportar, mas também pela coragem de buscar apoio quando necessário.
Por Alexandre Chakal
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