Metal Reunion Zine

Blogzine fundado em 2008. Reúne notícias referentes a bandas, artistas, eventos, produções, publicações virtuais e impressas, protestos, filmes/documentários, fotografia, artes plásticas e quadrinhos independentes/underground ligados de alguma forma a vertentes da cultura Rock'n'Roll e Heavy Metal do Brasil e também de alguns países que possuem parceiros de distribuição do selo Music Reunion Prod's and Distro e sua divisão Metal Reunion Records.



sexta-feira, 31 de maio de 2024

Navalha na Carne - Edição 34 - "Redpill": Homens com 'H' ou apenas mais um motivo de chacota?

 

Outro texto riscado em 2023, após eu quase vomitar assistindo a um vídeo de um moleque que, de repente, nem pentelhos no saco tinha, falando de seus valores de "macho" e "homem de verdade", defendendo essa estrume de ideologia Redpill.

Estamos em 2023, e o termo da moda por aqui é "redpill", a pílula vermelha, fazendo alusão ao poder de escolha apresentado de forma crucial no famoso filme Matrix. O termo foi devidamente adequado a um discurso moderno de homens que se enxergam como o clássico "Homem com H maiúsculo". 

Essa nova modinha, nada inofensiva, recheia as redes sociais, dita padrões comportamentais covardes de machos da espécie humana, que, através de argumentos generalistas, tentam mascarar o medo de perder os privilégios e, claro, sua permanência no poder.

É nítido que isso é o medo do avanço e ascensão merecida das mulheres, algo que já está em vigor com grande força há quase três décadas, mas tem referências históricas que datam séculos. O grande problema é que a história continua sendo escrita e adequada pelos homens.

Os redpills, em seus argumentos rasos, baseados muitas vezes em religiões que têm um homem como protagonista principal, acreditam que essa estratégia medíocre e usual desde o tempo das cavernas ainda tem fácil aplicação nos dias atuais. Esses indivíduos creem que estão realmente trabalhando pela manutenção dos valores da "classe", convictos de que basta continuar atrelando esses argumentos a outros temas típicos de homens que acreditam ser os Alphas de uma matilha de mil noivas virgens que os veneram como verdadeiros sultões.

Tudo isso apenas para a desvalorização do poder da mulher.

Pequenos e medíocres, esquecem que o único ser capaz de gerar vida naturalmente ainda é a mulher, que suas existências foram geradas por mulheres. Esquecem também que o instinto de sobrevivência é mais latente nas fêmeas. Ignoram que a capacidade de negociar, argumentar com calma, seduzir e se organizar em grupos é uma característica forte das fêmeas. Na viagem hipócrita de seu ego, fingem que não sabem que a maioria das mães se sacrifica por filhos sem hesitar, mesmo eles sendo machos.

Então, talvez a solução para a misoginia em vigor, que tem o objetivo de privar as mulheres do convívio social igualitário, dos direitos básicos, da tomada de decisões inerentes à sua existência, da equidade e outros pontos que atravessaram o tempo até aqui, possa ser mais simples do que nós, meros homens, imaginamos.

Agora, você, homem, redpill ou não, imagine se as mulheres se unissem, fizessem um acordo tácito tipo assim:

Todas as mulheres grávidas, quando descobrissem que sua prole será um menino, abortariam ou deixariam nascer, mas negligenciariam até ocasionar sua morte acidental, claro. E quando fosse uma menina, deixariam nascer e, unidas, promoveriam o seu desenvolvimento social da melhor forma possível, inclusive com recursos dos homens.

Imagine aí, brabo?!

Não sou de exatas, mas acredito eu que, em cerca de 30 anos, teremos uma sociedade majoritariamente do gênero feminino e o patriarcado que alimentou regras machistas, que evoluíram para discursos e pregações misóginas como essa, os feminicídios e outros absurdos promovidos pelos machos da espécie durante séculos, serão apenas um conto tenebroso de um passado sombrio que se foi e jamais voltará.

Pense nisso, redpill. E acredite, a verdadeira força não está na pílula, mas sim na união e na equidade entre os gêneros.

Em tempo: 

O texto de hoje fala da possibilidade de termos uma sociedade majoritariamente composta pelo gênero feminino. Olhando números divulgados em 2024, citando não apenas o Brasil, mas outros países bem representativos, isso já é uma realidade. Nascem mais mulheres que homens. Milhares de homens morrem nos oito conflitos armados que acontecem simultaneamente em várias partes do globo. Existe também um crescimento enorme da comunidade LGBTQIA+, onde cada dia mais pessoas se identificam com o gênero feminino. Ainda temos um paralelo social, onde cargos de gestão, presidência, CEO e tantos outros que historicamente eram ocupados por homens, têm hoje mulheres à frente e desenvolvendo trabalhos mais relevantes que os homens. Existe uma ascensão crescente das mulheres em cargos políticos expressivos ocorrendo desde 2018 e crescendo.

Ou seja, eu estava errado em minhas previsões. A sociedade mundial dos próximos cinco anos já será composta por uma maioria de mulheres. E serão elas que irão determinar os passos que a raça humana dará em direção ao futuro.

Enfim... Com o aumento do número de mulheres nascendo, o engajamento crescente na política e no mundo dos negócios, além do desenvolvimento da comunidade LGBTQIA+, as mulheres estão desempenhando papéis cada vez mais significativos na sociedade, moldando assim o curso do futuro da humanidade.

Por Alexandre Chakal 

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