A oportunidade
Por Fabio da Silva Barbosa
Ela
aproveitou que todo mundo tinha saído e pegou a calibre doze de seu pai. Era a
que ele mais gostava. Gostava mais do que dela. O pai era membro de um clube de
tiros e tinha várias armas em casa. Já
que a nova lei tinha entrado em vigor, montou um pequeno arsenal. As balas
foram um pouco mais difíceis de encontrar. Ele havia trocado o esconderijo, mas
nada que ela não pudesse encontrar. Carregou a doze com uma bala. Não seria
necessário mais que isso.
Sentou no sofá preferido do pai, dobrou as pernas e
ficou em posição de meditação. Colocou o cano do armamento dentro da boca e
pensou nas vezes anteriores em que fizera a mesma coisa. Apenas ensaios. Agora ia
ser para valer. Pensou nos parentes e não havia ninguém que valesse a pena.
Amigos? Não tinha. Pelo menos não de verdade. Não deixaria carta, nem nada do
tipo. Sua atitude final falaria por si só. Seria o seu testamento. Sua opinião
sobre a vida.
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