Metal Reunion Zine

Blogzine fundado em 2008. Reúne notícias referentes a bandas, artistas, eventos, produções, publicações virtuais e impressas, protestos, filmes/documentários, fotografia, artes plásticas e quadrinhos independentes/underground ligados de alguma forma a vertentes da cultura Rock'n'Roll e Heavy Metal do Brasil e também de alguns países que possuem parceiros de distribuição do selo Music Reunion Prod's and Distro e sua divisão Metal Reunion Records.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

ARQUIVOS EXPLÍCITOS #22 - Contos e crônicas da opera Rock do terror cotidiano.

 
Todos os caminhos levam a lugar nenhum

Mais um dia deitado na cama sem conseguir levantar. Por quarenta minutos olhando o teto enquanto mentaliza a palavra levanta. Mas o corpo não responde. Consegue virar para o lado Agora é a parede no campo de visão. Já conhece cada teia de aranha, cada imperfeição na pintura, cada mancha de mofo... cada detalhe praticamente invisível. Mais quarenta minutos se passaram. Finalmente conseguiu “levantar”. Estava sentado. Não seria mais um dia afundado no nada absoluto. Conseguiria reagir. Tinha de sair do fundo do poço que fica no fundo da caverna mais profunda. Primeiro tinha de escapar daquele casulo obscuro que o prendia e sufocava. Não seria fácil. E sair dali para que? Não adiantava mais. Já era. Não tinha mais idade para acreditar em Papai Noel ou Coelhinho da Páscoa. Gastar energia tentando escapar daquelas correntes seria inútil. Estava perdido em um labirinto de paredes altas e becos sem saída. Muros impossíveis de pular. Todas as portas trancadas. Criaturas carniceiras já sentiam o aroma do seu cadáver. Sentiu o corpo tombar. De novo em decúbito lateral. O gosto azedo na boca, o cheiro de podre no ar. Tanto esforço para nada. Não tinha mais de tentar. Precisava entender isso. Não havendo mais motivos, percebe-se que a motivação é a mentira usada para prolongar esta existência sem sentido. É muito melhor não se debater. Apenas afundar no torpor melancólico que acaba sempre por vencer. Envolvendo-nos na penumbra, que cada vez mais vira escuridão, viramos mortos vivos. Cada vez mais mortos, cada vez menos vivos. Parece até estar bom assim. Desânimo total, fadiga, desesperança, nenhuma perspectiva lhe agrada, nada lhe preenche, nada lhe apetece. Só resta um cansaço de tudo. Só um cansaço que parece nunca ter fim.

 

Fechamos o ano de 2022 com este chá de fel e aproveitamos para avisar que ficaremos algumas quinzenas sem aparecer por aqui, nesta coluna. Depois de 22 colunas destilando escritos feitos exclusivamente para o espaço e sendo enviados do jeito que saíam, sem nenhum tipo de revisão ou ajuste (Com exceção de Conversa Séria com Deus – Feito em parceria com Alexandre Chakal para seu novo livro, SEUS DEUSES NÃO ME EXCITAM), eis que uma pausa se faz necessária para que consiga me reorganizar. Assim como o cão que precisa lamber suas feridas, ou o movimento de guerrilha que precisa se refugiar para treinar até estar forte o suficiente e promover novo ataque, ou o iogue que precisa meditar nos altos do Himalaia, tenho de resolver algumas questões e contra tempos antes de continuar. Mas aguardem, pois logo em breve teremos novos e tétricos Arquivos Explícitos para feder neste espaço.

Fabio da Silva Barbosa

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