Metal Reunion Zine

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sábado, 30 de junho de 2018

Metalmorphose: Trevas comemora seu primeiro ano à frente do grupo


Muitos foram pegos de surpresa com a saída do vocalista Tavinho Godoy, um dos músicos mais carismáticos e, sem dúvida, a cara do METALMORPHOSE. Mas o lendário grupo carioca não desanimou e foi atrás de alguém que mantivesse o nível.

O escolhido foi ninguém menos que o talentosíssimo Trevas, velho conhecido da cena carioca e dono de um timbre único e muito potente.

A banda e vocalista celebram um ano dessa parceria e o vocalista Trevas conta um pouco de sua história:

Sou um exemplo de um guitarrista frustrado. Lá pelos idos de 1995 eu escutava toneladas de Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest e Purple sem parar e meu herói máximo era o Ritchie Blackmore. Ganhei uma guitarra e comecei a ter aulas, mas eu nem queria saber de acordes, já queria logo sair solando. Muita empolgação, zero disciplina. Óbvio que não deu certo, né? Em paralelo eu costumava brincar de mexer na equalização dos discos para mutar a voz do cantor. Aí plugava um microfone velho no som, colocava uma fita k7 no deck, apertava o REC e soltava a música, tentando cantar imitando o vocalista. Lembro que eu conseguia imitar o Paul Dianno, o Andi Deris e o Dickinson, porcamente, claro.

Ao mesmo tempo um dos meus irmãos, que tocava bateria, havia montado uma banda com amigos de escola. De início eles conseguiam tocar coisas simples de B-Rock, Legião, capital…conforme melhoraram, começaram a tocar o que realmente gostavam, judas, Manowar, Iron. Mas aí já não conseguiam tocar e cantar ao mesmo tempo. Fui assistir o ensaio deles e meu irmão pediu para eu cantar. Pronto, por acidente o projeto de guitarrista frustrado se tornou vocalista.

A banda se chamava War Behavior e nunca tocou ao vivo. E tinha um rodízio grande de baixistas. Um deles simplesmente nunca mais apareceu para os ensaios. Um belo dia recebo uma ligação, era o guitarrista de uma banda de Prog Metal de Niterói, ainda em formação, me chamando para um teste. Fiquei surpreso, nunca havia saído do estúdio, como poderiam ter me achado? Aí descobri que fora justamente o baixista sumido que me indicara, ele havia acabado de fazer teste para essa banda. Os caras me passaram uma fita com músicas próprias, eu tinha que criar alguma linha melódica para elas e cantar a mesma num ensaio, além de algumas covers. Lembro de pegar a tal fita e colocar para rodar pela primeira vez no toca fitas do carro de um amigo de faculdade. O som era intrincado e bem feito, meu amigo me olhou perplexo e perguntou: “o que diabos esses caras querem com você?”

Não tinha experiência nenhuma, fui fazer o teste sem expectativas, achava tudo profissional demais para mim. Mas passei no teste. A banda se chamava Symphonic Age e gravou o que era para ser uma demo, mas que chamou a atenção de um selo especializado em progressivo e acabou sendo lançada como nosso primeiro e único CD, Prologue To Infinity, em 2000.

Fizemos alguns shows, um deles abrindo para os suecos do Flower Kings, e recebemos resenhas bem esquizofrênicas ao redor do globo. Uma revista francesa dizia que o brasil não precisava do Angra (que acabara de perder o André Matos) por que tinha a gente. Outra revista italiana dizia que “não éramos um desastre completo, mas passávamos perto”. A banda chamava a atenção ao vivo, éramos bem técnicos e pesados e não havia nada parecido por aqui. Mas estávamos na casa dos 19/20 anos e não soubemos muito o que fazer após o lançamento do disco, aí a banda acabou se separando. Parte dela virou o King Nothing, uma banda técnica de Heavy Thrash, que foi onde eu efetivamente comecei a achar minha voz. Chegamos a gravar uma demo, mas entre idas e vindas, fizemos alguns shows e foi isso. Num dos shows, um recém feito amigo, chamado André Delacroix esteve presente e elogiou muito minha performance e a banda.

Aí entrei para a Fire Woman, uma banda de covers dos anos 1960/1970 que teve um relativo sucesso na cena Fluminense lá pelos idos de 2008-2013. Fazíamos muitos shows, sempre concorridos e caóticos, os músicos, muito mais experientes que eu, eram figuras admiradas e com muita personalidade. Uma vez fizemos fomos chamados justamente para abrir o show da Metalmorphose. Eu já conhecia o Delacroix, e ele chegou a fazer um dueto vocal comigo nessa data. Após o fim da Fire Woman eu já estava morando na região serrana do Rio e passei uns anos parado. Achei que havia desaprendido a cantar e que tudo estava terminado. Aí conheci o Gus Monsanto, tive aulas e conversas com ele, que passou a sempre me chamar ao palco para uma canja nos shows dele. Me senti de volta ao jogo. Aí voltei definitivamente à cena com a Sonics, banda de grandes amigos cujo repertório estava mais calcado na cena dos anos 1990 (Soundgarden, Alice In Chains). Não era exatamente minha praia, mas os caras eram meus amigos e foi muito legal cantar coisas diferentes. Mas sentia muito a falta de material autoral, e então em 2016 recebi o convite para integrar a Elders Rage, banda de Heavy Metal autoral de Petrópolis da qual ainda faço parte. Mas algo maior estava por vir…

Conheci André Delacroix lá pelos idos de 2008, através de amigos em comum. Somos fissurados por conhecer bandas e discos de vários estilos dentro do rock e nos demos muito bem de cara. Ah, e eu era fã do Imago Mortis e achava ele um puta batera. Fizemos amizade e ele inclusive assistiu um show da minha banda à época, King Nothing. Eu perdi o show de retorno da Metalmorphose, mas passei a acompanhar os passos que os caras davam, comprando os discos e conferindo alguns shows ao longo dos anos. Cheguei a abrir um dos shows deles, inclusive. Era fã dos caras.

Toda vez que alguma banda minha perdia o baterista eu ia lá chamar o Delacroix, que nunca podia aceitar por ter vários projetos ao mesmo tempo. Mas sempre prometíamos um ao outro que um dia teríamos uma banda juntos. Por ironia do destino, isso enfim saiu do papel, de uma maneira inesperada. No final de 2016 ele me mandou uma mensagem, perguntando se eu gostaria de ensaiar com a Metalmorphose. Fui pego de surpresa, Tavinho e Metalmorphose eram indissociáveis na minha cabeça, imaginei que fosse para um sub em um show por algum motivo. Ensaiei com eles e a química foi foda de início, os caras me receberam muito bem e além do repertório da banda, brincamos com algumas covers e improvisos. Fiquei então sabendo que Tavinho estava de partida e que eles buscavam um substituto efetivo. Eu já havia ganho um momento para recordar, estava feliz, mas sabia que eles testariam outros caras e como meu estilo e voz pouco tinham do Tavinho, não tentei não criar expectativas. Pouco tempo depois me chamaram de novo, dessa vez eu ensaiaria com eles um set inteiro sem parar, como se fosse um show. Fui lá e foi tudo muito legal, e ali eu já imaginava que quem quer que fosse ser testado teria que se esforçar bastante, pois a química havia funcionado bem demais. Passou um tempo e recebo a informação de que eu havia sido escolhido. Mas tive que engolir a felicidade, tudo deveria permanecer em segredo para não minar a força do lançamento do recém gravado Ação & Reação. Lembro que eles fizeram o show de despedida do Tavinho. Um amigo e fã de longa data da banda estava tomando cerveja em um bar e reclamou que perderia o show, um momento histórico. O cara disse: “que merda, o Tavinho vai sair e provavelmente vão botar um zé ruela qualquer no lugar dele”. Tive que me conter para não cair em gargalhada, mas guardei segredo até o anúncio oficial, meses depois.

Manter o nível após o lançamento de três discos de estúdio muito bem recebidos por público e crítica, fazendo justiça ao legado de uma das bandas pioneiras do Metal Brasuca, é um desafio delicioso, mas requer muito cuidado e esmero com o passo seguinte. Posso dizer que essa banda não descansa. Já estamos com várias ideias novas fervilhando em nossas mentes. E no momento estamos testando e brincando com essas ideias. Muita coisa ainda pode mudar até a hora em que finalmente formos adentrar um estúdio de gravação, mas tenho certeza de que os fãs irão adorar o que vem por aí. Até por que no fundo eu tenho ainda aquele olhar de fã da banda. O Metalmorphose virá com sangue nos olhos. Mas quando será? Isso eu ainda não posso contar.

Olha, me impressiona o carinho com que fui recebido pelos colegas de banda, por integrantes de outras bandas pioneiras e, principalmente, pelos fãs. Aliás, o amor que os fãs tem pelo Metalmorphose é algo indescritível. Só posso me sentir grato e honrado. Saibam que a banda irá retribuir tudo isso, estamos escrevendo um novo capítulo na história do Metalmorphose, e ele será épico!

Como ainda não há material oficial com a voz de Trevas, confira um pouco da performance do músico ao vivo:


Em breve o METALMORPHOSE terá boas novidades para os fãs. Fiquem ligados!


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Fonte: Metal Media

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