Abertura da entrevista, preferimos não fazer. Vamos direto ao assunto nesse bate papo com André Nadler sobre a JackDevil.
André
Nadler - A satisfação é nossa de participar de mais uma entrevista que
sempre rende em boas perguntas que fazemos questão de responder da melhor
maneira possível. Vocês são nossos
companheiros nessa batalha em nome do metal brasileiro.
Metal
Reunion Zine. Com a mudança repentina de um dos integrantes, resultou em uma
surpresa para muitos assim que foi lançado o flyer promocional da turnê.
Confesso que estou desinformado, mas sem querer me intrometer nos assuntos
internos da banda fica a critério a resposta desta mudança. Como está sendo ter
essa mudança após anos intacta? Já possuíram um entrosamento anterior?
André
Nadler - As dificuldades de
manter uma banda viva dentro do circuito underground do Brasil é uma missão
árdua. Há mil motivos para você desistir, mas existe sempre um motivo que fará
você continuar, o amor pelo que você faz.
Metal
Reunion Zine. A saída do baterista anterior foi necessária para fazer
que o Jackdevil respirasse de forma mais homogênea. Ele decidiu fazer uma banda
de outro estilo musical e já estava ficando difícil conciliar a jornada dupla.
Já com o Fernando Hellboy o crescimento musical da banda - tanto no quesito
técnico quanto nas atividades que envolvem os bastidores da nossa carreira - teve
uma melhora significativa. Vale destacar que o Hellboy havia sido nossa
primeira opção na bateria, em 2010, quando estávamos planejando montar o grupo.
Metal
Reunion Zine. O Jackdevil sempre mostrou atitude e muita polêmica diante a
carreira, ainda mais quando o nome André Nadler é citado. Uma vez vi uma
entrevista da banda Nervosa que continha a seguinte resposta: “(...) Os haters são os que mais nos divulgam
(...)”. Diante toda essa situação, qual o posicionamento de vocês?
André
Nadler - Eu falo o que penso e
faço o que me convém, ser polêmico é consequência. Não vejo outra forma de ser bem sucedido na vida que
não seja sendo quem você realmente é e acredito que o Jackdevil se encaixa
nesse padrão.
Metal
Reunion Zine. Esse papo de odiar o trabalho dos outros é antigo. Se o Diabo que é o pai do rock está cheio de “hater” do trabalho dele na Terra, por que
seria diferente com bandas do estilo que ele criou? (risos)
O Jackdevil desenvolve seu
trabalho voltado para quem gosta e quem não gosta e quiser nos divulgar que
fique à vontade porque o que vale é não cair no ostracismo. Já dizia Oscar
Wilde: “Há apenas uma coisa no mundo pior do que falarem mal de você; não
falarem sobre você.”.
Metal
Reunion Zine. Teresina é praticamente a
segunda casa de vocês, mentir nessa hora não vale. Após muito sucesso com
turnês bem recebidas (Aquela do Onslaught é um bom exemplo), shows lotados é
uma ótima recepção a cada material lançado. Como anda a vida normal de vocês?
Não é fácil conciliar tudo isso em um único gatilho, principalmente para nós
brasileiros.
André
Nadler - Teresina e São Paulo são
cidades que nós temos como nossas casas, tanto pelo carinho do público de cada
um desses locais quanto pelo número de bons shows. Em relação ao fato de
conciliar tudo em único gatilho posso afirmar que todos nós do Jackdevil
levamos uma vida bagunçada. Em troca do crescimento da banda acabamos
sacrificando o tempo com nossas famílias, reprovamos diversas vezes nas faculdades,
gastamos quantias que nunca voltaram aos nossos bolsos e perdemos diversos
amigos ao longo dessa estrada, em todos os sentidos. O tempo vai passando e a
gente vai sobrevivendo da forma que é possível.
Metal
Reunion Zine. E essa vindoura turnê na
Europa, o que tiraram de tanta influência? E uma parte 2 pode acontecer?
André
Nadler - Nós conseguimos uma
evolução que poderia acontecer em quatro anos em apenas quatro semanas. Foram
diversas experiências inéditas e que nos ajudaram a enxergar um futuro
promissor para o Jackdevil. A segunda
turnê na Europa já está marcada para abril do ano que vem e provavelmente
iremos passar por países que não tocamos na primeira vez. Portugal e Espanha já
estão na mira.
Metal
Reunion Zine. Cada fruto colhido é por
mérito de vocês. Levando em conta que já estão do lado Mainstream da música,
como percebem a inserção do material de vocês ao longo da jornada no cenário
musical nacional e internacional?
André
Nadler - O nosso maior sonho é deixar o nome do Jackdevil escrito na
história do metal brasileiro, pois seria incrível ver meus netos se orgulhando
por ter um avô que participou de uma banda importante do Brasil, mas se isso
não acontecer e a gente cair em esquecimento no futuro mesmo assim acho que a
felicidade da gente já é grande só por saber que lutamos com todas as forças
para isso acontecer. O dinheiro, o status ou qualquer outro “fruto” do nosso
trabalho não é tão satisfatório quanto o reconhecimento. Ainda vejo o Jackdevil como uma banda
underground e vamos continuar assim até o último dia da banda.
O material da banda está ganhando
proporções bem maiores e creio que após o lançamento do próximo material e com
algumas novidades que temos para lançar nos próximos meses o alcance vai ser
ainda maior.
Metal
Reunion Zine. O que acham dessa galera
que faz sucesso muito rápido (Não vale citar vocês mesmos, seus espertos) hoje
em dia, isto é, sobre o mercado musical? E desses movimentos em prol do Rock,
como coletivos, etc...?
André
Nadler - Para quem está de fora
talvez faça sentindo dizer que o Jackdevil é uma banda que cresceu rápido, mas
para quem está aqui do lado de dentro sabe o quão difícil e demorado foi. Eu
tenho 28 anos e vejo bandas bem maiores como o Lost Society com integrantes na
faixa etária de 20 anos e me sinto ultrapassado. (risos)
Já conferiu a quantidade de
funkeiros que possuem um ou dois anos de carreira e já possuem milhões de
visualizações no Youtube? Já percebeu os inúmeros influenciadores digitais que
em tão pouco tempo já estão fazendo fortunas com seus snapchats? Seja bem-vindo ao
futuro, jovem.
Metal
Reunion Zine. Sejam sinceros e humildes, sem gracinhas. O
público consome mais os shows ou materiais de vocês? Os lançamentos sempre
superam expectativas?
André
Nadler - Acho que há um certo equilíbrio entre os dois fatores. Um fato
curioso é que nos últimos anos a quantidade de material vendido nas bancas de
merchandising que sempre montamos nos shows que participamos está crescendo
significativamente. Sobre os lançamentos até hoje os nossos resultados também
estão dentro da média, mas é claro sempre valorizamos aquilo que já foi lançado
por nós mesmos, afinas de contas é importante manter os discos todos à venda
porque é isso que mantém a nossa história viva, certo?
Metal
Reunion Zine. De um tempo pra cá é lamentável ver bandas querendo impor
conservadorismo e criando "guerras" no Facebook devido as posturas
sem nexo, sem nenhum propósito, idolatrando seres que não passam de enfeites.
Na opinião de vocês, quais os tipos de bandas que merecem ser entendidas como
Underground/Médias/Mainstream, e aquelas que não mereciam nem ensaiar?
André
Nadler - Não vejo que a gente seja capaz de julgar quem merece ou não
existir dentro do metal, cada um faz o que quiser e da forma que acha melhor,
mas, na minha opinião, se você é extremista, homofóbico, xenofóbico e adora
defender babacas como Jair Bolsonaro na internet, seria uma boa largar o metal
e partir para uma outra. A liberdade e forma livre de viver é a essência do
nosso estilo musical, ou seja, o metal não foi feito para os cuzões.
Metal
Reunion Zine. Se vender abertamente ao modismo, ao "verão" e não
criar uma identidade é comum no ramo do Metal. O Jack Devil existe há anos com
a marca que conseguimos identificar com toda clareza. Como enfrentam todas as
mudanças gerais na música que tocam? Já receberam propostas horrendas para se
venderam a troco de uma boa grana?
André
Nadler - Esse negócio de rotular as pessoas de “vendido” é engraçado.
Sobre isso o que sempre digo é que já me vendi e por muito pouco, mas foi no
passado, quando trabalhava panfletando para tentar comprar meu primeiro
instrumento. Já ouvimos algumas pessoas dizendo que o Jackdevil se vendeu e o
que sobra é sorrir, porque o nosso trabalho é executado exatamente do jeito que
a gente acha que deve ser feito.
As mudanças são naturais e com o
passar do tempo você vai incorporando uma ou outra coisa para tentar obter
melhorias ao projeto, mas nunca recebemos nem proposta e nem ordens de
gravadora alguma para modificarmos algo no Jackdevil.
Metal
Reunion Zine. Seguindo o mesmo ritmo, o
radicalismo e outros quesitos querendo ou não atrapalham bandas novas que
querem "sair da garagem". Não me recordo de ver em entrevistas tendo
pessoas chamando a banda de bosta ou adjetivos nada agradáveis (risos). É comum
ouvirem isso ou já foi comum? Qual relato poderiam dar para as bandas novas
contra o incômodo de comentários?
André
Nadler - Aqui segue a dica para
quem está começando agora e se incomoda com comentários desagradáveis na
internet:
Abra o seu navegador de internet
no seu computador e/ou celular;
Digite na aba “www.xvideos.com “ como endereço da internet;
Clique no vídeo de sua
preferência e espere carregar em high quality (HD);
Divirta-se sem limites enquanto o
idiota do outro lado perde o tempo falando de você;
Metal
Reunion Zine. O que é o Jackdevil de
"Under The Metal Command" e o Jackdevil de "Evil Strikes
Again"?
André
Nadler - O Jackdevil de “Under the Metal Command” mostra uma banda dando o seu primeiro
passo, um verdadeiro tiro no escuro saindo do Maranhão para acertar outros
lugares. Nós éramos inexperientes e não tínhamos muito o que fazer, daí
apostamos no esquema “do it yourself”
e quando nos espantamos estávamos sendo citados como a “Nova Geração do Metal
Brasileiro”. O Jackdevil do “Evil Strikes
Again” já mostra uma banda maior, com turnês no exterior, uma gravadora e
com voos maiores sendo alçados, mas também um grupo lutando ainda por espaço e
resistindo aos diversos golpes furiosos que a vida proporciona aos que não
desistem dos seus sonhos.
Metal
Reunion Zine. Contagiante e cheio de
energia o Jack Devil possui muito a acrescentar e produzir. Cada membro possui
uma clareza de capacidade no que fazem. Desejo boa sorte a todos, minha torcida
é toda de vocês (risos). Sob o comando do metal encerro por aqui.
André
Nadler - Nós do Jackdevil agradecemos pelo convite e esperamos que todos
gostem das nossas respostas. Não são as mais legais do mundo, mas foram
escritas de coração. Que venham mais entrevistas divertidas como esta. UP THE
DEVILS!
Entrevista
por Pedro Hewitt
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