Anarkhon
Obesidade Mórbida
Em 2006 o Anarkhon presenteou os fãs e homenageou Péricles Hooper com um material altamente espetacular. Foi uma tragédia e tanto a morte do fundador/compositor, mas a banda não pisou atrás e deu continuidade ao projeto e da-lhe Splatter/Death Metal.
Estamos acostumados a encontrar bandas com um som de Brutal Death Metal com guitarras totalmente agudas, diretas, bem secas e rápidas, bateria totalmente violenta, encaixada de uma forma bem organizada, um vocal urrado, gutural e sem frescura, e um baixo totalmente técnico sem perder a noção da música. O Anarkhon sem sombra de dúvidas apresenta tudo isso sem se preocupar, a guitarra está muito mais focada em criar riff’s pesados e em uma velocidade não tão grande como esperado, o vocal é bem urrado como sempre e chega a ser fechado(Apresentando partes de pequenos squeals), porém Péricles (RIP) conseguiu mesmo assim ser muito fácil de absorver coesamente. Em relação ao encarte, so poderiam ter feito mais coisas, enfim, mas isso não interferiu nas músicas.
“Obesidade Mórbida” é um álbum totalmente completo e que tem uma qualidade estupenda em que a banda aposta em uma base de letras em português (Que é o mais incrível. Poucas bandas possuem algo tão maravilhoso cantado e alinhado em português), provavelmente essa é a parte principal do álbum que encontra logo de cara nas faixas.
A primeira música desse álbum é a faixa intitulada “Acidental e Torturante Decomposição”, uma faixa sem dó que demonstra uma sonoridade muito bem trabalhada, uma cadência muito perfeita entre os instrumentos e o vocal de Péricles, é uma pequena forma de mostrar um lado obscuro de um psicopata prestes a explodir. A banda mostra também que nessa música seu andamento tem um lado mais puxado para o grave direto e isso é incrível, pois poucas bandas apostam nisso sem saturar os instrumentos, acabando ''estragando'' a mesma. Mas a banda optou por algo para ''temperar'' e não deixar o ouvinte no tédio.
Continuando com esse álbum homicida, tem a música “A Dor Da Imortal Putrefação”, essa música começa de uma forma mais seca na bateria (Como músicas da demo ''Satisfação em Costurar um Corpo Retalhado com Arame Farpado''), é incrível ver como todos conseguiram um foco na linha da perfeição musical completa e não em um único instrumento, a potência da bateria em um pedal duplo é animal, Wellington faz um trabalho cada vez mais insano. Um pedal que estoura tímpano a cada lapada feita.
''Espetáculo de Horror e Tortura'', é o nome da faixa seguinte que começa com uma verocidade impecável de um baixo assustador, deixando qualquer ouvinte besta de tão bom que ficou junto com o vocal grudante e perturbador. Nenhum minuto essa bateria deixa a desejar e quem já tem costume de ouvir Brutal Death Metal, sabe que isso não é mentira. Acho que Wellington antes de gravar estava com ódio de alguém, porque houve a mistura disso tudo e foi totalmente descontada nas gravações. Vale lembrar que ela envolve não só o que foi visto nas faixas anteriores, ou seja, ela possui pedaços que lembrar de Extreme Metal e de Old School Death Metal, tornando mais eletrizante e matador essa faixa, dando muito mais vontade de ouvir, ouvir, ouvir e ouvir novamente o álbum completo.
‘’Execução Fetal, Inocentes Anjos Canibais (Que também está inclusa como bônus por ser da demo da banda) e a faixa título, Obesidade Mórbida’’, juntas demonstram não só uma simples letra em português, nela está incluída uma história altamente macabra e verdades que não podem fugir da realidade. Tudo isso não precisa rimar, ter uma determinada PERFEIÇÃO pra ser boa, apenas o que eles fizeram está de extremo tamanho. Sentimento, profissionalismo, força de vontade e empenho de quem realmente leva a coisa à sério.
''Prazer em Torturar'', pronto, se você chegou até aqui saiba que vai viver até o final. Essa faixa demonstra clareza de tortura extrema diante sua frente e visões de terror do início ao fim, porque sinceramente, a quantidade de riffs que está contido é sensacional e confesso a você, caro leitor, ouvi essa faixa umas 10, 18, 20 vezes antes de fazer essa resenha. E mais uma letra merece ser aplaudida e colocada em ênfase nitidamente. Mas porquê?! Ouça e saberá.
''Violador (Do Ânus Materno)'' poderia ser muito bem uma faixa para colocar em um filme de Terror Trash, na boa. Como o trecho diz: [...] Viu a cabeça virar e o sangue escorrer sem saber o que aconteceu [...], se for levar ao pé da letra sem dúvidas você vai saber o que aconteceu. Essa faixa o mutilou e pulverizou os restos que sobraram. Que desgraceira e capricho requintado de sanguinolência e ignorância sonora.
“Terror, Morte e Antropofagia” que se for reparar bem é a ultima música feita para exclusivamente esse álbum, já que as outras três restantes faixas são da demo do começo da carreira da banda. Continuando, a banda mostra que sua potência sonora não descansa em momento algum, e é sempre bom dizer que é impressionante a qualidade dos músicos para criar uma sonoridade sempre diferente e que consegue sempre surpreender e não deixar nada entediante.
Para encerrar o terror sonoro vem à faixa “Inocentes Anjos Canibais (demo)”, essa faixa já existe nesse álbum (5° faixa), mas pela ordem a faixa que era da Demo é a última e a banda mostra que em sua demo ela tinha uma excelente qualidade, a música é impecável seja ela na demo ou neste material, e o Anarkhon não fez todas essas gravações pra brincar em serviço.
Achou ruim? Não merece? Gosta de ouvir coisa singela? Se mate e doe seus órgãos para a banda.
Formação da época:
Péricles Hooper (RIP) – Vocal
Wellington Backer – Bateria
Aron Romero – Guitarra
Michel Yuzna – Baixo
Danilo Hideshi - Guitarra
Por Pedro Hewitt
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