Editorial: A idéia brotou durante uma conversa repleta de flashbacks na porta do show da Extreme Noise Terror, sexta-feira, na capital paulista. No grupo inicial de saudosistas, que ia crescendo a cada piscada de olhos, participavam integrantes das bandas Necrorrosion e Purulence (SP), Death Slam (DF) e as mineiras Corpse Grinder e Securitäte. O assunto matriz, lógico, a nossa cena Underground (futuro, presente e, com especial carinho, passado). Fanzines, shows, bandas, fitas demos, compactos, LPs, cartas, enfim, conversou-se de tudo. Deu até para sentir o cheiro de mofo dos flyers confundindo-se com o ar enfumaçado da terra da garoa.
No meio de tanta prosa amiga surgiu uma luz avisando de qual legal seria reunir bandas velhas e ainda na ativa em uma única gig. O Paulo, da Necrorrosion, brincou e deu a deixa: “seria a tour da terceira idade.” E todos riram muito. Um bando de idosos senis!
Porém, antes desse encontro geriátrico, eu passei na Extreme Noise, loja de propriedade do senhor Marcelo Batista (ex-Rot e eterna voz do Grind nacional) - aliás, o vagabundo que tem algum tipo de ligação umbilical com o Underground e estiver de bobeira perambulando no centrão paulista, estará quase cometendo um crime caso não passe na Extreme -, onde fico sabendo que o Mane (ex-um tanto de bandas e atuais outras tantas) havia montando um espaço para a realização de eventos independentes. Como eu estava procurando algo para fazer no sábado, um dia após a primeira apresentação dos bastardos ingleses, o show que ia rolar no Covil 360 (nome do pico) despertou meu interesse e aguçou meu espírito andarilho.
Voltando ao período noturno, fase do dia no qual brotou a Third Age Gig, entre tantos amigos da pré-história que encontrei – muitos pela primeira vez -, lá estava o dono das noites apocalípticas de Pirituba, zona oeste da cada vez maior São Paulo, Mané, o homem de múltiplas funções do Covil 360, bem acompanhado de um cidadão com aparência daqueles seguranças aposentados e fora de forma, o qual atende pelo nome de Alexandre Strambio (ex-Warhate, Rot e Cruel Face e atualmente na Bandanos e Social Chaos), o qual acreditou e está apoiando a realização do evento com a Bucho Discos, selo responsável por colocar no mercado independente preciosidades como o debut da SubCut, dentre tantas outras iguarias.
Conversei com o Mané, ele me passou as coordenadas e no sabadão lá estava eu para prestigiar um pouco da história do punk paulistano com o professor Ariel e sua Invasores de Cérebro, em uma espécie de matiné noturna. Juntos aos primatas, outras jovens bandas se apresentaram, provando, definitivamente, “que o Punk nunca vai morrer!”
Quanto ao espaço, simplesmente fiquei fascinado, maravilhado. Que pub fantástica! Na hora bateu uma vontade louca de apresentar-me no Covil 360. Fiquei imaginando o que o insano do Barbosa (guitarrista da Terror Revolucionário, Innocent Kids e Possuído Pelo Cão e mentor do festival Caga-Sangue) faria se existisse um local como esse no Distrito Federal.
Ao regressar ao paraíso das árvores tortas, no clima seco do Planalto Central, tracei uma estratégia de guerrilha e a idéia da Third Age Gig foi expelida da placenta. Faltava, entretanto, uma banda para coroar tal encontro. O nome da Megathério surgiu como um lampejo. Com a ajuda do Marcelo “Big Boss” Batista, que lançou o primeiro CD desses velhinhos do Thrash, houve o contato inicial. Tudo, lógico, como o aval de todos os envolvidos (Death Slam, Securitäte, Necrorrosion, Corpse Grinder e Covil 360).
Após conciliar agendas das bandas, averiguar disponibilidade financeira dos envolvidos, pesquisar sobre o dia que tinha menos shows em Sampa (isso é quase impossível!), verificar uma vaga no Covil, marcamos a comemoração para o sábado, 14 de agosto de 2010.
No meio do caminho conseguimos a ajuda de outros parceiros: Gráfica MultArt, Zine Oficial, Visual Agression Fanzine, Independência Records e Pecúlio Discos. O último é a gravadora do Boka, baterista da Ratos de Porão, que já tocou na P. Possessor, onde gravou o excelente “Nós somos a América do Sul”, cotado por esmagadora maioria como o melhor trabalho dessa lenda santista, mas o meu predileto da PP é o inesquecível “Toxin Diffusion”. Esse disco, de genialidade absurda, é um dos melhores trabalhos feitos por uma banda brasileira.
Os ingressos custarão R$ 7,00 (antes) e R$ 10,00 (local). Os antecipados podem ser adquiridos na loja Extreme Noise (Rua 7 de abril 154, Rua Alta loja 26). Os 3 reais economizados por você, além de reforçar a viabilidade da Third Age Gig, podem, entre tantas coisas, ajuda-lo no deslocamento até o pico do show, servir para adquirir bottons ou adesivos ou zines, enfim, podem ser úteis para alguma coisa.
Como o Covil 360 está localizado em uma área residencial, os eventos que acontecem por lá começam cedo e não terminam tarde, com isso você ainda poderá sair da Third Age Gig e chegar em outra produção Underground que estiver rolando a “paulicéia desvairada” “antes das doze badaladas notúrnicas”. O efeito com ar de toque de recolher, tão comum na época execrável da ditadura militar, foi um acordo firmado com a comunidade vizinha ao espaço comandado pelo Mané, com o intuito de dar maior longevidade ao Covil e evitar a desinteligência com os moradores da Avenida Miguel de Castro 360.
Portanto, por favor, cheguem às 17 horas para prestigiarem o Hardcore Crust dos mineiros da Securitäte e fiquem até os acordes thrashers finais dos maníacos da Megathério. Após isso, o holocausto sonoro só sairá – em baixos decibéis – da caótica ‘pick-up’ do também DJ (Dinossauro Júnior) Mané.
Já que estamos em período eleitoral, vou surrupiar um dos jargões desses canalhas: “até a vitória” no dia 14 de agosto de 2010, na 1ª Third Age Gig!
Por: Fellipe CDC
Todos os textos, digitação e montagem: Fellipe CDC
Ilustração: Danihell (tatuador e baixista/vocalista da banda Warcurse)
SECURITÄTE
Apesar de admitir influências de diversos estilos do som Underground, é no Hardcore Crust que a Securitäte encontra o seu porto seguro.
Formada em março de 1998, essa banda oriunda de Machado, ala sul do estado de Minas Gerais, vem conquistando o seu espaço com muita dedicação, humildade e, principalmente, amor à cena musical independente.
A proposta de fazer um som simples, direto, rápido e agressivo mantém-se viva até os dias atuais, como comprova-se no single “Entre o poder e a força”. Antes, porém, a Securitäte já havia lançado as demos “Visão caótica do mundo”, “Basta”, “Câncer imperialista” (gravação ao vivo retirada de uma das muitas apresentações feitas na vizinha Poço de Caldas, também em Minas), o CD debut “Estado decadente... Violência gratuita” (com distribuição do selo do Serjão, No Fashion, também vocalista da Scum Noise), além da participação na concorrida coletânea “36 ensaios anti-imperialista” pela gravadora Pecúlio Discos.
Dentre inúmeros shows em diversos estados, destacam-se: Ato de extrema glorificação ao Underground e Roça’n’Roll (ambos no interior mineiro) e Headbanger’s Attack (DF). Em Brasília, a banda também teve a oportunidade de abrir para a filandesa Riistetyt, uma das principais influências da Securitäte.
O guitarrista e vocalista Gambá, único da formação original, é acompanhado hoje por Ricardo (guitarra/vocal), Dentinho (baixo/vocal) e Alexandre (bateria).
Cheguem cedo à Third Age Gig, confiram e poguem!
Contato: www.myspace.com/securitate
Contato: www.myspace.com/securitate
DEATH SLAM
Em 2000, logo após o lançamento do 7 Ep com a Terror Revolucionário, o Léo, proprietário da Luna, um dos selos responsáveis por colocar tal bolachinha nas ruas, falou uma frase que melhor resume a longa carreira dessa banda candanga. Ele disse: “A Death Slam é Metal demais para os Punks e Punk demais para o Metal!”. Isso fez lembrar a primeira apresentação da Death Slam, em outubro de 1990, quando a banda tinha apenas 9 dias de vida, 3 ensaios feitos, 7 músicas próprias e 1 cover (Olho Seco). As reclamações vinham dos dois lados: punks queixando-se de cabeludos falando das mazelas sociais e tentando tocar Metal com Hardcore e Headbangers acusando que aquela música escarrada dos amplificadores não passava de um barulho sem pé nem cabeça! Poucos malucos pogando e curtindo aquilo tudo! Foi engraçado!
A Death Slam passou por todos os estágios antes de gravar seu debut CD (lançado pela união dos selos No Fashion, Rotthenness e Independência), gravou demo-tapes, participou de coletâneas, lançou o 7 Ep citado acima e tocou em tudo que era buraco. Após esse CD, foi a vez do LP split com a Cruel Face (lançado pela dobradinha Rotthenness / Bucho Discos) e do tão sonhado CD split ao lado da ROT. Nesse meio tempo a banda continuou tocando (DF, GO, MG e SP) e dividindo o palco com bandas de diferentes estilos (Grind, HC, Punk, Death, Thrash, Heavy, Black, etc), sempre pregando a revolução social e o respeito e a união dentro do movimento Underground.
Mais de 30 formações depois, a atual line-up, que já perdura por mais de 5 anos, é: Adélcio (guitarra), Fellipe CDC (vocal e único membro remanescente), Juliano (bateria) e Júnior (baixo e vocal).
Contato: www.myspace.com/deathslambr
CORPSE GRINDER
Também vinda de Minas, a Corpse Grinder, contemporânea da Securitäte, brinda a comunidade Headbanger desde 1987 com suas músicas repletas de peso, rapidez e agressividade, seguindo com muita honra a cartilha do Metal da Morte ditada por nomes como Massacre e Autopsy.
Apesar de um grande currículo, que incluem lançamentos de diversas fitas demonstrativas – desde ensaios (88 e 89), estúdio (90, 91, 92, 94 e 98), ao vivo (99) -, a participações em coletâneas em CD (Death or Glory vol. 2 e Unidos pela causa Underground), a Corpse Grinder só conseguiu lançar o primeiro CD solo em 2001.Não por acaso, o trabalho de estréia recebeu o nome de “Persistence”, e saiu pela gravadora paulista Destroyer.
Devido à ótima aceitação, a banda migrou para o selo Kill Again, onde lançou o CD “Celebration of hate”, em 2003. No mesmo ano, a banda lançou o CD demo “Underground celebration live”, retirado de uma apresentação das muitas que a banda estava fazendo pelo interior mineiro. Tal obra – hoje rara – acompanhou a revista Metal Blood.
Em junho de 2007 sai o petardo “Hail to Death Metal legion”, mais uma vez pela Kill Again, mesmo selo que disponibilizou o material duplo (DVD/CD) em comemoração aos 20 anos de carreira. “20 years grinding corpses” só é lançado em 2009, contendo materiais vastos e raros.
Depois de tantas formações, os guerreiros do velho Metal da Morte, respondem pelo nome de Júnior (guitarra/vocal), Hélio (guitarra), Flávio (baixo) e Kleber (bateria).
A Corpse Grinder é uma verdadeira instituição do Death-Metal nacional. Isso é indiscutível!
MEGATHÉRIO
Não é por acaso que o apelido do Marcelo Batista é “Big Boss” (grande chefe). Como nos ensinam os livros sobre Teoria da Administração, uma das “virtudes” de um bom chefe é saber quando e onde investir. E foi mais ou menos isso o que aconteceu: quando soube da nova volta da Megathério – nome de um mamífero pré-histórico -, em fevereiro de 2007, Marcelo, o homem com a “visão além do alcance” (dá-lhe olho de thundera!), tratou de ir guardando as moedas dos trocos das sojas para articular o primeiro CD da banda, fato concretizado em maio de 2009. Foi como realizar um velho desejo, afinal, além de amigo dos caras, ele era fã e piolho de ensaio da Mega. Ensaios os quais acompanhou durante boa parte dos finais dos anos 80, época mágica em que o Big Boss editava o United Forces, um dos melhores fanzines brasileiros.
Entretanto, bem antes do primeiro debut, bem antes de no Brasil sabermos que no futuro haveria uma mídia chamada CD, a Megathério já fazia muito headbanger se matar, fosse batendo cabeça, fosse numa roda de slam ou fosse em algum stagediver. Ou alguém aí pensou que o tal ‘Circle Pit’ é coisa vinda com o novo boom do Thrash?
Entre 1986, ano de formação, até 1989, data da primeira dissolução, era muito comum ver a Megathério atacando em palcos de pequenos festivais realizados na capital paulista. Ainda em 1989, Flanders tentou prosseguir. Arrumou novos integrantes, com os quais chegou a gravar material e a fazer alguns shows, entretanto a química não foi tão forte e pouco tempo depois o dinossauro sonoro foi dado como extinto.
Em fevereiro de 2007, a clássica formação (Arbéer e Nal – ambos guitarra / vocal -, Diga – bateria – e, claro, o persistente Flanders – baixo) juntou-se novamente. Em poucos ensaios, novas pedradas foram acrescentadas à velha artilharia que metralhava – e metralha – riffs.
No debut, lançado pela Absurd, os clássicos antigos ganharam - juntos com as novas roupagens - melhor qualidade de gravação, mas continuaram latejando as influências de início de carreira (Slayer, Possessed e Destruction), mas com um acentuado tom ThrashCore à lá Dorsal Atlântica.
Contato: www.myspace.com/megatherio
AS VELHAS NOVIDADES DE ALGUMAS VELHAS GUERREIRAS
A Anthares tocou no Ferrock (um dos festivais mais antigos do Brasil), na Ceilândia, em maio recente, e matou a sede dos thrashers locais. A primeira e até então única vez que a banda havia pisado no DF, foi no final dos anos oitenta, no extinto e querido Gran Circo Lar, em uma noite de galã ao lado da MX.
A Atack Epiléptico lançará o novo trabalho, de forma independente, em um grande show na capital mineira no dia 31/07/10. Dentre as convidadas encontra-se a brasiliense Os Maltrapilhos.
A ARD, que planeja entrar em estúdio até o final de 2010 para o registro de novas músicas, informa que o novo CD trará composições em português, inglês e, é lógico, em alemão, como nos bons e gloriosos tempos da S. Von N.
A Spiritual Carnage prepara-se para a sua 1ª tour fora do Brasil. É o velho Death-Metal tentando espaço no velho continente europeu.
A Karne Krua prepara material para o lançamento do 1º DVD. No momento, a banda busca selos para dividir tal parceria.
A Taurus lança “Fissura”, o 1º de inéditas após o longo período de hibernação. O espírito Thrash continua intacto!
Delinqüentes continua tocando pelo Brasil e divulgando o seu trabalho mais recente, o ótimo “Indiocídio”.
Apoio:
* MULT ART – Produções Gráficas – multart@gmail.com
* VISUAL AGRESSION FANZINE – ricardothrasher@hotmail.com
* BUCHO DISCOS – Cx. Postal 12, Santo André, SP, cep 09015.970 – http://www.cut-throat.kit.net/
PECÚLIO DISCOS – Cx. Postal 393, Santos, SP, cep 11001.970 – http://www.peculiodiscos.com.br/
* INDEPENDÊNCIA RECORDS – QNJ 21 cs. 11, Taguatinga, DF, cep 72140.210 – fone: (61) 3475-9391
Distraught começa as preparações para a gravação de seu novo CD.
Fonte:
Violent Records
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