Metal Reunion Zine

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sexta-feira, 5 de julho de 2024

Navalha na Carne - Edição 38 - Porque merecemos ser extintos?

Então, mais um tema que já foi abordado por muitas pessoas, seja na literatura, cinema, teatro... Mas a maioria não se importa.

No cinema, destaco o mundo onde os Vingadores foram glorificados como heróis por derrotarem Thanos. A verdade obscena é que eles nos enganaram. Thanos, com sua visão pragmática, propôs uma solução genial: extinguir metade da vida em todas as galáxias para restaurar o equilíbrio do universo. Eles o chamaram de vilão, mas estavam errados! A ideia era genial e se colocarmos nós, raça humana, como os extintos, Thanos seria um herói. Talvez o maior herói da história deste planeta.

Desde antes da saga Vingadores e todo o romantismo inserido no contexto de heróis salvadores X vilões poderosos destruidores, várias obras fictícias exploraram cenários pós-apocalípticos, onde a extinção humana é retratada como um alívio para o universo. E quem poderia culpá-las? Mesmo com avanços tecnológicos e esforços de uma minoria para preservar o meio ambiente, a humanidade é uma praga que se espalha, procria de forma desordenada, invade, extingue outras espécies julgadas por ela menos evoluídas ou inferiores em força e, pasme, fazem isso por prazer ou seguindo valores ultrapassados, recheados de lendas religiosas, falas abusivas e descompromisso consigo mesmos.

Não importa se você, leitor, olha para países subdesenvolvidos ou para os supostamente civilizados como alguma referência ou exemplo. Poderíamos citar Noruega, Nova Zelândia e mais uma meia dúzia de países que de fato se preocupam com temas relacionados ao meio ambiente e desenvolvimento da raça humana para um futuro sustentável. Mas e daí? E o resto do planeta moendo tudo como está? Não tem jeito. Todos, direta ou indiretamente, compartilham a mesma mancha de destruição. A ONU é uma instituição que tem status de séria, mas apenas está lá para dizer depois, "Nós avisamos", ações efetivas e intervenções diretas. Esse órgão não tem poder para fazer, e digo que se tivesse, não faria. Para mim, são apenas um monte de velhos fingindo se importar e fazendo um teatro para a mídia mostrar ao povo que nem sabe o significado da sigla ONU.

Somos vermes! Poluímos e sujamos as mesmas águas que nossas crias consomem, exterminamos espécies e semelhantes, devastamos florestas, provocamos guerras com efeitos devastadores para nós mesmos, por ganância e poder, tudo em nome do lucro e da supremacia de poucos vermes que se julgam mais elitizados do que nós.

Lembro-me de um trecho do meu primeiro livro, onde descrevi a guerra em Angola e Moçambique nos anos 90. A revolução do Congo, onde o dinheiro se tornou tão inútil quanto papel usado e molhado, enquanto as pessoas morriam de fome e sede naquele pedaço da África Central esquecido propositalmente pela humanidade que podia intervir e salvar os mais de 3 milhões de mortos. Mas fica a pergunta que ninguém faz: mais 3 milhões de pessoas salvas no planeta, procriação sem parar? Seria bom para os outros bilhões? Hoje, em 2024, a história se repete, mas em uma escala global e sem chances de conserto.

Por que merecemos ser extintos? Porque somos uma praga insaciável. Consumimos mais do que podemos repor, destruímos mais do que podemos criar. Estamos há muito desequilibrando a própria casa que nos acolhe. Nenhum animal deste planeta destrói sua própria casa, apenas o ser humano.

Os efeitos das mudanças climáticas já são irreversíveis. As catástrofes naturais tornam-se cada vez mais frequentes e devastadoras. Estamos no limite, e nossa casa, a quase cinzenta Terra, está implorando por misericórdia, mas as chaminés e os escapamentos de veículos com suas fumaças negras, o barulho das perfuratrizes nas rochas buscando minérios raros e no fundo do mar explorando cada vez mais a reserva de combustíveis fósseis, somada aos trânsitos caóticos das grandes metrópoles e suas buzinas irritantes, acompanhadas de notificações e toques de celulares que superam em muito a quantidade de seres humanos do globo, não nos deixam escutar. Ou acredito que o mais certo é que não queremos escutar. Acredito que o homem concluiu sua observação mesquinha e repassou para os demais. "Já que a morte é certa para todos, por que preservar isso aqui? Eu não estarei vivo mesmo." E nesse pensamento enraizado, habita a estupidez e a certeza que o futuro é uma lenda que jamais virá, e o passado, menos tecnológico e mais humano, é uma utopia que jamais voltará.

No final, talvez a extinção seja a única solução para restaurar a ordem neste planeta. A Terra está cansada de nós, e nada ficará no lugar quando ela finalmente decidir se livrar da praga que somos. E quando esse dia chegar, não estaremos aqui para testemunhar o desfecho épico do nosso próprio fim.

Ou quem sabe, estaremos de olhos arregalados, apavorados, aos prantos, pedindo aos mesmos deuses que a raça humana se acostumou a pedir qualquer merda, como se deuses fossem pés de coelho ou leprechauns que moram no outro lado do arco-íris com três desejos para cada um de nós. Só que se existe um Deus, e ele tem mesmo essas características tão exaltadas pelos religiosos, esse cara também deseja com força que todos nós sejamos extintos deste planeta. Então, até lá, gente.

Por Alexandre Chakal.

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