Quando ele leu a coluna
Por Fabio da Silva Barbosa
Daí ele tomou um gole na branquinha e disparou:
-
Mas por que o subtítulo é “Contos e crônicas
da ópera rock do terror cotidiano” se, por vezes, são relatos e
crônicas até tranquilas?
Sabia
que em muitos momentos ele estava querendo provocar, mas um bom companheiro de
mesa, um irmão de copo, reconhece o que o outro está querendo dizer. Naquele
momento estava apenas com um questionamento autêntico.
-
Tudo depende de quem está lendo. O que é aterrorizante para uns, soa como
flores para outros.
-
Mas quem está escrevendo é o mesmo. Então você deveria...
- Não deveria nada. Não tenho
dever com nada, nem com ninguém.
- Mas então não faz sentido...
- Exatamente. Agora você está
chegando perto. Nada faz sentido e não vai ser minha coluna que vai se prestar
a salvar o mundo. Muito pelo contrário. Que sirva como prece ao próximo meteoro
que estiver na direção da Terra para que dessa vez acerte em cheio. Cansado
dessa conversinha de sempre passou perto. Ficamos em uma expectativa danada pra
quê?
- Mas você não me deixa acabar
de falar.
- Não precisa. Já sei o que
você vai dizer e não me interessa. Mas estou sendo educado e não te deixando
sem respostas.
Então ele discretamente tirou
a sonda e colocou a tripa de borracha na garrafa que estava estrategicamente sob
a mesa. Ele tinha prática em acertar a boca da garrafa e deixar a fina
mangueirinha escorregar gargalo a baixo. Logo começava a brotar o líquido. Ele
fazia isso tudo olhando para outro lado, ou conversando, como se nada estivesse
acontecendo.
- Achei esse final perfeito.
- Que final?
- Você mijando na garrafa de
cerveja com essa cara de paisagem.
- ...
- Vai ser a próxima coluna.
- O quê?
- Esse nosso papo.
- Pois é... É isso que eu
digo.
- Pois é. É isso que digo
também, só que de outro jeito.
- Então bota o que você quiser
nessa porra.
- Pode deixar. Farei isso. Não
se preocupe.
Daqui a 15 dias, nos vemos novamente. Até lá!
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