sexta-feira, 19 de julho de 2024

Navalha na Carne - Edição 40 - O que esperar?

 

Escrevi este aforismo com pitadas de poesia durante uma viagem de ônibus para o trabalho, sentindo aquele ódio já enraizado pelos engarrafamentos diários da Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo. Uma das grandes vergonhas diárias, sem sinais de solução na região metropolitana da maior capital do Brasil.

O que esperar?

O que esperar de pobres que só possuem dinheiro? De tantos doutores forçados, sejam eles clínicos gerais, bicheiros, advogados, policiais corruptos ou tantos e tantos delegados que não possuem teses e títulos de doutorado? De políticos que aumentam os próprios salários, votam contra melhorias do proletariado, legislam em causa própria, talvez para se safar de crimes e também ajudar seus chegados, financiadores, patrocinadores e duvidosos aliados? De feministas caluniadoras, difamadoras, criminosas, usando táticas machistas, truculentas e fascistas, alegando necessidade de valorização e desejando demarcar seu espaço na marra? 

De religiosos armamentistas, partidários que usam a fé alheia para implorar pela volta da ditadura militar e desejam liberdade para mentir, ofender e difamar todos aqueles que se opuserem às suas ideias intimistas, vergonhosas e capitalistas? De negros capatazes e assassinos de outros negros, que em troca de poder, destaque social ou dinheiro se tornam os maiores racistas? De gays moralistas, homofóbicos e preconceituosos? De pacifistas, desmatadores, anti-indígenas e armamentistas? De pervertidos moralistas?

O que esperar? O que esperar? O que esperar? Em um mundo onde a hipocrisia parece ser a moeda corrente, onde as máscaras caem com uma facilidade assustadora, onde os interesses pessoais muitas vezes sobrepõem-se ao bem comum, resta-nos a dúvida amarga sobre o futuro de uma sociedade cada vez mais corroída pelos próprios vícios e egoísmos. O que esperar quando os valores morais são relegados a segundo plano, quando a justiça é uma utopia distante e a solidariedade torna-se uma raridade? A resposta parece desvanecer-se diante de um cenário tão sombrio, onde a busca pelo poder e pela satisfação individual eclipsa qualquer vestígio de humanidade e empatia. O que esperar? Talvez nada mais do que o eco vazio de nossas próprias decepções e a constatação amarga de que a verdadeira mudança só pode surgir de dentro de cada um de nós.

A pergunta continua a se repetir sem resposta. 

O que esperar?

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