sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Navalha na Carne - Edição 19 - Quando Recordo...


Quando Recordo...

Desperto e adormeço imerso na reflexão do colossal equívoco que é a raça humana. Contemplo as revoluções tecnológicas, analiso os gestos positivos de uma minoria que povoa o nosso planeta, que já não é mais tão azul como era, pondero sobre as pequenas crianças e aqueles que enfrentam diariamente a luta pela sobrevivência nesta selva confinada. Nesta jaula fetida, doente e prestes a ser totalmente aniquilada. Seja pelas geleiras degeladas, seja pelos vulcões acordados ou pelas crateras quilométricas desse chão que tanto recebeu sangue derramado.

Reflito também sobre os cientistas que desvendam curas, exploram possibilidades e tentam resgatar essa espécie desumana. Seres impares tentando manter a evolução, como se essa fosse a tão sonhada salvação. Mas infelizmente não. 

Revisito meus pensamentos novamente nas crianças. Seus olhos curiosos e alegres, sentindo as descobertas mínimas que tem valores máximos.

Alheias à classes sociais, cores, etnias, credos, gêneros ou raças. Apenas crianças.

Reflito e, por vezes, lágrimas se desprendem, o desespero se instala, e questiono... Como os adultos podem ser tão egoístas ao continuar gerando e inserindo crianças indefesas neste mundo amaldiçoado, fadado ao fracasso e prestes a ser pela natureza devastado?

Alguns argumentarão pela preservação da espécie humana, outros, mais cínicos, fanáticos e criminosos, justificariam que suas tropas necessitam de mãos para empunhar armas e defender sua soberania ou empunhar bíblias e louvar um Deus que eles mesmos inventaram para si mesmos.

Os pedófilos, permaneceriam em silêncio, mas seus pensamentos envolveriam positividades sobre novas crianças no mundo... 

Reflito novamente, mais triste ainda e abandono a ponderação. Ainda penso nas crianças. Sorrisos puros, inocência genuína, dependência física e emocional. Criadas por uma raça que merece a extinção. Crianças destinadas a tornarem-se adultos, provavelmente refletindo esta sociedade doente, mesquinha, violenta e selvagem.

Desisto de escrever mais, as lágrimas estão manchando o papel em minhas mãos cansadas. Desisto, mas ainda penso.

Que os úteros sequem antes da catástrofe final.

Crianças não merecem viver neste ambiente imoral.

Alexandre Chakal é carioca, pai, publicitário, jornalista independente, designer, musicista, escritor, poeta, locutor freelancer, zineiro, editor do blog Metal Reunion Zine à mais de 15 anos.  Um eterno inconformado com o cenário social e as péssimas gestões políticas no país mais rico da America Latina.

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