Claustrofobia 2
Por Fabio da Silva Barbosa
Eram três e pouco da manhã.
Estava novamente na calçada buscando ar. A rua deserta o fazia prestar atenção
ao entorno. Ficava difícil olhar em volta, tentando evitar a violência urbana
da selva de concreto, enquanto controlava aquela sensação aterradora de estar
morrendo afogado em um espaço cheio de ar. Na última consulta, o médico havia
dito que os sintomas não eram de claustrofobia com pânico, como o outro médico
falou. Os sintomas eram mais parecidos com ansiedade. Segurou na grade do
prédio e buscava voltar a sentir o oxigênio em seus pulmões. Esqueceu por
completo os riscos do horário e do local. Respirar era, sem dúvida, a
prioridade. Estava cada vez pior. A sensação o sufocando psicologicamente sem
piedade. Era tudo coisa da sua mente, mas mesmo assim o afligia como se fosse
real. Era só ter paciência que ia passar. Entrar em pânico só piorava. Sabia
que ia melhorar. Já devia estar acostumado, contudo ninguém se acostuma ao que
é ruim. Aos poucos foi tudo voltando ao normal. Puxou profundamente com o
nariz. Que delícia. Seja claustrofobia, pânico ou ansiedade, o que se podia
dizer, com certeza, é que aquilo era uma merda.
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