quinta-feira, 26 de outubro de 2023

ARQUIVOS EXPLÍCITOS - Contos e crônicas da ópera rock do terror cotidiano - Segunda Temporada 2023 - #15

Claustrofobia 2

Por Fabio da Silva Barbosa

 

Eram três e pouco da manhã. Estava novamente na calçada buscando ar. A rua deserta o fazia prestar atenção ao entorno. Ficava difícil olhar em volta, tentando evitar a violência urbana da selva de concreto, enquanto controlava aquela sensação aterradora de estar morrendo afogado em um espaço cheio de ar. Na última consulta, o médico havia dito que os sintomas não eram de claustrofobia com pânico, como o outro médico falou. Os sintomas eram mais parecidos com ansiedade. Segurou na grade do prédio e buscava voltar a sentir o oxigênio em seus pulmões. Esqueceu por completo os riscos do horário e do local. Respirar era, sem dúvida, a prioridade. Estava cada vez pior. A sensação o sufocando psicologicamente sem piedade. Era tudo coisa da sua mente, mas mesmo assim o afligia como se fosse real. Era só ter paciência que ia passar. Entrar em pânico só piorava. Sabia que ia melhorar. Já devia estar acostumado, contudo ninguém se acostuma ao que é ruim. Aos poucos foi tudo voltando ao normal. Puxou profundamente com o nariz. Que delícia. Seja claustrofobia, pânico ou ansiedade, o que se podia dizer, com certeza, é que aquilo era uma merda.  

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