Por Fabio da Silva Barbosa
Ficou na beirada do parapeito
e olhou para baixo. Viu as pessoas passando, bem pequenininhas. Respirou fundo
e sentiu um tremor. Quase desequilibrou. Endireitou novamente o corpo e olhou
de novo para a calçada. Quantas vezes subiu ali e ficou naquela posição
pensando em seu ato final. Seria hoje. Não havia mais dúvidas. Não tinha porque
continuar tentando. Tentar qualquer coisa só o levaria a novos fracassos e a
mais dor. Nascera para perder. Não existiam dúvidas quanto a sua vocação para a
derrota. Lembrava de sua mãe colocando toda a expectativa do mundo nele. Dizia
que poderia ser tudo o que quisesse. Ele acreditou e a crença só serviu para
levá-lo a frustração. Um pombo chegou voando e pousou ao seu lado. Olhou para
ele e saiu voando novamente. O suicida voltou a olhar para baixo. Pensou
fortemente que era a hora. Colocou o corpo na posição que lhe parecia a mais
apropriada e... desceu novamente do parapeito. Fechou forte os olhos e deu
algumas cabeçadas na parede ao lado. Ainda não seria hoje o dia, mas não
tardaria a chegar. Podia sentir. A cada vez que tentava, mais perto estava.
Até a próxima.
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