segunda-feira, 3 de julho de 2023

Navalha na Carne - Edição 13 - Até onde vai o poder?

Desde 2013 não publicamos essa coluna. 
Hoje, dia nacional de combate a descriminação racial, é o dia que decidimos voltar e fazer postagens periódicas com aforismos, poemas e textos que dizem um pouco do que pensamos.

Então vamos lá !


 Até onde vai o poder?

Por Alexandre Chakal

Poder dizer o que deseja ao infinito.
Sem civilidade,  sem tato, com ausência  de educação ou nada daquele tal de filtro.

O poder!?
Comprado, licenciado ou herdado.
Que divide cores, gêneros, vencedores, alegres, sofridos, vivos, mortos e fracassados.

Poderosos genes retardados, que possuem dinheiro e poder, fruto de crimes, nunca denunciados e que  sequer, serão questionados, julgados, condenados e muito menos vingados. 
Quem sabe de poder apoderado?

Poderes aclamados por mizeraveis fanáticos. Poderosos elevados à condição de deuses, reis faraós, craques ou mitos que alimentam sonhos e enganam o imaginário de tantos fudidos.

Poder, sorrir cinicamente dos  pobres bajuladores, alienados, emburrecidos, com amores castrados, sonhos enterrados e viagens dementes. 

Poder aplaudir, gargalhar, debochar e ignorar de forma contudente, a sina perversa dessa multidão descontente, sofredora e maltratada moralmente.
Poder não se importar com o sofrimento latente, de milhões e milhares de filhos indigentes.

Poder ofender de forma preconceituosa, seletiva, parcial e orgulhosa.
Poder glorificar deuses, desejando e praticando os mais absurdos atos com plenos poderes.

Poder!
Da fome imposta!
Da tragédia certeira!
Da bala perdida que só é achada por gente pobre, simples e de pele preta.

Poder privilégiado da carne branca que representa o desumano estado. 

Poder branco supremacista! 
Poder da cor de pele preferida, que forma a tradicional família.  Ele, o poder, odeia as outras cores e etnias, sempre descriminadas e marginalizadas pelo poder em vigor, branco, desejado e sedutor.

Poder da farda, da arma e da famosa carteirada.
Encarcera, machuca, lucra muito, estupra e mata.

Com poder e autoridade
Comete atrocidades e acha normal qualquer ato vil, abusivo e covarde. 

Poder! 
Defender o estado! 
Proteger e servir o financiador de campanha  endinheirado.

Poder! 
Pela paz e pela ordem.
Pela cruz e pela bandeira. Poder! 
De seus donos brancos ou poderosos capatazes.

Poder proferir a palavra amor, propagando a fúria, preconceitos e alimentando muito rancor.
Fala de vida e felicidade, mas cultua a morte e se diverte com a bestialidade.

Poder do dinheiro, que trás status de intelectual
Poder mascarar a índole e caráter que revelariam um pequeno pobre boçal.

Poder ou poderes! 
De politicos, pastores, padres, empresários, milicos ou policiais otários.
Com pensamentos pequenos! 
De valores ausentes!
Atrozes, estupidos e inconsequentes, permitidos apenas no imaginário.

Poder!
Plantar fome, ódio, dor e o direito de se armar.
Não basta humilhar e subjugar. 
Tem que haver poder para continuar a grande matança. 
O poder de matar!

Queria poder desejar, rogar ao inferno, quem sabe?
Poder um dia contemplar, meu esperar ansioso se realizar.
 
Que o poder colha a brutalidade plantada em forma de sequestros, torturas e facadas!

Que sintam na carne, a fúria desse ser monstruoso, nascido de suas chacinas, ausências e promoções constantes de desesperança. Eles queriam que fosse um aborto.

Poder ver! 
O dia em que o morro massacrado, vai descer pra pista e trombar o playboy despreocupado. O morro será murro!
Vai espancar, humilhar e massacrar, sem nenhuma vontade de negociar.

Não haverá diálogo! 
Não haverá ética ou comportamento civilizado. Não!
Não haverá patentes, divisas ou status desse  poder vergonhoso vigente.
Mas haverá sim, corpos brancos,  limpos, cheirosos, siliconados e bem tratados, devidamente  despedaçados, esquartejados, queimando 
dentro de seus caríssimos carros blindados.

O poder de ser um animal encurralado. 
Dizendo não! 
Gritando chega! 
E ignorando as consequências vendidas, propagadas, ameaçadas e todas as outras incertezas que controlam multidões silenciadas.

O poder será apedrejado e apoderado.


03 de Julho de 2023. 
Dia Nacional de Combate a descriminação racial.


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