O interrogatório
Por Fabio da Silva Barbosa
- Então, delegado? Será que
foi ele mesmo?
- Mas é claro que sim, rapaz!
Não deixe estes demônios enganarem você! Ele bate perfeitamente com a descrição
dada pela vítima. – Respondeu o delegado limpando o sangue das mãos.
- A vítima não conseguiu ver
direito. Ela disse ter percebido apenas que era um homem negro e alto. Existem
vários homens negros e altos. – Questionou o investigador sem saber direito o
que fazia com suas mãos.
- Como existem vários? Negro
assim e alto desse jeito não tem um monte. Temos de dar uma resposta para o
caso. Com certeza, se as coisas não estão com ele, existe um receptador. Afinal
de contas, você foi à casa dele comigo e ouviu que a mulher disse não ter visto
ele entrar com nada em casa. – Finalizou o delegado como quem responde a todas
as questões existentes.
- Sim... Foi à última coisa
que ela conseguiu dizer antes do senhor quebrar os dentes dela. – O escrivão
mostrava-se contrariado.
- Está me questionando? Fui
convocado para resolver pessoalmente este caso e vou levar uma resposta ainda
hoje! Você vai ver! A vítima foi um rico empresário e o crime ocorreu em um
condomínio de luxo! Essas coisas não podem ficar assim! Presta atenção e
aprende! – Sentenciou o delegado acendendo um cigarro.
- Mas ele já está quase morto
e ainda não entregou ninguém.
- Sim... Esse daí é durão.
Gosta de se fazer de difícil. Mas eu gosto desse tipo. Eles são ruins, mas nós
somos piores! Defendemos a sociedade custe o que custar! – Deu uma tragada e
olhou para o investigador. – E sobre para atender ao telefone! Aqui não está me
ajudando em nada!
O investigador seguiu as
orientações do delegado. Subiu as escadas com cara de poucos amigos, mas meia
hora depois precisou retornar. O prefeito estava no telefone querendo saber se
já havia alguma novidade sobre o crime no condomínio.
- Diga para ele que já retorno.
– Respondeu o delegado sentado em uma cadeira. Após acender um cigarro, olhou
para trás e se deparou com o investigador olhando o cadáver no chão.
- Ele contou alguma coisa? –
Perguntou ao observar que o delegado o olhava fixamente.
- No final queria dizer alguma
coisa, mas já não conseguia falar.
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