sexta-feira, 12 de agosto de 2022

ARQUIVOS EXPLÍCITOS #13 - Contos e crônicas da opera Rock do terror cotidiano.

Quando dobrou a esquina...

Por Fabio da Silva Barbosa

...viu logo os quatro sentados ao lado da caçamba de lixo. Ela destacou-se com muita rapidez entre os outros três elementos. Estava acabando de dar uma bimbada no cachimbo. Um puxão daqueles. Levantou os olhos e também o reconheceu. Suspendeu o corpo magro em único movimento. Uma verdadeira ginasta.

Atravessou a rua entre tiques e espasmos. Toda torcida. Foi chegando perto e ele abriu a alma esperando o afeto.

- Seu grande Fodido!

O grande F. a recebeu, minúscula, entre seus braços que pareciam gigantes naquela situação.

- Como está, guria?

- Viva e inteira.

Pareceria pouco para os ditos normais, mas, no caso, eram ótimas notícias, algo realmente surpreendente.

Como sempre que sumia, dizia ter passado um tempo presa.

- Quer um cigarro?

Ela agitou todo o corpo em um balé convulsivo.

- É claro, né. Como não vou querer???

Estendeu-lhe um canceroso e disse que tinha de ir. Estava com pressa. Ela voltou para a calçada.

Seguiu em linha reta até a grande avenida e dobrou a esquerda. Margeou o grande rio de asfalto, por onde passavam vários tipos de peixes em latas.

Foi até o ermo vale da escuridão, onde encontrou figuras fantasmagóricas. Ficou brincando de passar da luz para a escuridão... e ao contrário também. Riu enquanto chorou. Andou, andou, andou.

 E o andarilho nunca mais chegou.


 

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