Quando dobrou a esquina...
Por Fabio da Silva Barbosa
...viu logo os quatro sentados ao lado da caçamba de lixo. Ela destacou-se com muita rapidez entre os outros três elementos. Estava acabando de dar uma bimbada no cachimbo. Um puxão daqueles. Levantou os olhos e também o reconheceu. Suspendeu o corpo magro em único movimento. Uma verdadeira ginasta.
Atravessou a rua
entre tiques e espasmos. Toda torcida. Foi chegando perto e ele abriu a alma
esperando o afeto.
- Seu grande
Fodido!
O grande F. a
recebeu, minúscula, entre seus braços que pareciam gigantes naquela situação.
- Como está, guria?
- Viva e inteira.
Pareceria pouco
para os ditos normais, mas, no caso, eram ótimas notícias, algo realmente
surpreendente.
Como sempre que
sumia, dizia ter passado um tempo presa.
- Quer um cigarro?
Ela agitou todo o
corpo em um balé convulsivo.
- É claro, né. Como
não vou querer???
Estendeu-lhe um
canceroso e disse que tinha de ir. Estava com pressa. Ela voltou para a
calçada.
Seguiu em linha
reta até a grande avenida e dobrou a esquerda. Margeou o grande rio de asfalto,
por onde passavam vários tipos de peixes em latas.
Foi até o ermo vale
da escuridão, onde encontrou figuras fantasmagóricas. Ficou brincando de passar
da luz para a escuridão... e ao contrário também. Riu enquanto chorou. Andou,
andou, andou.
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