sábado, 28 de dezembro de 2013

We Want Armagedon Vol. 1 - Resenha de Show.


Evento: We Want Armagedon Vol. 1

Data: 10/11/2013

Local: Audio Rebel. Rio de Janeiro/RJ

Bandas:
- Sakhet (Rock'N’Roll – RJ)
- The Unhaligäst (Speed Metal – RJ)
- Atomic Roar (Thrash Metal – RJ)
- Velho (Black Metal – RJ)

Resenha: Alexandre Chakal
Fotos: Luiz Garcia, Vanessa Pinto e Diogo Gonçalves

No décimo dia ensolarado do penúltimo mês de dois mil e treze, lá estava eu na zona sul carioca para conferir o We Want Armagedon Vol. 1. O evento totalmente “Do It Yourself” promovido por iniciativa total das próprias bandas que alugaram o local, som, fizeram cartaz, camiseta do evento, flyer e vídeo teaser de divulgação.
O objetivo do evento é usar o lucro da bilheteria para trazer bandas de outros Estados e outros países para as próximas edições do evento. O lucro é colocado em um ‘porco’, que também pode receber doações voluntárias, pois o ‘porco’ fica exposto durante todo o evento.

Na boa, os meus comentários do evento vão parecer clichê e bem previsíveis, pois todas as bandas do ‘cast’ são de pessoas que conheço e tenho orgulho de ter como amigos.
Logo na chegada, dava para perceber o clima de envolvimento pela cultura Underground. O espaço pequeno da recepção da Audio Rebel abrigava bancas expondo CDs, vinis, tapes camisetas, patches e kibe vegan de feijão que me surpreendeu e recomendo para os ‘lariqueiros’ de plantão.
Cerveja gelada e acústica boa são características da casa, que é um estúdio de ensaios bem espaçoso, usado para apresentações.


O ‘power trio’ Sakhet foi responsável por dar ‘start’ nessa noite. O grupo, que recentemente lançou seu compacto 7’ EP, intitulado “A caminho do Inferno”, apresentou músicas do mesmo e de sua Demo “Sakhet”. O novo batera, Pedro, se mostrou bem entrosado com o grupo e o show foi algo bem marcante para quem curte Rock’n’Roll na linha de bandas como Motörhead, mas com vocal de saia. Começaram com “Batizado pelo Uísque”, seguido pelas músicas “Vida Dura”, “Na Cerveja eu Acredito”, “Punho de Aço”, “666 Cervejas”, “Amaldiçoados”, “Liberdade”, “A caminho do Inferno” e fecharam com cover “Não vou mais Falar”, do Azul Limão.


Um breve intervalo e visitando as banquinhas de merchandising, sobe ao palco outra banda que respira Rock’n’Roll e era bem aguardada pelos presentes. The Unhaligäst, formado por Executor do Flageladör, Sub Umbra do Poeticus Severus e Bitch Hünter do Imperador Belial, lançaram aqueles que contemplavam sua apresentação em uma espécie de máquina do tempo, que nos levou aos maravilhosos anos 80. Toda aquela energia da época ecoava durante a apresentação dos caras, que mostraram uma variedade de sons nada repetitivos, calcados na ‘velha escola’. Apesar de integrantes antigos da cena carioca, a banda é relativamente nova e as músicas apresentadas fizeram parte de seu EP de estreia, “Outburstin’ Rock‘n’hell”, e outras que estarão em seu álbum completo. Excelente apresentação e alguns sons me chamaram atenção, como a música que deu início ao show, “We are the Unholy Ghosts”. As outras foram “Motörmentor”, “Unleash the Dogs”, “Outburstin’ Rock‘n’hell” e “Born to be a Headbanger”. Destaque para a agitação do público.

Sem muito intervalo e correndo contra o tempo, pois a casa tem que estar fechada às 22h00 em ponto, entra em ‘cena’ o Atomic Roar, que é formada por integrantes do Farscape e Apokalyptic Raids. Revelo que era a banda que eu estava esperando com mais curiosidade.  Não havia conferido os caras ao vivo ainda e, como não tocam sempre, foi uma ótima oportunidade para quem foi no evento e curte Metalpunk. Repetindo o que falei quando resenhei um dos álbuns deles aqui, os caras dão aula de como fazer algo dentro desse estilo. O local virou um caos de moshes e cabelos voando. Enfim, um puta show louco! O ‘set list’ do Atomic Roar foi: “Screaming From The Sewer”, “Chains in Your Face”, “Demon Dust”, “Mutants”, “Metal Mayhem”, “Loud Machine/Play Loud”, “Not this Hell”, “Bangers are Back in Hell”, “Brazilian Jawbreakers” e “Atomic Whore”, essa última o vocalista Vinicius Canabarro me revelou que foi tocada na empolgação, pois não havia sido ensaiada. 

Já com praticamente todos os presentes exaustos, mas com disposição para
se colocar pela última vez naquela noite à frente do palco e conferir algo que só posso definir como absurdo e que serviu para eu ter a certeza que estava certo quando participei da aliança de lançamento do disco do caras esse ano. Velho, advindo de Duque de Caxias, mostrou seu diferencial em fazer Black Metal cantado em português extremamente empolgante. Eu sou suspeito de falar algo, mas pego emprestado aqui as palavras que Leon Manssur proferiu: “Velho é uma força da natureza, cara!”. Sem mais palavras para não parecer algum tipo de ‘lobby’ da minha parte, mas foi algo que me marcou nessa noite. Uma banda com pouco tempo de vida, tendo suas músicas cantadas por um monte de gente, durante sua apresentação, já é mais do que eu poderia escrever aqui. Os caras apresentaram sons de seu álbum que reúne musicas da Demo “Vida Longa ao Primitivo” e do EP “O Senhor de Tudo”. A sequência foi: “O
Senhor de Tudo”, “Uma Trilha Sem Pegadas”, “Perto dos Portais da Loucura”, “Newton Misantropo”, “Satã Apareça”, “A Mesma Velha História”, “O Poder é Real”, “Único Caminho”, e “Under a Funeral Moon”, cover do Dark Throne. Atendendo a pedidos os caras tocaram de novo “Perto dos Portais da Loucura”, e se findou a noite.
Na boa, se todos os eventos do subterrâneo carioca fossem assim, teríamos uma carga cultural de contracultura tão poderosa, que poderia ser ensinada nas escolas. 
Foi sensacional!
Bandas com integrantes ‘cascudos’, mas com aquele tesão de adolescentes. Atitudes motivadoras que mantêm acesa aquela chama que aquece a essência do velho culto que, de certa forma, está sendo esquecido por alguns do Underground!
Os objetivos do evento foram alcançados e no segundo dia do segundo mês do ano de dois mil e quatorze o Armagedom se repetirá e se você estiver vivo, passando pela zona sul do Rio de janeiro, recomendo que vá conferir as bandas Praga, Poison Beer (PR), Lastima e Worship no One (SP).

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