O Unearthly, que vem ganhando cada vez mais espaço mundo afora devido a sua garra e honestidade com que faz a sua música, recentemente esteve novamente na Europa, onde desta vez aproveitaram a oportunidade para gravar o primeiro DVD de sua carreira, que já conta com 15 anos e diversos álbuns lançados.
E na entrevista a seguir o vocalista/guitarrista Eregion nos fala um pouco de como foi essa turnê e ainda aborda outros tópicos bem interessantes e contundentes.
Metal Reunion Zine – Para começarmos nos conte quantas datas e quais países foram ‘alvo’ da banda nessa tour?
Eregion – Na verdade seria uma tour muito maior; tínhamos datas por toda Europa e inclusive na Austrália, mas devido ao nosso “manager” na época nos enganar em alguns acordos, decidimos pular fora e fazer por nossa conta. A partir daí tratamos diretamente com o cara que hoje nos representa no Leste Europeu, e mesmo sendo agendado assim, em cima da hora, de um mês para o outro, fizemos 15 shows em 16 dias, aproximadamente, em apenas dois países: Rússia e Ucrânia, mas já nos abriu porta para mais sete países que faremos esse ano.Metal Reunion Zine – Devido ao período que vocês excursionaram, época que muitas bandas brasileiras ‘rodam’ também pela Europa, mas escolhem países que vou chamar aqui de “mais tradicionais”. Por que o Leste Europeu?
Eregion – O que acontece hoje no mercado da música e mais especificamente no Metal, é que as bandas pagam para fazer shows fora do país. Há bandas que pagam até pelas bandas que vão abrir show, e é esse o caso. Nós não pagamos, pelo contrário, recebemos por todos os shows realizados. Esse foi um o grande motivo de ainda não termos tocado nos principais picos europeus. Enquanto muitas bandas mais novas e com relativamente menos expressão que nós já foram. Acreditamos no nosso trabalho, e queremos ser respeitados por isso, da mesma forma que respeitamos o trabalho alheio. Cada um sabe o que é melhor para o seu trabalho.
Eregion – Na verdade seria uma tour muito maior; tínhamos datas por toda Europa e inclusive na Austrália, mas devido ao nosso “manager” na época nos enganar em alguns acordos, decidimos pular fora e fazer por nossa conta. A partir daí tratamos diretamente com o cara que hoje nos representa no Leste Europeu, e mesmo sendo agendado assim, em cima da hora, de um mês para o outro, fizemos 15 shows em 16 dias, aproximadamente, em apenas dois países: Rússia e Ucrânia, mas já nos abriu porta para mais sete países que faremos esse ano.Metal Reunion Zine – Devido ao período que vocês excursionaram, época que muitas bandas brasileiras ‘rodam’ também pela Europa, mas escolhem países que vou chamar aqui de “mais tradicionais”. Por que o Leste Europeu?
Eregion – O que acontece hoje no mercado da música e mais especificamente no Metal, é que as bandas pagam para fazer shows fora do país. Há bandas que pagam até pelas bandas que vão abrir show, e é esse o caso. Nós não pagamos, pelo contrário, recebemos por todos os shows realizados. Esse foi um o grande motivo de ainda não termos tocado nos principais picos europeus. Enquanto muitas bandas mais novas e com relativamente menos expressão que nós já foram. Acreditamos no nosso trabalho, e queremos ser respeitados por isso, da mesma forma que respeitamos o trabalho alheio. Cada um sabe o que é melhor para o seu trabalho.
Metal Reunion Zine – Vocês tiveram ‘day offs’? Caso sim, nos conte, de forma resumida, como foi a interação com as pessoas, bangers e também a cultura local desses países.
Eregion – Somente um ‘day off’ na cidade de Tula na Rússia. Mas esse dia, em si, nem fizemos muita coisa além de rodar um pouco no centro da cidade e tomarmos algumas cervejas. Mas durante a tour tivemos bastantes momentos de interação com os bangers locais, que por sinal são bem parecidos com o público brasileiro, quando se trata de um artista ‘gringo’. Todos nos trataram muito bem; todos os dias faziam questão de nos servir suas especiarias (vodka, conhaque e algumas comidas locais). Era sempre uma novidade pra galera. Com certeza vimos que é uma realidade contrastante com a nossa. As pessoas, em geral, são um pouco mais tímidas e reclusas, mas o que mais nos impressionou foi a comida local e a forma como eles ainda são bastante marcados pela guerra e pelo comunismo.Metal Reunion Zine – Fiquei curioso para saber como foi a passagem do
Unearthly pela Ucrânia? Como a banda foi recebida nesse país, que tem uma história social e cultural bem “extrema”?
Eregion – Foi excelente! Vimos que a nossa apresentação, em algumas cidades bem pequenas, era um marco pra galera. Em algumas cidades fomos a primeira banda não europeia a tocar, em outras fomos a primeira banda de Black Metal... Enfim, foi algo realmente muito aguardado e novo para o público.
Metal Reunion Zine – De forma geral, como foram os shows? Quais foram as melhores datas? Rolou alguma situação curiosa que marcou a tour?
Eregion – Sem dúvida uma experiência sem igual, pois além de passarmos cada dia numa cidade diferente, quem nos acompanhou por todo percurso foram dois russos e pudemos ver mais de perto como é a realidade daqueles países. Eu diria que em termos de público as melhores datas foram nas cidades menores, onde o público compareceu em massa. Nas cidades grandes, como Kiev e Moscou, já não atingimos tanta gente, mas foi incrível ver em alguns shows numa segunda ou quarta-feira a casa extremamente cheia.
Metal Reunion Zine – Além das performances ao vivo, o DVD trará mais algum conteúdo que dá para revelar aos nossos leitores antecipadamente?
Eregion – Sim, inclusive esse é um dos motivos do lançamento do DVD estar um pouco atrasado (um mês), porque não queríamos deixar somente o show cru. Eu pessoalmente dirigi uma espécie de documentário, que conta um pouco da nossa rotina na tour e de tudo que ta rolando com a banda no momento.Metal Reunion Zine – Quais as principais mudanças no cenário desde o início da banda?
Eregion – Acredito que hoje é um outro tipo de realidade, desde o advento da informática e da tecnologia, tudo mudou para o mercado musical; a forma como as bandas gravam, divulgam, produzem e compõem, hoje tudo passa por esse processo digital. Antes era mais fácil de achar os fãs ‘die hard’, porque as pessoas tinham que correr atrás do material, por isso valorizavam mais as bandas. Apesar de eu não estar no Unearthly desde a fundação, posso lhe assegurar que hoje a banda vive cada vez mais um momento profissional e autossuficiente, mas ainda é uma luta. Costumo dizer que a gente tem que matar um leão por dia.
Eregion – Somente um ‘day off’ na cidade de Tula na Rússia. Mas esse dia, em si, nem fizemos muita coisa além de rodar um pouco no centro da cidade e tomarmos algumas cervejas. Mas durante a tour tivemos bastantes momentos de interação com os bangers locais, que por sinal são bem parecidos com o público brasileiro, quando se trata de um artista ‘gringo’. Todos nos trataram muito bem; todos os dias faziam questão de nos servir suas especiarias (vodka, conhaque e algumas comidas locais). Era sempre uma novidade pra galera. Com certeza vimos que é uma realidade contrastante com a nossa. As pessoas, em geral, são um pouco mais tímidas e reclusas, mas o que mais nos impressionou foi a comida local e a forma como eles ainda são bastante marcados pela guerra e pelo comunismo.Metal Reunion Zine – Fiquei curioso para saber como foi a passagem do
Unearthly pela Ucrânia? Como a banda foi recebida nesse país, que tem uma história social e cultural bem “extrema”?
Eregion – Foi excelente! Vimos que a nossa apresentação, em algumas cidades bem pequenas, era um marco pra galera. Em algumas cidades fomos a primeira banda não europeia a tocar, em outras fomos a primeira banda de Black Metal... Enfim, foi algo realmente muito aguardado e novo para o público.
Metal Reunion Zine – De forma geral, como foram os shows? Quais foram as melhores datas? Rolou alguma situação curiosa que marcou a tour?
Eregion – Sem dúvida uma experiência sem igual, pois além de passarmos cada dia numa cidade diferente, quem nos acompanhou por todo percurso foram dois russos e pudemos ver mais de perto como é a realidade daqueles países. Eu diria que em termos de público as melhores datas foram nas cidades menores, onde o público compareceu em massa. Nas cidades grandes, como Kiev e Moscou, já não atingimos tanta gente, mas foi incrível ver em alguns shows numa segunda ou quarta-feira a casa extremamente cheia.
Metal Reunion Zine – Além das performances ao vivo, o DVD trará mais algum conteúdo que dá para revelar aos nossos leitores antecipadamente?
Eregion – Sim, inclusive esse é um dos motivos do lançamento do DVD estar um pouco atrasado (um mês), porque não queríamos deixar somente o show cru. Eu pessoalmente dirigi uma espécie de documentário, que conta um pouco da nossa rotina na tour e de tudo que ta rolando com a banda no momento.Metal Reunion Zine – Quais as principais mudanças no cenário desde o início da banda?
Eregion – Acredito que hoje é um outro tipo de realidade, desde o advento da informática e da tecnologia, tudo mudou para o mercado musical; a forma como as bandas gravam, divulgam, produzem e compõem, hoje tudo passa por esse processo digital. Antes era mais fácil de achar os fãs ‘die hard’, porque as pessoas tinham que correr atrás do material, por isso valorizavam mais as bandas. Apesar de eu não estar no Unearthly desde a fundação, posso lhe assegurar que hoje a banda vive cada vez mais um momento profissional e autossuficiente, mas ainda é uma luta. Costumo dizer que a gente tem que matar um leão por dia.
Metal Reunion Zine – A banda possui uma longa carreira com uma extensa lista de lançamentos, incluindo um CD ao vivo gravado na turnê sul-americana. Como se deu a ideia de gravar um DVD durante a turnê da Europa e não no Brasil?
Eregion – São oportunidades que aparecem, e mais uma vez é aquela velha história que Nelson Rodrigues falava: “brasileiro sofre da síndrome de vira-lata, precisa que algum ‘gringo’ diga que é bom para acreditar que aquilo é realmente bom…”. Em resumo, esse DVD, na verdade, era para ser gravado aqui no Brasil, em Minas Gerais, no festival Roça ‘n’ Roll, mas o excelentíssimo produtor acha que no Brasil banda profissional “não merece cachê e suporte”. Isso aconteceu também com mais outros tantos festivais aqui no Brasil: o MOA no Maranhão, o Marreco’s Fest, Under Metal, Zoombie Ritual e posso te dar uma lista maior ainda. Enfim, todos esses nos contataram e de uma maneira ou outra ou não queriam nos pagar ou queriam que fossemos nos bancando como as outras bandas. Mas mesmo assim conseguimos fazer grandes festivais aqui e lá fora, com profissionais de verdade; tocamos no Acre (fomos a primeira banda de Black Metal a tocar lá), tocamos no Forcaos em Fortaleza, em Santa Cecília em Santa Catarina... Enfim, quem nos deu o suporte de gravar o material com a qualidade que queríamos e com o suporte que precisávamos, nós fizemos.
Metal Reunion Zine – Vocês farão o lançamento do DVD simultaneamente no Brasil, na Rússia e na Ucrânia. Como se deu este contato e quais as expectativas?
Eregion – Porque o pessoal que fez a gravação e a edição do show é da
própria gravadora, e eles nos ofereceram o material. Nós que depois negociamos aqui no Brasil, e inclusive vai sair também na Eslováquia. Nesse local, onde rolou o show, é uma casa bem conceituada onde grandes bandas já passaram, como Vader, Behemoth, Nile, Rotting Christ e inclusive algumas já gravaram DVD também, o que é o caso do Arkona. E lá rola um esquema muito bacana: a casa é super bem estruturada e eles já têm todo o esquema de gravação, e já trabalham com a gravadora que lança o material. E o interessante que quando orçamos a gravação aqui no Brasil, um DVD com a mesma qualidade sairia em torno de R$. 40.000,00! Nós demos apenas uma camisa e um CD para o produtor de Voronehz e já lhe foi grato com a gravação e o lançamento.
Metal Reunion Zine – Deixo as últimas ‘linhas’ para suas considerações finais. Obrigado mais uma vez e sucesso!
Eregion – Muito obrigado pelo espaço aqui cedido! Espero que a galera veja que nós somos brasileiros, somos sim uma potência iminente em tudo que fazemos, mas precisamos ser mais seletos, buscar mais qualidade nos nossos trabalhos, e apoiar, de fato, quem precisa ser apoiado. Não digo que você é obrigado a gostar de uma banda só porque é brasileira e a não gostar de outra só por que é ‘gringa’, não é isso. Vamos exigir mais qualidade, SIM, mas vamos dar mais espaço, apoio e oportunidade a quem realmente se esforça e merece.
Site: wwww.theunearthly.com
Shows: shows@theunearthly.com
Entrevista por Chakal
Introdução por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Sergei Kurkin
Eregion – São oportunidades que aparecem, e mais uma vez é aquela velha história que Nelson Rodrigues falava: “brasileiro sofre da síndrome de vira-lata, precisa que algum ‘gringo’ diga que é bom para acreditar que aquilo é realmente bom…”. Em resumo, esse DVD, na verdade, era para ser gravado aqui no Brasil, em Minas Gerais, no festival Roça ‘n’ Roll, mas o excelentíssimo produtor acha que no Brasil banda profissional “não merece cachê e suporte”. Isso aconteceu também com mais outros tantos festivais aqui no Brasil: o MOA no Maranhão, o Marreco’s Fest, Under Metal, Zoombie Ritual e posso te dar uma lista maior ainda. Enfim, todos esses nos contataram e de uma maneira ou outra ou não queriam nos pagar ou queriam que fossemos nos bancando como as outras bandas. Mas mesmo assim conseguimos fazer grandes festivais aqui e lá fora, com profissionais de verdade; tocamos no Acre (fomos a primeira banda de Black Metal a tocar lá), tocamos no Forcaos em Fortaleza, em Santa Cecília em Santa Catarina... Enfim, quem nos deu o suporte de gravar o material com a qualidade que queríamos e com o suporte que precisávamos, nós fizemos.
Metal Reunion Zine – Vocês farão o lançamento do DVD simultaneamente no Brasil, na Rússia e na Ucrânia. Como se deu este contato e quais as expectativas?
Eregion – Porque o pessoal que fez a gravação e a edição do show é da
própria gravadora, e eles nos ofereceram o material. Nós que depois negociamos aqui no Brasil, e inclusive vai sair também na Eslováquia. Nesse local, onde rolou o show, é uma casa bem conceituada onde grandes bandas já passaram, como Vader, Behemoth, Nile, Rotting Christ e inclusive algumas já gravaram DVD também, o que é o caso do Arkona. E lá rola um esquema muito bacana: a casa é super bem estruturada e eles já têm todo o esquema de gravação, e já trabalham com a gravadora que lança o material. E o interessante que quando orçamos a gravação aqui no Brasil, um DVD com a mesma qualidade sairia em torno de R$. 40.000,00! Nós demos apenas uma camisa e um CD para o produtor de Voronehz e já lhe foi grato com a gravação e o lançamento.
Metal Reunion Zine – Deixo as últimas ‘linhas’ para suas considerações finais. Obrigado mais uma vez e sucesso!
Eregion – Muito obrigado pelo espaço aqui cedido! Espero que a galera veja que nós somos brasileiros, somos sim uma potência iminente em tudo que fazemos, mas precisamos ser mais seletos, buscar mais qualidade nos nossos trabalhos, e apoiar, de fato, quem precisa ser apoiado. Não digo que você é obrigado a gostar de uma banda só porque é brasileira e a não gostar de outra só por que é ‘gringa’, não é isso. Vamos exigir mais qualidade, SIM, mas vamos dar mais espaço, apoio e oportunidade a quem realmente se esforça e merece.
Site: wwww.theunearthly.com
Shows: shows@theunearthly.com
Entrevista por Chakal
Introdução por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Sergei Kurkin
Originalmente publicado em http://www.recifemetallaw.com.br/index.php?link=materias&id=218&tipo=entrevistas
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