sábado, 22 de junho de 2013

O Doutrinador – mandando a escória do Brasil para o inferno

Todo texto extraído do site Udi Grudi Cultura Marginal. Links fonte: http://udigrudi.org/quadrinhos/entrevista-doutrinador/ 
Imagine um herói, ou melhor, anti-herói, que pudesse expressar toda nossa revolta contra o sistema político brasileiro. Alguém com forças e recursos suficientes para vingar a dor e angústia que vive o povo brasileiro, caçando e executando criminosos, políticos corruptos, líderes falsários e toda corja que compõe a escória de governantes do país. Esse cara existe, pelo menos nos quadrinhos, e anda causando o terror de muitos criminosos, nas páginas do facebook da editora independente Capa Comics. Ele se chama O Doutrinador.
Com sua máscara de gás e aparato militar, O Doutrinador tem reunido uma legião de fãs em sua página do facebook. Pessoas que se identificam com o personagem e também gostariam de poder contribuir para um mundo mais justo, ao melhor modo de ser do Justiceiro.
Por trás dessa criação autêntica está Luciano Cunha. Designer gráfico, 40 anos, já andou muito pelos guetos undergrounds cariocas, curtindo um bom heavy metal. Sem pretensão de se tornar astro, resolveu dar vazão ao seu hobby que é ilustrar e nos deu de presente esse personagem marcante.
Conversamos com ele sobre o personagem, sua criação e expectativas. Confira:
Udigrudi: A gente quer saber, quem é que está por trás da criação do Doutrinador? Fale um
pouco pra gente sobre você, o que você faz da vida, onde você mora, como é o seu dia-a-dia.
Luciano Cunha: Sou o autor, meu nome é Luciano Cunha, sou designer, venho da Baixada Fluminense, meu dia-a-dia é mais do que comum como qualquer assalariado brasileiro.

Udigrudi: Como surgiu a ideia para criar o personagem? Pura indignação? Houve uminsight com algum fato específico?
Luciano: Claro que foi a indignação, mas como o personagem nasceu em 2008, não lembro mais de algo específico que tenha produzido um “insight” (rsrsr)… Eu tinha parado de fazê-lo, mas amigos queridos e próximos no trabalho sempre me davam força pra retomar as histórias e acabei retornando com o trabalho. Devo todas as curtidas na rede social a eles. 
Udigrudi: Há muitas influências de diversos personagens das histórias em quadrinhos na criação do Doutrinador, quais você poderia citar diretamente que escolheu para “montar” esse personagem? Quais as suas principais influências? Que obras dos quadrinhos formaram o caráter do Doutrinador?
Luciano: Olha, eu leio quadrinhos desde que me alfabetizei, então acho que ele é fruto de tantas influências que é impossível apontar uma só. Agora, é inegável que quase tudo me remete a Frank Miller, o cara que mudou as HQs com Cavaleiro das Trevas. Já disse isso antes, a única originalidade do Doutrinador é que ele é brasileiro, o resto são montes de clichês de quadrinhos e filmes. Eu não vejo nenhum problema nisso, se alguém achar também não me importo, eu só quero sentir prazer em desenhar, mais nada.
Udigrudi: É você quem desenha, colore, arte-finaliza e faz o roteiro que é publicado semanalmente na página?
Luciano: Tudo. Sou eu que bato o escanteio e vou pra área cabecear.
Udigrudi: É visível o teor de crítica social presente nas publicações. Que tipo de mensagem
o Doutrinador, ou seu criador, querem passar?
Luciano: É só uma catarse, é uma válvula de escape pra colocar minha revolta no papel. As pessoas ficam discutindo na web, criando questões antropológicas, ideológicas, psicológicas em volta do personagem… eu acho todos que fazem isso um saco, é só uma história em quadrinhos, gente! Se vai influenciar as pessoas a pensar um pouco mais, ótimo, mas as pessoas que curtem já são mais politizadas e intelectualizadas… Se o personagem provocasse alguma mudança no povão mesmo, aí eu seria o homem mais feliz do mundo! 

Udigrudi: Você acha que as pessoas podem acabar interpretando errado a mensagem dos quadrinhos, defendendo o discurso da pura violência, em algum momento?
Luciano: Alguns já fazem isso, mas são muito poucos. Felizmente, a maioria entende que é um personagem de ficção e só.
Udigrudi: Vi uma publicação recente em que você fazia referências a cultura underground, qual o seu envolvimento com o cenário alternativo? Você participou de algum movimento, já foi envolvido com a contra-cultura?
Luciano: Fora Ziraldo e Maurício de Sousa, qualquer um que faz quadrinhos no Brasil é underground. Também gosto de heavy metal… Tem coisa mais undergound que isso no Brasil: metal e quadrinhos? Risos.
Udigrudi: Falando em internet, qual a importância dessa ferramenta no processo de divulgação deste tipo de trabalho? Você acha que é o caminho para outras publicações undergrounds?
Luciano: Claro! Eu sou um cara “old school”, existe uma versão impressa do Doutrinador, eu queria era vê-lo num gibi, ter o gibi em mãos… Eu enviei à várias editoras no passado e todas gostavam mas me diziam que não iam publicar temendo processos por parte dos políticos. Então, qual a única saída: o velho lema punk “Do it yourself!” Aí o caminho para publicar na internet é o mais natural do mundo, pra todos os artistas alternativos.
Udigrudi: Já pensou em lançar os quadrinhos em algum projeto de crowdfunding para lançar um livro ou algo do tipo? Aposto que os fãs iriam adorar.
Luciano: Pois é, muitos me aconselham isso, mas não sei ainda. Estou pesquisando…
Udigrudi: A internet permite um feedback quase instantâneo junto ao público. Como tem sido lidar com a repercussão dos seus quadrinhos na internet?
Há muitas pessoas que se tornam fãs, mas há os que criticam, como você lida com isso?
Luciano: Alguns irritam pela quantidade de asneiras que falam, mas como são pouquíssimos, eu respiro fundo e sigo em frente. Aprendi que, na verdade, esses caras querem é ficar puxando fundamentos e discussões que não levam a lugar nenhum só pra massagear seus egos, achando-se grandes intelectuais de esquerda… fazer o quê?
Udigrudi: Conte um pouco da sua parceria com a Capa comics, como ela rolou e com tem sido desde que o Doutrinador passou a se destacar mais na internet?
Luciano: Simples, são amigos da Baixada, uns já cascudos, outros começando agora. A gente quer começar uma missão hercúlea de fazer com que o leitor da Baixada, o trabalhador mesmo, que pega o trem e tudo, se veja nas histórias em quadrinhos e não só o Batman em Gotham ou o Homem Aranha em NY. O herói pode estar aqui, do meu lado.
Udigrudi: Quais os projetos futuros para o personagem? Já houveram propostas para publicar oficialmente os quadrinhos?
Luciano: Tem pintado várias propostas, umas completamente estapafúrdias outras bem legais, mas analiso todas com muito carinho.
Udigrudi: Obrigado pela entrevista, Luciano, deixo o espaço para que você mande uma mensagem aos nossos leitores.
Luciano: Quero dizer que o Doutrinador é somente a representação em nanquim e Photoshop daquele momento em que todos assistem ao noticiário e pensam
consigo mesmo: não, isso não pode estar certo, é muita injustiça. Ele é cada um de nós. Obrigado a todos que curtem a página e compartilham a idéia.
Curta a página da Capa Comics e do O Doutrinador no Facebook.
Fonte
Pesquisa Music Reunion

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