segunda-feira, 1 de abril de 2013

Navalha na Carne - Edição # 8 - Tentáculos: Como o White Metal e a politica podem servir ao propósito de charlatões da fé?


O texto de nossa edição nº 8, foi extraído na integra do blog http://shogunidades.blogspot.com.br/ e vai além de todos os  objetivos da coluna 'Navalha na Carne'.
O artigo serve para que nos do Metal Reunion Zine possamos reafirmar que não apoiamos nenhuma manifestação relacionada a música Rock Gospel ou White Metal.
Por Marcos Vinicius Mesquita - Editor do Blog Shogunidades e Colunista do Metal Reunion Zine.

Ser tolerante com quem costuma ser intolerante, não é tolerância. É omissão!

No Brasil nos últimos anos o movimento evangélico tem ganhado força 
politica deixando claro que há um projeto de poder, com participação
cada vez maior na política do país. E estão dispostos a tudo para tornar o pais numa "teocracia" e a legislar direitos civis - de cristãos e não cristãos - com base no seu livro sagrado. Até de negociar asquerosamente com o governo suas posições éticas em troca de benefícios (quem não se lembra do caso Pallocci x Kit Gay? Independente da minha opinião ao tal kit - sou contra - preferindo deixar um corrupto, quase comprovado, sair ileso de investigações em troca da não votação de algo que dificilmente seria aprovado).

Os deputados evangélicos estão mirando cargos em comissões que têm poder de barrar os temas mais sensíveis aos interesses da igreja. Marco Feliciano é só uma parte dos planos (embora para o governo seja apenas uma cortina de fumaça para ocultar seus próprios 'problemas', leia-se: Genoíno, Dirceu e aliados como Maluf). Com toda a pressão que tem ocorrido é provável que Feliciano caía, mas isso em nada mudará a tendência de mais candidatos dessa bancada alcançarem mais cadeiras no futuro e obterem mais poder em comissões e até ministérios.

Para ficar mais claro. Esses Parlamentares têm conquistado assentos em comissões que discutem direitos dos homossexuais (são contra a união civil entre homossexuais e defendem a 'cura gay') e que tratam de temas polêmicos como aborto e drogas, além de liberação de concessões de rádios e de aluguel de horário na TV (quem aqui mora em uma cidade em que no mínimo três das maiores rádios locais estão nas mãos igrejas? Experimente então contabilizar a quantidade de rádios comunitárias, ou piratas, nas mãos de seitas neopentecostais).


E nós?

E nós o que temos com isso? A expansão territorial destas seitas vem aumentando até dentro de nossa comunidade. São várias as igrejas que aceitam bangers, que por algum motivo pessoal fraquejaram na vida (vícios, depressão, problemas familiares) e se entregaram a essas pilantras da fé que estão os convertendo em suas novas ovelha$. É claro que existem suas exceções, mas a regra tem sido o oposto negativo.

A ideia de um rock cristão com intuito de converter e "domesticar" as pessoas me causa aflição. Principalmente vindo de uma crença que historicamente nunca respeitou a liberdade de expressão e em várias passagens da história desrespeitou direitos humanos mais básicos. Assim como suas versões genéricas: Islã, Judaísmo ortodoxo etc...
Como um exemplo atual sobre a noção de liberdade que religiosos costumam ter (um exemplo extremo lógico, mas deve ser levado em conta): No Irã há uma teocracia Islâmica, lá você pode ser preso e em último caso até morto por simplesmente usar uma camisa do Slayer.

O movimento White metal tem crescido nas nossas fuças com o incentivo de algumas denominações neopentecostais e carismáticas; aliado a isso a conivência de produtores mais interessados em lucrar com a bilheteria certa (devido a alta fidelidade deste público). Poucas são as bandas que se recusam a tocar no mesmo palco. - Deixo claro que não defendo censura, sou radicalmente contra isso, todo artista tem o direito de se manifestar e exibir sua arte, porém seria melhor que o fizessem longe do nosso reduto ou pelo menos fizessem seus eventos próprios - O que eu proponho é um boicote, não é preciso sair de casa para ir a porta de uma casa de show protestar contra este estilo, apenas não vá. E se for, que é um direito seu, saiba protestar.

Não sei se os senhores têm acompanhado com clareza a politica nacional, eu imagino que não que não, mas entre nossos deputados, existe um grupo que diga de passagem se dizem pastores de igrejas neopentecostais evangélicas; que entre outros projetos visando os interesses das lideranças dessas igrejas, estão querendo aprovar a todo custo uma lei na qual enquadra os gays como "doentes" e que todos os gays devem ser "tratados", em uma espécie de clinica. Independente do querer ou não do individuo. Isso não e religião, não é amor ao próximo, não é caridade, não é ser patriota contra uma "ditadura gay", isto senhores; é quase nazismo.
É só uma questão de tempo para sermos atacados de alguma forma nos nossos direitos. Eis um exemplo (Clique no link).

Ser tolerante com quem costuma ser intolerante, não é tolerância. É omissão!



Estado Laico? Só em sonho, o artigo 19 da nossa constituição parece que vem sendo ignorado há muito tempo. Até dinheiro público algumas dessas seitas recebem para realizar seus eventos. Não há interesse no combate à corrupção ou o bem do país. Só importam os interesses obscuros das lideranças dessas igrejas.

Enquanto isso, muitos de nós fugimos da politica como o Diabo corre da cruz (perdoem a analogia, mas não resisti). Não se trata apenas de buscar espaço e uma representação. Falo de ter um olhar critico sobre a situação deste país e dos riscos que podemos correr com o aumento de poder dessas seitas. Enquanto nosso governo brinca de fazer socialismo, tenta criar regulação de mídias, faz vistas grossas a concessões públicas para pessoas ligadas à igrejas e mantém partidos declaradamente evangélicos como aliados. Estamos quietos vendo esses grupos crescendo e aos poucos minando direitos e liberdades civis. Já existe um projeto para ser votado que permite a entidades religiosas questionar leis. É só mais um passo.

Essas bancadas ainda são a minoria no congresso, mas podem (e querem) eleger um presidente um dia. Assim como as bandas de White metal são minoria. E eu possivelmente terei a sorte de não viver para ver este país se tornar uma teocracia nem ver o gênero e estilo de vida que tanto amo amordaçado reprimido ou "pacificado". Eu tenho pena das gerações futuras se uma mudança na mentalidade do povo, nós inclusive, não ocorrer logo.



CONFIRA AS OUTRAS EDIÇÕES DO NAVALHA NA CARNE NOS LINKS ABAIXO:

Navalha na Carne - Edição # 7 - Teocracia: Ou acordamos agora ou poderá ser tarde.
http://metalreunionzine.blogspot.com.br/2013/03/navalha-na-carne-edicao-7-teocracia-ou.html



Navalha na Carne - Edição # 6 - União: Utopia ou algo possível?

Navalha na Carne - Edição # 5 - Maturidade e nível intelectual se define pela roupa?
http://metalreunionzine.blogspot.com.br/2013/03/navalha-na-carne-edicao-5-maturidade-e.html

Navalha na Carne - Edição # 4 - "O Facebanger"

Navalha na Carne - Edição # 3 - 100 meias palavras.

Navalha na Carne - Edição # 2 - Considerando uma visão

Navalha na Carne - Edição # 1 - Headbanger: Molde sua mente para a verdadeira guerra




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