quinta-feira, 14 de março de 2013

Left Hand: Thrash na cabeça - Entrevista


Na ativa desde 2008 e desenvolvendo um repertório metálico, técnico e consistente, com influências notórias de ídolos em comum como Pantera, Exodus, Testament e outros importantes do Thrash Metal mundial, a banda Left Hand pouco serve de alusão ao pacato e tranquilo balneário de Barra de São João, distrito de Casimiro de Abreu no interior do Rio de Janeiro. Aquela ideia batida de alguns amigos que se reúnem em torno de um objetivo em comum: fazer um som com muita pegada, funciona muito bem no contexto musical da Left Hand. Com um repertório agressivo e super trabalhado, a banda realizou seu primeiro show em junho daquele mesmo ano de 2008.




Seguiram amadurecendo um conceito inovador dentro do Thrash Metal onde novos elementos são bem vindos e utilizados nas composições, expandindo gradualmente o trabalho. Já são muitos shows realizados na Região dos Lagos onde afirmam que não estão sozinhos e ajudam a fortificar toda uma cena rocker criativa, forte e coesa. Também já se apresentaram pela capital mas têm orgulho de suas origens. O profissionalismo e a dedicação do vocalista Lenhador e do baterista Castor, espécies modernas de "band leaders" são admiráveis. Toda a logística criativa e profissional da banda é estudada pelos dois num primeiro momento e depois debatida com os outros integrantes. Foi com a dupla que eu troquei algumas palavras e aprendi um pouco mais sobre tornar sonhos em realidade.





Porão - Quando pensamos em Barra de São João, o que vêm à mente são praias, paisagens bucólicas, maresia. Como surgiu uma banda thrash tão tradicional nessa região?

Castor - Bom, apesar da paisagem maravilhosa, é o gênero musical que amamos ouvir e tocar, se fôssemos da Groenlândia tocaríamos a mesma coisa (risos).
Curiosamente, o estilo também surgiu num lugar parecido, o ensolarado estado da Califórnia, podemos até dizer que o Thrash é metal praiano! (risos).

Lenhador - EXATO, antes de criarmos a Left Hand criamos o habito de ouvir musica pra caceta, desde bandas mainstream a bandas mais udigrudi, e de todo lugar do mundo. Preferir o thrash metal sempre foi unanime entre nós. No inicio tinhamos uma levada mais grooveada de tendenciosa ao sludge, depois de um tempo adquirimos mais peso e velocidade.

Porão - Há uma cena na região ou se trata de um "cena de apenas uma banda"!?

Castor - Definitivamente há uma cena! Inclusive, uma cena muito interessante! Existem muitas bandas de qualidade tocando Metal, Hardcore e rock em geral.
Temos muitos amigos que participam ativamente na região. Graças a esta cena, que inclusive está crescendo, conhecemos sempre uma galera nova,gente boa tocando som de respeito. É importante notar que a cena daqui se relaciona muito com a do Rio de Janeiro, região serrana, norte fluminense etc.É um grande intercâmbio cultural! Sinto que poderia crescer ainda mais se houvessem mais espaços e canais de comunicação.

Lenhador - SIM, COM CERTEZA EXISTE! A cena aqui da região dos lagos é muito participativa e ativa, tanto bandas, como organizadores e público, acho que por falta de uma divulgação mais certeira orgãos públicos e produtores maiores não tenham ideia do que realmente a cena daqui está passando. Considero que estamos em uma passagem, todas as bandas estão se exigindo cada vez mais, e o público não deixa passar nada em vão. Desde que tenho uns 16 anos vou em todos os shows que posso da região, e hoje acho incrivel que o mesmo está acontecendo com novas geraçōes, já que considero que muito do que tenho hoje foi moldado pelo meio underground. Tento sempre ajudar e incentivar a garotada mais nova a participar da cena, seja organizando eventos, montando bandas novas ou até fazendo fazendo artes gráficas!

Porão - A formação sempre foi a mesma? Quem são a Left Hand?

Lenhador - Bem, apenas eu, Chicano e Castor somos da formação original, passamos por trocas de guitarristas e baixistas, porem no inicio de 2011 Rubens assumiu o baixo, e no final do mesmo ano Rafael assumiu a guitarra. Sempre fomos muito exigentes, e hoje considero que estamos na melhor fase!

Porão - Como foi o processo de composição das músicas? que temas são abordados nas letras? quem as compõe?

Castor - Em geral, as músicas são compostas por mim, Lenhador é o principal responsável pelas letras. Eu começo criando riffs na guitarra e vou montando a estrutura das músicas. Mesmo assim eu levo para meus colegas e todos participam com idéias e sugestões. Esta parte do processo é muito importante porque desta forma a variedade de formações musicais entre os integrantes permite uma riqueza maior de elementos. Considero o Thrash Metal um gênero que me permite uma liberdade muito grande de criação, assim, utilizo nas músicas influências diversas da música pesada.

Lenhador - Gosto de ser bem livre de qualquer assunto na hora de compor as letras, prefiro esperar a musica estar quase pronta, para eu senti-la melhor e escrever com mais liberdade sobre o que ela pede. Logo, umas falam sobre o dia-a-dia, outras falam de valores que eu e a Left Hand temos, outras são conceituais. Cada musica é uma música!

Porão - Como foi a experiência de gravar com o pessoal do Korzus?

Castor - Foi fantástico. Sinto que era um músico antes de gravar lá e agora sou outro. Aprendemos muito com toda aquela experiência que foi compartilhada conosco. Eles foram muito profissionais, mas ao mesmo tempo nos deixaram bastante à vontade. Nos divertimos muito durante o tempo que passamos no Mr. Som. As gravações ficaram incríveis, conhecemos uma galera muito boa e todo o processo nos transformou como músicos e pessoas.

Lenhador - Exatamente, um divisor de aguas para nos, cresci muito ali naqueles 3 finais de semana, meu know-how, tanto de musico como de integrante de banda [existe diferenca] foi a lua! Em sampa conhecemos figuras lendárias underground nacional, e fizemos de tudo para aprender o maximo com elas. Alem disso Pompeu e Heros nos trataram como filhos, minha gratidão pelos dois é imensa.

Porão - É verdade que há algumas participações especiais em algumas faixas? Como se deu isso?

Castor- Sim, o Pompeu cantou na faixa Submission. Eu e Lenhador estávamos lá com o Gui Antonioli (do Tierramystica) e ele nos deu a idéia de convidarmos o Pompeu para cantar numa faixa, porque ele tem tudo a ver com a proposta da banda. Apresentamos a idéia e ele topou, fechamos os detalhes do processo e ficou simplesmente sensacional.

Porão - E quais os planos para a Left Hand no decorrer do ano?

Castor - Em breve lançaremos o EP Scientifical Plague e vamos fazer shows por aí (risos). Além disso, já temos músicas prontas e muitas composições em andamento.

Porão - Quais as bandas novas da região ou de outras partes do Rio com as quais vocês se relacionam e indicariam para os bangers do resto do país e do mundo e quais bandas num contexto geral vocês admiram?

Lenhador - As bandas com que mais "trocamos figurinha" hoje são: Ágona, Valga, Maieuttica, Vingador, Persecuter, Cervical, Incarnum, Protesto Suburbano, Não Conformismo, Anesthesia of Beer e Harmony Hate. Estamos esperando o material do Antes da Guerra, pra entrarem juntos na lista dos "indicados para os bangers do resto do mundo!". As bandas que nunca deixei de ouvir por mais de uma semana são Suicidal Tendencies, Krisiun, Exodus, Testament, Bad Brains, Corrossion of Conformity, Crowbar, Faith no More, Sepultura, Krisiun, Korzus, Claustrotofobia, Endrah, Torture Squad, Violator, Bandanos, Project 46, Worst, Ratos de Porão e mais uma pá de banda boa pra cacete! As ultimas que conheci e que foram pra lista de mais ouvidas são Kverlertak, Baroness e Meshuggah.

Castor - Tem sons que sempre escuto, posso até ficar um tempo sem ouvir mas dependo deles pra sobreviver (risos). São bandas como Black Sabbath, Deep Purple, Exodus, Pantera, Megadeth, Slayer, Ratos de Porão, Anthrax, Suicidal Tendencies, Vio-lence, Sepultura, Exhorder, Entombed, Cathedral, Down, Corrosion Of Conformity, Crowbar, Soilent Green, Napalm Death, Sarcófago, Carcass. Mas estou sempre conhecendo coisas novas e ouço muita música diferente. Ultimamente tenho ouvido bastante Meshuggah, Kvellertak, Injury, Havok, Korzus, Claustrofobia, Prodigy, Opeth. Nosso Estado está fervendo, tem muita banda boa! O movimento de shows da nossa região está fazendo com que ela se torne um grande ponto de encontro entre as bandas locais e a galera de fora, desta forma, fazemos muitas amizades e conhecemos muita gente maneira. Para mim, a cena nacional nunca esteve melhor, são bandas excelentes e de qualidade absurda surgindo todos os dias!

Porão - Essa é livre: passem a mensagem que está engasgada!

Castor – Muito obrigado pela oportunidade de divulgar nosso trampo. São essas redes que permitem que cada vez mais o cenário se fortaleça. A Left Hand está a todo vapor e estamos ansiosos para lançar nosso novo EP e fazer muitos shows. Um grande abraço e muito obrigado!

Lenhador - Bem, então digo que só tenho a agradecer, a você, a Metal Reunion, e toda a galera que nos ajuda divulgando a banda. Nosso som e nossas idéias sempre seriam fadadas ao fracasso ao esquecimento, se não tivessemos tantos amigos nos apoiando, de qualquer forma possivel. Muito obrigado!

Texto e foto e entrevista por Mauricio Porão.


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