quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Savant: Resistência pelo Thrash Metal - Entrevista

Savant é mais uma banda carioca apaixonada por Metal veloz e que está a mais de uma década lidando com oscilações bem naturais para quem vive no underground! Trocamos uma ideia com o fundador, vocalista e guitarrista, Granson's Butcher que nos explanou um pouco da história do grupo e sua resistência dentro do cenário carioca para se manter "vivo" e fazendo aquilo que ama.

Metal Reunion Zine: Faça um breve resumo da história da banda até os dias atuais.
Granson's Butcher: A banda teve inicio de suas atividades em novembro 1995 e na ocasião, o projeto chamava-se Oráculo. Chegamos a realizar alguns shows com esse nome. Em maio de 1999, quando fomos fazer o registro da marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foi constatado que não poderíamos registrar a marca.
Houve uma reunião e daí nasceu à banda Savant.
Em agosto de 1999, começamos as gravações do EP "Portrait of Realitiy". Este material foi produzido por Carlos Lopes (Dorsal Atlântica).
Fizemos alguns shows e houveram mudanças no line up. Foi difícil achar uma formação ideal. Em 2004 gravamos o EP "Evidence Elimination" sob a produção de Sidney Sohn Jr.
Na minha visão, foi o momento que a Savant começou a ganhar visibilidade de fato. Em 2006 começamos as gravações do cd "No Hope" e outubro de 2007 o lançamos.

Metal Reunion Zine: As mudanças de formação acabam atrasando muito a capacidade de a banda avançar. O Savant passou por várias. Como foi lidar com esse problema? Essas mudanças influenciaram na proposta sonora da banda?

Granson's Butcher: Até hoje eu não sei como consegui passar por todas estas mudanças. Muitos amigos precisaram sair da banda por questões pessoais e alguns, tivemos que tirar do projeto, pois não estavam se adequando aos moldes que procurávamos. Não sei de onde tirei forças para ficar sempre reiniciando. Em 2004, achamos uma formação estável que alavancou o nome da banda onde conseguimos abrir shows para bandas importantes como o Krisiun no Espírito Santo. Em 2009, houve uma mudança brusca no line up e alguns momentos que eu quase desisti.
Nunca revelei isso a ninguém e esta a primeira vez que faço isso em público. Fiquei tão mal com tudo que por um ano não comprei um cd de metal, sequer peguei na guitarra para compor ou uma caneta e um papel para escrever. Eu não conseguia. Cheguei a adoecer e me deprimi. Quando fui ver o que estava de errado na minha vida para tantas mazelas aparecerem em sequência, eu vi que estar afastado da música era o motivo. Daí vem à resposta de tudo.
Por que eu sobrevivi as mudanças? Simples, eu faço metal com amor e por isso ainda continuo ao passo que muitos querem ser somente "pop stars" do metal. Metal ainda não paga as minhas contas, mas é essencial para minha vida pessoal e como cidadão.
Sempre que houve mudanças, são novas cabeças que fazem parte do processo e, com isso novas influências. Mesmo assim, os músicos que vieram procuraram se adequar a banda trazendo a sua contribuição. A história de uma banda tem que ser respeitada. Voltamos aos palcos em agosto desse ano de 2012 e acho que o público tem gostado do que viu.

Metal Reunion Zine: Na ordem dos lançamentos da banda, comente que temas são abordados nas composições do Savant e nos dê uma visão geral da mensagem que a banda busca passar com sua música?
Granson's Butcher: A Savant não tem nenhum disco temático até o presente momento. Fazemos crítica à política, crítica a qualquer dogma religioso e aos valores podres e hipócritas da sociedade. A banda busca tratar de assuntos polêmicos e tentar fazer o público ser pensante.



Metal Reunion Zine: O Savant está preparando um novo álbum. O que pode nos contar sobre este novo trabalho?
Granson's Butcher: Sim estamos acabando de gravar as guitarras e estamos a caminho da gravação dos baixos. Aviso: se pensaram que estávamos mortos preparem-se para a resposta. Sobre o novo trabalho posso dizer que será um brinde a insanidade mental e a demência humana. (Risos)

Metal Reunion Zine: Soubemos que você esteve recentemente em Portugal e que lá pôde conhecer um pouco da cena underground portuguesa. Como foi essa experiência? O que lá tem de diferente do Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro? O que é feito lá pelos artistas que poderíamos repetir aqui para melhor a cena?

Granson's Butcher : (Risos), Sim estive em Portugal com a família. Fomos realizar um sonho de minha avó materna: voltar a terra natal dela depois de 75 anos. Eu estava 14 anos sem tirar férias de trabalho e em novembro de 2011 decidimos ir para lá. Procurei me informar sobre shows lá e tive a felicidade de ir ao lançamento da banda Revolution Within e da banda Web. Foi demais fui muito bem recebido pelos gajos. Resumindo o que vi foi união, profissionalismo, pontualidade, ética e respeito. Em minha opinião, são valores básicos para qualquer projeto de trabalho na vida.
As bandas precisam investir nos seus equipamentos, na produção, serem profissionais tanto no que se refere a pontualidade quanto a como se comportar mediante ao público, produtores de evento e imprensa. Por mais que vejamos injustiças temos que ser inteligentes e não perder a nossa razão naquilo que pleiteamos. Por outro lado, os produtores precisam investir em estrutura e tratar os músicos e o público com mais respeito, educação, ética e profissionalismo. O público é um consumidor, portanto, não vai pagar por um show onde as bandas não conseguem demonstrar todo seu talento com um som ruim, não querem pagar por locais sem banheiros limpos e com bares sem boas opções. Porém o público precisa entender que no Brasil há muita banda boa e precisa incentivar as bandas locais pois temos muitos talentos.
Não é possível que em 220 milhões de brasileiros não haja bandas boas e somente as bandas estrangeiras sejam boas. É o que escrevi no artigo e já respondi em outros artigos.
Já tive o desprazer de ver muitas bandas e musicistas talentosos desistirem de "ter" e "ser" banda por falta de oportunidades e respeito vindo dos espaços e organizadores de shows. Já vi muitas vezes o público deixar de pagar R$ 10,00 num ingresso para entrar no evento das bandas autorais brasileiras para ficar bebendo no boteco ao passo que pagam R$ 300,00 para as bandas gingas. Já vi muitas vezes produtores perderem finanças e bens pessoais porque tomaram prejuízos nos eventos que tentaram organizar porque o público não esteve presente.
Sem público na há receita, sem grana não há estrutura, sem locais para tocar e público que apoie as bandas autorais estas acabam se desmotivando e encerrando atividades. Essa equação é simples de resolver, mas depende da boa vontade, união e consciência de todos que integram o metal brasileiro.



Metal Reunion Zine: Além do novo trabalho que está sendo forjado, quais os outros objetivos da banda para 2013?
Granson's Butcher: Primeiro lugar ganhar uma estabilidade dos integrantes da banda. Estamos gravando num novo material e as pessoas que estão no projeto tem a perfeita consciência será apenas um cd e que há muita coisa a ser feita ainda juntos. Segundo objetivo: finalizar e lançar o cd. Estamos atrasados, pedimos desculpas ao público mas houveram uma série de problemas nesse ano que nos impediu de finalizar as gravações. Terceiro objetivo: shows principalmente fora do Estado do Rio de Janeiro mas para tal os produtores precisam querer nos levar até eles. Eu entendo o lado dos produtores nacionais pois o translado interno é caro contudo precisamos de oportunidades para divulgar o nosso trabalho. Estamos dispostos a dialogar.



Metal Reunion Zine: Essa sua viagem para Portugal te deu uma “visão” mais detalhada de como as coisas rolam por lá. Isso te motivou a derrepente excursionar com o Savant pelo velho mundo. Existe algum planejamento futuro para isso?
Granson's Butcher: Pelo menos o meu passaporte europeu eu já tenho e posso entrar na Europa. (risos) Contudo, no momento ainda não temos planejamento para isso por conta dos custos que teremos com o cd. Sabemos que tudo dependerá de como será a aceitação do novo debut por parte da imprensa e principalmente do público. Sendo assim, excursionar no velho mundo sempre será um sonho e estaremos a espera de convites. Precisamos ser realistas no momento, pois sabemos coisas não andam bem por lá no aspecto econômico. Por mais que haja boa vontade e profissionalismo por parte dos produtores de lá, não sabemos se eles teriam grana para esse tipo de investimento com bandas brasileiras mesmo que a diferença entre o euro e real seja grande. Estamos a espera.

Metal Reunion Zine: Agradecemos sua participação e deixe um recado para nossos leitores.

Granson's Butcher: A Savant não está morta. Aos que não gostam de mim e/ou acham que a banda deveria ter acabado vai o recado: em 2013 finalmente lançaremos novo cd. Ainda terão que me aturar e muito, pois faço isso tudo com amor e, quando as coisas são feitas assim, é difícil acabar. Nunca desejei mal a ninguém e quero que todos sejam felizes. Vale ressaltar que durante esses 13 anos e meio de nossa existência da banda, em nenhum órgão da imprensa especializada viram o nome da Savant envolvido em polêmica ou fofocas. Eu não vendo notícias para satisfazer as minhas vaidades. Talvez seja esse o motivo de não gostarem de mim: não me envolvo em fofoca e viadagem. Eu tento fazer uma música honesta e compartilhar com o público quando me dão chance. Só isso! Espero que outros produtores nos convidem para algumas datas. Agradeço ao Metal Reunion pela oportunidade. Responder uma entrevista para headbangers de verdade como vocês e, além disso, amigos é uma honra.



Links:

Entrevista por Chakal.

2 comentários: