A matéria abaixo foi originalmente publicada no site Anaites Records que é editado por nosso colaborador / colunista Hioderman Zartan e está sendo agora re-publicada aqui no Metal Reunion Zine.
Em uma postagem que fiz na rede social FACEBOOK gerou uma conversa ampla onde EU (Zartan) e alguns amigos de longas datas (Alexandre Wotan, Wagner Hammer, Len Mansur e Paulo Henrique do Nascimento) onde começamos a debater e ai surgiu esta interessante entrevista com o amigo “Leon Mansur”, um grande batalhador da cena underground que esta a frente do APOKALYPTIC RAIDS ha mais de uma década e recentemente integra o time do Metalmorphose, uma das lendas da nossa cena brasileira!
Confiram esta interessante e esclarecedora entrevista e sintam um pouco da velha essência do metal fluir em suas mentes!
(ZArtan) – E ai amigo Leon Mansur! Veio, já se passou mais de uma década lutando ao lado APOKALYPTIC RAIDS e levando sempre o mesmo som tosco e direto sem se entregar à “moda”, ou seja, “old school” ate o talo! Desde o inicio esta era a meta da banda?
Leon Mansur:Desde sempre! Começamos mesmo em 1999, mas desde muito antes a minha proposta já estava definida. Tive várias tentativas de bandas desde 1985, e tudo desaguou no que fazemos hoje...
02 (ZArtan) – Sei que você é um grande apreciador de vinis e aproveitando o engancho, quais materiais do APOKALYPTIC RAIDS foram lançados ou re-lançados em formato vinil?
Leon Mansur:Todos os nossos álbuns foram lançados em vinil:
split 7"ep com Gravewurm (2001) pela Iron Bonehead e reprensagem pela Hell Music.
Only Death is Real (2001) pela Dies Irae e reprensagem pela Hell Music.
The Return of The Satanic Rites (2003) pela Dark Sun e reprensagem pela Hell Music em vinil vermelho.
The Third Storm (2005) pela Dark Sun, em vinil azul ou preto, atualmente esgotado.
Vol. 4 - Phonocopia (2010) pela Hell Music.
Um total de 1.000 cópias de cada título foram vendidas em vinil... Hell Music, para quem não sabe é o meu próprio selo.
03 (ZArtan) – Bom amigo Leon Mansur, nossa conversa inicial se deu após um post que fiz numa rede social na qual tivemos a idéia de fazer esta entrevista, aproveito para te perguntar sua opinião sobre:
- Shows beneficentes!
- Shows undergrounds e com participação de bandas whites!
- Postura underground!
Leon Mansur:Quanto a shows beneficentes: é da natureza do ser humano ajudar outros.
Se isso envolve política ou alguma outra sujeira, é outro problema. Eu mesmo sou a favor de "ensinar a pescar" mais do que "dar o peixe". Agora, se o evento é sério, e a instituição séria, não há porque não fazer. Se alguém não acredita em ajudar o ser humano, ajude alguma instituição que cuide de animais. É digno.
Agora, dizer que é contra porque é a favor do mal, é uma grande estupidez.
Deixe que o mais forte sobreviva. Isso não é ideologia, isso é coisa de moleque. E de fanático. Tem muito fanatismo no nosso meio, no mau sentido, infelizmente.
Quanto a shows com participação de bandas white, sou RADICALMENTE CONTRA!!! É um insulto e uma corrupção do meu estilo de vida aceitar este tipo de fanático (neste caso, não do "mal", mas das igrejas). Acho até mesmo ofensivo gastar mais espaço com a questão. Acho de extremo mau gosto manifestações religiosas.
Como se vê, não é um caso de "bem" contra o "mal", mas de inteligência versus ignorância. Essa é a postura que eu defendo. O underground é muito mal compreendido, mas faço a minha parte...
04 (ZArtan) – O que tu acha do retorno do vinil ao Brasil?! – Da tentativa de baixar os custos pra produção do mesmo no Brasil?!
Leon Mansur:Estamos batalhando, mas os custos no Brasil são muito maiores do que se possa imaginar. Nosso país é inviável de cabo a rabo.
Algo que custa 10 euros na Europa aqui se faz por pelo menos o triplo. E o poder aquisitivo do brasileiro não é metade. E isso vale para tudo que se compra.
Mas estamos lutando, mesmo sendo LPs (e bens culturais em geral) artigo de luxo por aqui.
Não é uma questão de pequenos ajustes. Todo o sistema legal e econômico no Brasil inviabiliza a produção. No Brasil quem não quebra é porque sonega e quem paga todos os impostos invariavelmente quebra. Isso cria um estado de coisas em que a corrupção é a regra.
05 (ZArtan) – “Only Death Is Real...” pra mim foi um marco na historia da musica underground, algo insano pra época, ano de 2001, visto que as criticas de foram pesadas de a banda fazer o som calcado no Hallhammer tanto no som quanto no logo. O que você tem a dizer hoje para estes que criticaram a banda (visto que a banda hoje uma das lendas da nossa cena e ainda na ativa ate hoje!)?Leon Mansur:Demoramos muito para "botar a banda na rua". De repente, garotos sem metade do tempo que eu tenho na cena começaram a fazer este tipo de crítica. Onde eles estão agora? Ninguém sabe, ninguém viu. Fazer, e não só falar.sempre fizemos.
Ninguém é obrigado a gostar. Tocamos apenas o que gostaríamos de ouvir. O maior fã do Apokalyptic Raids sou eu mesmo.
Não me considero "lenda" de nada. Apenas sou um cara que tem uma linha mestra e toca o que gosta. Faço isso com muito cuidado, porque envolve toda uma história, toda uma vida. E quem quiser curtir isso é muito bem vindo.
06 (ZArtan) – Alem do APOKALYPTIC RAIDS vocês tem outras bandas/projetos? Quais?
Leon Mansur:Eu (Leon) toco também no Metalmorphose. Estamos fazendo um trabalho legal de reativar esta banda pioneira do metal brasileiro original, em português. Acabamos de lançar um álbum novo, além do catálogo antigo, Ultimatum, Maldição, DVD, etc... Estou trabalhando com o Metalmorphose pela Hell Music também.
O Vinícius Hellpreacher é vocal do Atomic Roar, banda de Metal Punk que conta também com membros do Farscape e já lançou 2 álbuns em LP também por selos gringos, e vem mais por aí. Eu produzi o primeiro álbum deles e os do Farscape também, digamos que bebemos todos nos mesmos bares...
O Márcio Cativeiro toca bateria no Grave Desecrator, que dispensa apresentações, 2 álbuns e 2 turnês lá fora não é pra qualquer um, e também no crust Pós-Sismo, além de ter seu próprio estúdio...
07 (ZArtan) – “Vol. 4 – Phonocopia” foi lançado em 2010 ate entaum não tive mais notícias de materiais novos da banda. Houve algum material lançado durante este tempo seja no Brasil ou seja fora?! Quais?Leon Mansur:É verdade, depois do Vol. 4 não lançamos mais nada. Fizemos turnês, cuidamos de nossas outras bandas, selo, estúdio, e estamos preparando alguns EPs para breve, enquanto vamos compondo material novo e fazendo shows locais.
Eu diria que estamos "arrumando a casa". Estou licenciando nosso material para selos gringos também. A Goat Vomits (Bolivia) lançou nossos 4 álbuns em formato cassete, e a Dead Center (Ucrânia) está lançando por lá em CD.
08 (ZArtan) – Com você definiria o Death Metal na sua vida?! E, a fase atual das, digamos, misturas que estão a fazer com o estilo, incrível já ouvi ate falar de bandas com tanto adjetivos no estilo que parecia mais um monologo, kkk!!!
Leon Mansur:Cara, faz muito tempo que parei de acompanhar os desenvolvimentos modernos do estilo. Por um lado, estou ficando velho mesmo, não fico tanto atrás de novidades. Segundo, 99,9% do que fazem hoje é muito ruim. É minha opinião, quem gosta que vá fundo, mas a minha opinião eu posso ter...
09 (ZArtan) – Only Death is Real complete 11 anos desde seu lançamento official, planejam algo comemorativo para este (que pra mim foi o inicio de tudo na cena Death Metal nacional) valoroso play?!
Leon Mansur:Na verdade já foi feito, comecei o meu selo Hell Music, e estou relançando não só o Only Death is Real como todo o nosso catálogo em vinil, e licenciando para selos de fora.
10 (ZArtan) – Vocês tocaram ao lado do ONSLAGHT em 2009. Como foi o show?! Falo de tocarem ao lado de uma banda já renomada saca, tipo, pra mim seria o encontro de 2 lendas ONSLAGHT x APOKALYPTIC RAIDS!
Leon Mansur:Foi um grande show, e além do que você falou ainda tinha o Wagner Lamounier assistindo, entre outros grandes amigos do Lustful, e outras bandas de BH, e o Carlão na mesa de som, que é das antigas e foi muito bom reencontrá-lo e trabalhando com som.
11 (ZArtan) – E sobre o CD recém lançado do METALMORPHOSE “Máquina dos Sentidos”, o que podes relatar?!
Leon Mansur:O trabalho do Metalmorphose é bem diferente do que eu faço com o Apokalyptic Raids. Na verdade é tudo ao contrário... A pegada, a dinâmica da banda, é tudo diferente na música e fora dela. Só pra ter uma idéia, no AR eu sou o mais velho, tenho idade pra ser pai deles, enquanto no Metalmorphose sou o caçula da banda, todo mundo pra lá dos 40. Mas tem sido bem legal, tenho aprendido muita coisa fora da minha "zona de conforto", e neste processo produzindo mais Metal de qualidade e com uma banda que sou fã, das antigas. O que mais eu posso querer?
12 (ZArtan) – “Ultimatum” qual o valor deste play na sua trajetória musical?!
Leon Mansur:Quando eu era garoto de escola e comecei a ouvir som, os discos que chegavam até nós eram de bandas gringas e inatingíveis. Verdadeiros super-heróis, que nunca poderíamos alcançar. Quando apareceu aquele disco, feito por bandas que tocavam perto da gente, por gente de carne e osso ("um amigo meu conhece o fulano, até já foi na casa dele!") foi a primeira vez que a minha geração pensou que fosse possível ter uma banda. Claro que depois descobrimos que já rolava uma cena, havia por exemplo o disco do Stress rolando, mas o Ultimatum foi o meu primeiro contato. E musicalmente acho um disco importantíssimo, composições únicas, que continuam a ser tocadas com grande aplauso até os dias atuais, 30 anos depois...
13 (ZArtan) – Amigo Leon, creio ser tudo por esta!Agradeço a paciência em responder minhas perguntas e também pela amizade qu e perdura por mais de uma década, hehe!Espaço para algo mais que deseje relatar...!!
Leon Mansur:Obrigado pelo apoio, e pela amizade! Metal sempre!!! Raid-bangers e Metalheads, queremos tocar em cada cidade!!! Entrem em contato!!!
Contatos:E-mail: contact@apokalypticraids.com
Myspace: www.myspace.com/apokalypticraids
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