sábado, 15 de janeiro de 2011

ENTREVISTA: FRESH MEAT

Fresh Meat. Simplesmente Death Metal. Sem frescuras como deve ser. Tomando umas geladas no último final de semana, conversei com o vocalista Bruno Ferreira sobre as novidades e o nosso bate-papo segue aí para os leitores do Metal Reunion Zine. Publicado originalmente em setembro de 2010 no site Recife Metal Law.

Metal Reunion Zine – Saudações Bruno. Para começarmos essa conversa, faça uma apresentação da história, influências, ideologia e objetivos da banda para os leitores do Metal Reunion Zine .
Bruno “Strangleripper” Ferreira – É um grande prazer estar participando dessa entrevista e saudações a todos os Headbangers que estejam lendo. A Fresh Meat teve seu início como uma banda cover de Cannibal Corpse; os covers eram realizados de forma positiva, mas com uma vontade já de fazer algo próprio. Com o tempo, a banda foi buscando evoluir constantemente e vimos que não queríamos mais ‘brincar’ de banda, e resolvemos ter uma proposta séria, com músicas bem trabalhadas; enfim, começamos a investir na banda. As coisas foram crescendo. No ano de 2009 ocorreram mudanças de integrantes, e isso tudo foi atrasando o lançamento do nosso EP, nomeado como “Still I Breath”. Apesar da demora, a realização desse projeto saiu com qualidade acima do esperado, com grandes críticas positivas no Brasil todo. A Fresh Meat é uma ‘salada mista’ do Death Metal - Cannibal Corpse, Decapitated, Morbid Angel, Opeth e entre outros, tem um pouquinho de influência de cada banda em cada música. Hoje em dia nossos sons novos estão na linha do que eu chamo de a ‘nova escola do Death Metal’, com partes bem técnicas, mas deixando tudo bem definido, cadenciado com brutalidade, sempre buscando um som com identidade. As músicas falam sobre acontecimentos que eu presenciei como acidentes, mortes mesmo. Tem algumas letras ‘Gore’, mas são uma ou duas, faz parte, né. A banda está agendando show pelo Brasil inteiro, estamos à disposição dos organizadores na divulgação do EP.

Metal Reunion Zine  – Interessante essa postura de mudar de cover para autoral. Temos exemplos de muitas bandas que adotaram essa postura e tiveram ótimos resultados. Mas me diga, vocês sofrem algum tipo de preconceito por parte de produtores e mesmo outras bandas autorais por esse lance da Fresh Meat ter sido no passado uma banda cover?
Bruno – Já sofremos muito com isso. Hoje em dia estamos tentando burlar isso tudo. Eu não sei bem o que passa na cabeça de outras bandas ou organizadores se pensarem desse jeito. Eu acho que a partir do momento que você mostra seu trabalho e está sendo totalmente honesto com aquilo que você propõe, tem que haver respeito. Preconceito com esse tipo de coisa é tão ridículo de pensar, porque nós somos ainda muitos pequenos e nós temos que se unir, mas infelizmente não é assim que funciona.

Metal Reunion Zine – Já faz alguns anos que estamos presenciando o aparecimento de bandas no cenário Underground brasileiro focadas em vertentes mais extremas do Death Metal como: Brutal Death Gore, PornGore. Inclusive algumas dessas estão tendo destaque internacional. Para o Fresh Meat, ter optado nesse momento em fazer um som focado em Death Metal tradicional não seria remar ‘contra a maré’?
Bruno – Não acho. Death Metal está em alta nesse momento, e se passou por todos esses anos nunca morrerá. Eu respeito todas essas bandas de Porngore, Brutal Death Gore, mas não faz o nosso estilo. A ideologia da Fresh Meat é mostrar sempre uma mensagem. Algumas músicas são só histórias, outras mostram uma mensagem do tipo ‘entenda como quiser’, para refletir. Em minha opinião o que está em alta é o Death Metal técnico, e estamos seguindo essa linha, claro não rotulando, preferimos ser tradicional, mas não há como negar que está um Death Metal bem trabalhado.

Metal Reunion Zine – De forma geral, como tem sido a resposta do público quanto às músicas autorais dessa Demo que a banda disponibilizou no Myspace?
Bruno – Sensacional! Ficamos muito felizes em saber que o pessoal está gostando da nossa banda. Até algumas pessoas de outros países tem mandado mensagens para nós, elogiando a banda. É muito gratificante tudo isso.

Metal Reunion Zine – Fale mais do EP, como foi produzido, quantas faixas o material possui e aproveita ai para explicar os temas que são abordados em cada música desse disco.
Bruno – O EP se chama “Still I Breath” pela simples razão de que muitas pessoas achavam e desejavam que nós iríamos morrer como mais uma banda fracassada, mas nós ainda respiramos, como referência ao título. O EP foi gravado no Pereira Estúdio, situado em Caxias aqui no Rio de Janeiro mesmo. A produção ficou a cargo da Fresh Meat e eu ajudando na parte de como ia ficar as músicas, colocação dos vocais, como seriam os efeitos. O Wallace, que é o técnico de som do estúdio, ajudou na parte de mixagem junto comigo, e a parte de masterização foi ele sozinho que fez. O material possui três faixas, uma intro e duas faixas normais. O ‘track list’ é “Thormoskopianz” - Introdução que veio do guitarrista Djavan, que participou do processo de gravação, mas logo saiu da banda por divergências musicais. Esta introdução ele já tinha em casa feito por ele e um amigo nosso, Cristian. Quando escutei essa musica falei: ‘Caramba, perfeito como introdução!’. Dei uma editada e a conclusão é a Intro que está no EP, com gritos bem malucos e efeitos. “Carbonized Still I Breath” - Primeira música autoral feita para Fresh Meat. Os riffs são todos do “Mancha” (Felipe Nascimento, guitarrista), a letra fala de um acidente de carro que eu vi na Avenida Brasil. Eu estava no ônibus e um carro capotou e começou a pegar fogo, o cara conseguiu sair, mas na letra eu exagero um pouco e falo detalhes de como ele ia sofrer se tivesse ficado lá dentro e não conseguisse sair, por isso o título “Carbonized Still I Breath” (“Carbonizado Eu Ainda Respiro”). “An Invitation To The Bloodfest” - Foi umas das letras que fiz quando eu entrei na Fresh Meat. Na época tinha um pensamento em filmes de terror e ‘gore’, essas coisas, então eu fiz essa letra pensando num lugar cheio de corpos pendurados já em decomposição, uns frescos ainda, e conto detalhes sobre a mente do cara e sobre o estado que está o lugar, e do que ele é capaz, essa letra é bem ‘Gore’, gosto muito dessa música.

Metal Reunion Zine – Você é um cara que sempre vejo em shows Underground, curtindo e ‘trampando’ também. Então, fale um pouco da cena carioca quanto à presença do bangers nos eventos com bandas autorais e apoio de bandas mais antigas as bandas que estão iniciando suas batalhas. Como é isso por ai?
Bruno – Cara essa é uma ótima pergunta. Eu sempre estou em todos os shows, vendo a cena e sempre vejo os organizadores que fazem parte da famosa ‘panelinha’ de bandas. Acho isso uma grande injustiça com o cenário carioca. Temos grandes bandas de Metal Extremo carioca, que possuem qualidade bem acima de muita banda brasileira. Mas os organizadores nos eventos sempre chamam as mesmas bandas. Em minha opinião eu acho isso vergonhoso. Se todos se unissem poderíamos fazer algo muito maior e todos sairiam ganhando, mas não é assim que o sistema do cenário do Rio de Janeiro funciona, infelizmente.
 
Metal Reunion Zine – Agora sendo mais técnico (risos). Como funciona o processo de composição da banda? Todos constroem as músicas juntos ou cada um leva uma ideia já pronta? Quem é o maníaco que tem as viagens insanas para as letras da Fresh Meat?
Bruno – Eu que tenho todas as ideias das letras, com relação as partes melódicas é o guitarrista “Mancha”. No nosso primeiro EP, tivemos outro guitarrista chamado Djavan, que era bastante criativo, tanto que uma das músicas dele está nas nossas novas composições. Como ele saiu da banda, de resto sou eu e o “Mancha” que fazemos as composições mesmo. Ele vem aqui em casa me mostra os riffs, eu solfejo pra ele e se transforma em algo maneiro. As músicas do EP eram músicas antigas, já tocadas em shows nossos, que foram reformuladas para deixar mais brutal, mais atual. Ah! O maníaco de todos sou eu mesmo! (risos)

Metal Reunion Zine – Além da divulgação imediata do EP, quais são os planos da Fresh Meat para o futuro?
Bruno – Pretendemos divulgar ao máximo nosso nome, fazendo shows no Brasil inteiro, venda de merchandising e divulgação no Orkut e Myspace da banda, e sempre mostrar nosso profissionalismo nas apresentações pra mostrar que não estamos de brincadeira. Queremos gravar outro EP também no final do ano, mas por enquanto estamos focalizados mesmo em shows.

Metal Reunion Zine – Valeu mesmo por essa troca de ideias rápida! Mas ainda tem muita estrada pela frente para o Fresh Meat e com certeza vamos conversar muito mais da próxima vez. Fique a vontade para fazer suas considerações finais para os leitores do Recife Metal Law. O espaço é seu. Sucesso e força!
Bruno – Muito obrigado mesmo por essa entrevista, foi um grande prazer! Recife é uma das cidades que mais tem Headbangers fanáticos, portanto espero muito ‘destruir a cidade’ de vocês com nosso Death Metal destruidor! Valeu pela oportunidade. Grande abraço!

Site:


Entrevista por Chakal
Originalmente publicado em

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