O nó da gravata
Por Fabio da Silva Barbosa
O Palhaço
Minduim acabara mais um número. Todos aplaudiram de pé e sua apresentação foi
um sucesso. Ele sempre conseguia levantar a platéia. Ao terminar, foi para seu
quarto/camarim. Pelo caminho era parabenizado pelos colegas de trabalho. O dono
do circo era um dos mais entusiasmados.
- Não vai
se trancar essa noite como faz sempre, heim. Temos de comemorar. Casa lotada
para ver o Palhaço Minduim. Você é um sucesso.
Minduim
retribuiu a todos com o melhor que podia dar naquele momento. Tinha gasto toda
a alegria no picadeiro. Saía das apresentações esgotado, sem energia.
- Merda. –
Murmurou ao fechar a porta e deixar o corpo cair sentado na estreita cama.
Podia ouvir
a animação do público enquanto via os outros espetáculos. Tirou a peruca, o
nariz e olhou para o espelho. Parecia poder ouvir de novo as gargalhadas que
explodiam enquanto se apresentava. Pegou a garrafa em baixo da cama e virou uma
golada que nunca acabava. Fez careta e abaixou a cabeça. Abriu o guarda roupa e
pegou a corda.
- Boa
noite, amiga. Hoje chega de namorar e vamos aos finalmentes.
Pegou o
banquinho que estava ao seu lado e abriu a porta. Saiu, olhou em volta e não
viu movimento por ali. Foi rapidamente para a parte de trás do terreno, antes que
aparecesse alguém. Olhou para a grande árvore que tinha lhe chamado a atenção
desde que chegaram ali. Olhou novamente em volta e começou os preparativos. Fez
tudo o mais rápido possível. Subiu no banquinho, passou a corda pelo pescoço.
- Não faz
isso, Minduim.
A
assistente do mágico gritou, pedindo por ajuda, enquanto corria em sua direção.
Minduim já estava bailando no ar quando ela chegou perto.
- O que é
isso.
-
Segura ele e levanta.
Gritavam os demais chegando, enquanto Minduim sacudia
os pés a balançava o corpo de forma sinistra. Conseguiram tirá-lo de lá.
Colocaram-no deitado no chão. Conforme começou a se restabelecer, o palhaço
chorava. Logo conseguiram entender suas palavras.
-Por que estragaram tudo? Por que tinham de me
atrapalhar.